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Estágio Soviético | Podcast Outras Histórias

Estágio Soviético | Podcast Outras Histórias

Eu vou contar para vocês uma história que se passou na União Soviética quando ainda era a União Soviética né essa história aconteceu em 1986 [Música] Olá eu sou Drauzio Varella e aqui você vai ouvir outras histórias [Música] naquela época nós não tínhamos essa informação que nós temos hoje o mundo

Vivia a Guerra Fria de um lado dos Estados Unidos e outro lado a União Soviética e as notícias do lado de lá que chamavam de cortina de ferro que separaria essas duas grandes potências e as suas influências do lado de lá não vinha informação não havia informação disponível quem é propaganda lá do

Americano e do lado soviético mas você não tinha informações disponíveis eu sempre fiquei naquela época invocado com essa história e dizia olha toda medicina Que Nós aprendemos aqui E que usamos no Brasil é a medicina que vem do lado ocidental principalmente dos Estados Unidos e dos países europeus mas não

Chega nenhuma informação da Medicina Soviética seria muito interessante você ir lá ver porque informação não fluida lá para cá o único jeito era a gente ir até lá na época quem diria a Sociedade Brasileira de cancerologia era um colega baiano chamar Calmon Eu liguei para ele falei Calmon Olha este ano ou naquele

Ano ia ver uma um congresso de cancerologia mundial em Budapeste Então nós vamos estar ali pertinho da União Soviética Será que a gente não consegue fazer um estágio para alguns oncologistas brasileiros para conhecer a medicina Soviética ele achou boa ideia foi na embaixada da União Soviética em Brasília e conseguiu organizar esse

Estágio e nós viajamos para Rússia 20 médicos brasileiros de vários pontos do país era uma coisa muito estranha porque você chegava no aeroporto Quem fazia segurança do aeroporto como agora a gente vê os funcionários ali e tal eram Soldados do exército você passava Primeiro eles olhavam as malas isso hoje

É uma rotina dá uma olhada talvez eles fiscalizem algumas pessoas que desconsiderem suspeitas né mas a maioria vai passando e acabou né naquela época não e de um por um eles iam desfazendo a mala fazendo a maior bagunça levantando as coisas as roupas tudo quando eu

Passei ele foi fazendo essa revista e de repente encontrou uma revista essa revista era uma revista turística aí eu tinha trazido do aeroporto de Copenhagen de avião fez uma escala E aí quando eu vi aquilo eu falei meu Deus que idiotas como é que você pega uma revista e traz

Para um país fechado como reunião Soviética Tá louco meu Porque isso mas era uma revista turística dessas que você pega nos aeroportos ele foi para dentro com a revista e não voltava foi todo mundo indo embora entrando e eu fiquei sozinho ali naquela esteira já

Achando que ia ser preso que sei lá o que acontecer e essa é acusado de traição de para prática sei que inferno fiquei um momento tenso ali bem intenso aí ele voltou me devolveu a revista e eu pude passar mas tarde eu percebi que ele tinha tirado as duas folhas centrais da

Revista e o que eram essas folhas centrais era uma cena dessa num palco com bailarinas dançando e com seios de fora e ele roubou essa parte central provavelmente para ele mesmo né Muito bem entramos foi um pro hotel todos juntos né num ônibus quando chegar no hotel apareceu um bando de mulheres como

As roupas que eram roupas dos anos 1950 no Brasil umas saias de organi que é um tecido que acho que ninguém mais conhece era uma armada assim arredondadas e elas tinha uma escape assim no rosto uma coisa avermelhada forte parece um PA uma boca vermelha pintada por fora eu fiquei olhando

Aquelas mulheres entrando foi meu Deus que é isso uma chegou perto de mim quando tava na fila e meia Ipê e a vodka ela falou não em alguma coisa que parecia em inglês eu não consegui compreender fiz ela repeti quando ela repetiu Eu agradeci e entendi que aquelas mulheres eram mulheres de

Programa Bom chegamos lá entregamos os passaportes só que eles aprendiam seu passaporte Você entrava no país mas o hotel tinha os passaportes de todo mundo e você ganhava um cartão do hotel dizendo que você estava naquele hotel e que você podia fazer as refeições ali mas só ali porque não

Havia restaurante E se você fosse a um outro hotel uma vez eu tentei para variar um pouco porque a comida era muito monótona você não podia não você não pode ir ao restaurante aqui você tem que ir em tal um controle Total acompanhava o nosso grupo um tradutor falava português um português de

Portugal e um outro que falava português também com sotaque muito forte e que um dia ele bebeu muito e eu fui conversando com ele me confessou que era um agente da KGB encarregado de acompanhar os grupos turísticos e aquela noite que ele confessou ser um agente da kgv Ele me

Disse que aquelas mulheres que tinham nos abordados na chegada eram todas controladas pela KGB elas pagavam um pedágio para KGB e ele era o encarregado de receber esse dinheiro para o serviço secreto soviético na época né Muito bem no dia seguinte veio um ônibus e nos levou para o hospital Nós entramos no

Hospital e a primeira coisa que me chamou atenção foi uma geringonça eu anfiteatro daqueles como é na faculdade de medicina onde eu estudei aqui em São Paulo era uma teatro em escadas assim né as cadeiras em fileiradas que vão subindo subindo até a parte final e no meio do anfiteatro tinha essa geringonça

Que de um metro e tanto de altura e que será isso que aparelho para que serve isso né E todos os outros também ficaram olhando aquilo e aí um colega falou é um projetor de slides falei como projetor de slides eles não olha aqui tem uma lente aqui embaixo aquela época projetor

De slides aqui no Brasil nos Estados Unidos em todos os lugares era aqueles de Carrossel que você põe os slides ele ia rodando enviando os slides e ali tinha aquele projetor e até achei legal falei pô os cara guardam aí uma relíquia dessa né Deve ter sido o primeiro

Projetor de slides da União Soviética aí fui sentei assim à esquerda do anfiteatro lá embaixo ali sentados pessoas conversando e tal e de repente eu vejo vindo pelo corredor um grupo esquisito na frente vinha um cara com um bigode que não era um bigode completo nem era o bigode do Hitler ele

Ficava na metade do caminho e usava uma avental que fechava no pescoço aqui em cima bem alto quase no queixo e o avental ia até o chão até o tornozelo dele Vinha vindo ali e o que mais me chamou atenção um chapéu de pizzaiolo não é força de expressão era o chapéu de

Pizza igualzinho você vê ainda em algumas pizzarias e atrás dele um grupo de outros vestidos exatamente da mesma maneira o avental que fechava no queixo e até o chão e o chapéu de pizzaiolo eu achei que era um grupo que ia fazer uma performance ali na frente no teatro

Achei um pouco estranho aquilo né Foi bom mas vai ver que estão querendo fazer uma performance de boas-vindas e eles entraram quando eles entraram causou uma certa comoção na sala né mas entraram o que estava na frente o do Bigode foi para trás da mesa e os outros sentaram

Na primeira fileira eram os médicos do departamento de Clínica Médica do Instituto Nacional do câncer que era onde a gente estava ele se orgulhavam dizendo que esse Instituto Nacional tinha sido construído com um dia de trabalho de todos os cidadãos da União Soviética muito bem aí ele começa assim

Que ele começa a falar Eles meia Head the first Life please E aí quem entrou em cena o projetor que eu achei que era uma relíquia acendeu a luz entrou aquele projetor e aí projetou lá de já no primeiro slide tinha umas máquinas escrevendo antigamente que quando ia

Fita ia ficando velha Ela batia o ar ou o ó e a parte central ficava meio borrada falei não que é isso é possível era o projetor era aquele projetor que eles usavam e aí esse professor começou a apresentar os trabalhos que eles faziam a linha de frente das pesquisas conduzidas no

Instituto nacional ele é aquilo falei meu Deus do céu eram coisas que a gente ia fazer no Brasil havia anos era uma medicina muito atrasada que ele tava apresentando como se fosse um grande avanço da Medicina Soviética e eu fiquei pensando nós vamos passar três semanas

Aqui fazendo um estágio e o que que a gente vai aprender nesse lugar né Acho que vai aprender um pouco como é a medicina feita nos países socialistas da União Soviética Aí terminou a aula o professor disse vamos agora dirigir a sala ao lado para fazer uma recepção para os colegas

Brasileiros tudo isso que eu tô falando assim era difícil de entender Demorou ficavam olhando para o outro para ver se entendido do que se tratava E aí passamos para essa sala do lado era uma sala que tinha uns armários na parede e tinha uma mesa comprida e numa das

Paredes no final da mesa tinha uma um busto do lênin já criava um clima assim na sala e aí o professor falou depois os colegas me pediram para falar umas palavras eu falei também agradecendo a hospitalidade e aí o professor disse Let’s Have a Dream eram 9 horas da manhã

9 horas da manhã tomar um drink dentro de um hospital eu falei minha nossa senhora a gente veio parar aí os médicos soviéticos rapidamente levantaram abriram os armários e tiraram acho que quatro cinco seis garrafas de vodka de dentro do armário nenhuma gelada e Puxaram os copos esse copo americano né

De risquinho que tem aquele risco central e puseram sobre a mesa assim eles eram sei lá uns 10 15 talvez mais nós éramos uns 20 tá aquele monte de copo e eles foram enchendo de vodka eu reparei até acima do risquinho todos os corpos nenhum ficou abaixo do risquinho

Eu peguei o meu copo aí brindamos eu fingi que bebia e tinha uma pia na eu fui chegando perto da pia e fui jogando vodka lá aos poucos outros colegas Brasil tomavam um golinho fingiam que tomava e põe em cima da mesa os nossos colegas soviéticos tomavam de gole assim

Tomavam metade da dose num gole só e a segunda metade em seguida como muita gente ia largando o copo em cima da mesa fingindo que tinha tomado eles dava uma de migué assim pegava o copo deles e vazio Punho do lado daquele falavam não

Sei falava em russo com a gente né E aí depois eles pegava e se enganavam em vez de pegar o copo vazio e pegava o copo cheio e bebia E aí ficou um ambiente de festa eles Riam eles falavam poucos falavam em inglês porque você para estudar inglês na União Soviética

Daquele tempo você tinha que ter autorização do Partido Comunista se o partido não autorizasse você não vai aparecer falando em inglês que você seria acusado de suspeito de traição então eles falaram com a gente em Russo e os colegas respondia em português que já que era para não se entender mesmo

Então que fosse assim né Aí terminou depois de algum tempo Acho que uma hora sei lá duas horas não sei quanto tempo nós chegamos ali naquele ambiente e eles saíram felizes para atender os doentes no ambulatório assim terminou esse primeiro dia na União Soviética [Música] [Aplausos] semanalmente estarei aqui para contar outras histórias

A trilha sonora foi feita pela insonores e a produção é da Júpiter conteúdo em movimento [Música]

Fonte





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