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Maré: O tráfico | Podcast Outras Histórias

Maré: O tráfico | Podcast Outras Histórias

o Olá esse é o quinto podcast que eu falo sobre uma experiência que eu tive na Favela da Maré no Rio de Janeiro a convite do coreógrafo Ivaldo bertazzo que fez um espetáculo de dança das do espetáculo ótimo apresentado nas unidades do SESC e ele me pediu para fazer o texto e eu então fui muitas vezes a favela conheci os meninos meninas bailarinas que não participar de espetáculos famílias e vários deles e andei muito pela favela escoltados sempre por pessoas do local porque favela é dominada pelo tráfico com a maioria das favelas no Rio de Janeiro e de um modo geral Brasil todo né E aí eu escrevi esse texto relatando Essa realidade que eu chamei de em voz baixa E aí o Olá eu sou Drauzio Varella e aqui você vai ouvir outras histórias e maior ou menor grau o medo permeia todas as comunidades da maré não é o medo de ser assaltado na esquina de ter a casa invadida por ladrões como que assusta os moradores de bairros de classe média na grande favela Maré tem 140 mil habitantes São muito raros os crimes desse tipo lá o que apavora as mulheres os homens e as Crianças é a guerra permanente entre as quadrilhas de jovens envolvidos no comércio de drogas ilícitas o tráfico como a instituição é conhecida por todos nome pronunciado em tom de voz mais baixo nas conversas de rua uma senhora disse para mim isso aqui seria o paraíso da Paz se não fosse o tráfico talvez haja benevolência a visão Dessa senhora nordestina que tava sentada na porta de uma vendinha ao lado de uma babaca com peças de Carnes expostas e meio Leitão pendurado em um gancho sem os traficantes por perto Quem proibiu os assaltos quem executaria sumariamente os que usassem desobedecer às ordens de não roubar no bairro é o tráfico que faz esse controle e um lado grande número de usuários com o cérebro doentiamente dependente de cocaína dispostos a tudo para conseguir do outro Comerciantes ávidos para expandir seus negócios entre os dois grupos a polícia mal Paga o meu outras favelas no Complexo da Maré Complexo da Maré são várias favelas são 17 comunidades estão reunidos esses ingredientes clássicos que servem de sustentação ao comércio de drogas ilícitas sociedade uma missa consumidores cativos traficantes gananciosos policiais que e não entre o heroísmo combativo e a corrupção passiva tornar o tráfico nas áreas mais pobres das cidades grandes do Brasil um problema insolúvel o volume de recursos financeiros mobilizados pelo tráfico de drogas na maré é provavelmente maior do que a soma de todas as atividades comerciais e industriais na região a polícia carioca estima que sejam comercializadas duas toneladas de cocaína por mês na Cidade do Rio de Janeiro desse Total 35% o que equivale a mais ou menos 700 kg são vendidos apenas nas favelas da Rocinha e da Maré as campeãs de venda as duas maiores favelas do Rio de Janeiro a legalidade EA possibilidade de lucros colossais fizeram do tráfico de drogas a expressão máxima do capitalismo selvagem os pontos de venda São disputados a bala morre por morro e ela por Viela Beco beco e o traçado Urbano das favelas é um aliado natural oferece aos exércitos de traficantes possibilidade de defesa semelhante a dos labirintos de casebres dos jagunços no Arraial de Canudos inexpugnável aos ataques astutos opas federais daquele tempo a influência dos traficantes se faz sentir até no traçado urbanístico das áreas novas da favela o rapaz que conhecia bem essa região morava lá desde que nasceu isso para mim ó o pessoal do movimento não deixa a construir um conjunto Novo só com ruas retas largas onde passa automóvel que não tenha becos e vielas para fugir em caso de ataque a necessidade de proteger os pontos de venda das ambições expansionistas dos concorrentes forjou os traficantes a investir na formação de uma guarda pretoriana em armamento pesado eles dizem no mundo do crime arma o que dizem também que contra a força não existe argumento os moradores contam que os chefes de 20 anos atrás não admitiu menores de idade em suas tropas as leis que enquadraram o tráfico de drogas na categoria dos crimes hediondos portanto sujeito a Penas mais pesadas paradoxalmente e encarecer na mão de obra adulta e abriram espaço para contratação de menores empregados mais baratos e Destemidos para defender os interesses dos seus patrões no lugar cheio de crianças com a maré mão de obra infantil é o que não falta é fácil ver nos à noite e mesmo a luz do dia meninos sem barba ainda um grupos carregando metralhadoras desproporcionais ao tamanho do corpo rondando pistolas automáticas no dedo modernas como fazer uns cowboys do velho oeste americano como disse a Dona Amélia uma senhora mãe de três filhos e cinco netos adolescentes e eles que acende a vela para Nossa Senhora da Aparecida proteger os filhos e os netos ela diz assim a garotada prefere ganhar r$ 250 por semana na época no tráfico a ganhar isso no mês de trabalho decente judiação tão pequenos nessa vida r$ 250 nessa época seja pelo menos o dobro hoje além das perspectivas financeiras os menores são atraídos pelo poder que os traficantes exerce sobre a população se manda o comércio cerrar as portas e demonstração de luto pela morte de um deles se decreta toque de recolher à noite o decide interromper as aulas naquele dia ninguém ousa contra Aliados como eles dizem a gente nem imagina o que aconteceria se alguém desobedecesse porque isso nunca aconteceu e para meninas escolaridade baixa e sem perspectiva de uma vida melhor o tráfico garante respeitabilidade proteção do grupo e acesso a bens de consumo a vida do chefes com suas motos mulheres à vontade roupas de grife e armas importadas desperta a curiosidade EA admiração dos Adolescentes um dos meninos do nosso grupo de dança perguntou para uma menina sobre o baile funk da véspera Você viu o cordão no pescoço do fulano no baile de ontem lindo ela respondeu com aquele tigre de olho brilhante pendurado no peito Quanto custou 17.000 respondeu seria o dobro Hoje nossa que caro é grosso Ouro Puro com brilhante em cada olho do tigre um dia eu vou ter um cordão desse para aparecer no baile só que o meu vai ter uma coruja pendurada e custa mais barato 12 mil respondeu menina ao contrário da Rocinha e de outros morros e que os traficantes evitam confrontos violentos na Maré atuam duas facções de inimigos Mortais que trocam tiros quase diariamente Os territórios de cada uma dessas duas facções é bem definidos um lado está sob jurisdição do terceiro comando outro obedece a jurisdição do Comando Vermelho a fronteira que separa as ruas iluminadas pelas duas facções de um lado e de outro elas estão pichadas com as iniciais CV ou TC para deixar claro os limites que os moradores devem respeitar quando morre um membro de uma das facções as portas do Comércio São fechadas de um lado só em frente às lojas ficam funcionando normalmente no dia da vingança a situação se inverte a desconfiança mútua é extrema mas habitantes dos locais controlados por um as ações que são considerados Espiões em potencial os domínios da outra a suspensão força trabalhadores e estudantes a percorrer longos e itinerários para desviar do território inimigo uma precaução justificada as batalhas travadas e quase todos os dias enchem de cicatrizes as paredes janelas e postes em ruas próximas à Fronteira sempre estão fechadas e as vezes emparedados mesmo numa as áreas de alto risco muitas dessas casas foram obrigadas a lacrar com tijolos as paredes da fachada para proteger os moradores das balas perdidas vários armazéns abandonados comportas esburacadas por tiros de diversos calibres são testemunhas da razão que afugentou os seus proprietários do tempo em que só os mais velhos chegavam as posições e mando havia mais diálogo entre os grupos e tendências a solucionar conflitos através da negociação a morte EA prisão da geração mais velha resultaram na redução da faixa etária dos Soldados do tráfico e colaboraram decisivamente para o aumento da violência Seu Mário o senhor de cabeça branca que passou a infância atrás de caranguejos nos manguezais da maré no tempo em que os habitantes viviam sobre palafitas é testemunha ocular da evolução da violência na comunidade ele disse naquele tempo e só que era um sossego o máximo que acontecia era dois malandros brigaram por causa de mulher depois veio a maconha e tudo continuou mais ou menos na mesma a desgraça foi chegada da cocaína droga do diabo que onde chega só trás de ilusão cobiça escravidão e guerra Há a possibilidade de interromper um tiroteio a qualquer momento espalha o medo de casa em casa ninguém fica imune a realidade das ruas o rapaz me disse o clima tá tenso entre os traficantes minha mãe proíbe a gente de pôr os pés para fora de casa e obriga a passar baixado na frente da janela da sala se a noite começa o tiroteio atira a gente da cama e faz deitado num tapetinho encostado na parede a sombra do tráfico paira onipresente sobre a comunidade ameaça não é teórica simples fruto da Imaginação coletiva é viva está à mostra nos grupos que se reúnem na viela os meninos que guarnecem os postos com fuzis ostensivamente Sem demonstrar preocupação com os transeuntes está presente nas rondas dos carros de polícia que passam com as portas abertas e os PMs debruçados para fora delas tô indo armas pesadas prontas para atirar [Música] semanalmente estarei aqui para contar outras histórias o e a trilha sonora foi feita pela in sonoris e a produção é da Júpiter conteúdo em movimento e [Música]

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