Era um domingo bem cedo, mas as ruas do Rio já estavam tomadas por milhares de pessoas ansiosas para ver o famoso dirigível grafis Apelim cruzando o céu. Muita gente tinha passado a noite em claro, sem saber que horas aquela maravilha da aviação comercial no começo do século XX ia surgir sobrevoando a Barra da Baia de Guanabara. às 6:30 da manhã daquele dia 25 de maio de 1930, há 95 anos, o gigante de alumínio com 236 m de comprimento apareceu no horizonte e foi pousar no campo dos Afonsos em Santa Cruz. Tava inaugurada a primeira rota aérea de passageiros entre o Brasil e a Europa, o que levou a imprensa do país a decretar a chegada da modernidade. Vamos resgatar essa [Música] história. Em 1930, os dirigíveis eram um símbolo do progresso tecnológico e de uma nova era da aviação comercial. Eles começaram a ser construídos no século XIX e foram as primeiras aeronaves motorizadas do mundo. O brasileiro Santos Dumon, considerado pai da aviação, chegou a desenvolver dirigíveis antes de desenhar os seus primeiros aviões. Na Primeira Guerra Mundial, os dirigíveis foram usados como bombardeiros e os alemães tinham do lado deles os poderosos zepelins fabricados pelo conde Ferdinan Von Zepelin. Depois do conflito, os Zepelins reinaram na aviação comercial. O luxuoso modelo Graf Zepelin ganhou os céus pela primeira vez em 1928. Em 1929 realizou um voo ao redor do mundo em 21 dias. O gráfice se deslocava a 110 km/h, levando apenas 20 passageiros e 36 tripulantes. Era coisa pra gente rica. Uma passagem só de ida custava o equivalente a 8.000 em valores atuais. A estrutura tinha uma carcaça de alumínio com 60 balões de gás no interior, além de cinco motores de 12 cilindros. Na área dos passageiros havia suítes, sala de estar e de jantar. Era um hotel voador. A primeira viagem do Zé Pelin pra América do Sul começou na Alemanha no dia 18 de maio de 1930. De lá, o dirigível cruzou o Atlântico em três dias até pousar no Recife, no dia 22, onde foi recebido com muita festa. Enquanto isso, os jornais do Rio tentavam saber a que horas do dia 25 a grande atração surgeria na cidade. Na dúvida, muita gente ficou acordada na rua a noite toda esperando a baleia prateada aparecer no céu. De acordo com o jornal Globo da Época, o padeiro português José Pinheiro estava esperando o Zapelin sentado no antigo cai do mercado, no centro do Rio, mas pegou no sono e caiu no mar da baía de Guanabara. Só não morreu afogado porque foi salvo por outros homens. O jornal também contou que antes de chegar no Rio, o Zé Pelin sobrevoou o navio que levava pros Estados Unidos o advogado paulista Júlio Prestes. Ele tinha acabado de ser declarado presidente eleito do Brasil, mas não chegaria a tomar posse por causa da revolução de 1930 que colocou Getúlio Vargas do poder. Milhares de pessoas foram pra Orla esperar o Zé Pelin, mas muita gente preferiu ficar nas áreas mais altas do rio, como Santa Teresa e o Morro de São Januário. Quando ele chegou, a cidade explodiu em gritos e palmas. Crianças corriam nas ruas para não perder o dirigível de vista. O grafiselin cruzou a orla até o campo dos Afonsos em Santa Cruz. A aterriçagem daquele tipo de aeronave era um espetáculo à parte que começava com a aproximação do dirigível do chão. Aí então cordas eram lançadas lá do alto para serem amarradas na plataforma e até 150 homens começavam a puxar a aeronave de 67 toneladas até o sol. Os passageiros só desciam quando o Zé Pelin estava todo amarrado e devidamente estabilizado. O graf Zé Pelin fez 64 viagens pro Brasil e um hangar foi construído em Santa Cruz para brigar o dirigível. Mas não ficou muito tempo em funcionamento. Em 1937, o dirigível Hidenburg, ainda mais colossal do que o grafispelin, sofreu um desastre durante uma aterrçagem em Nova Jerscey e 36 pessoas morreram. Aquela tragédia marcou o fim da era dos dirigíveis na aviação. Você gostou do vídeo? Então, curte, comenta e compartilha. Não deixa de visitar o site do Acervo Globo para pesquisar páginas do jornal sobre essa e outras histórias incríveis. [Música]
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