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ELAPod #2 – Fernanda Abreu

ELAPod #2 – Fernanda Abreu

e ainda fico esperando o dia que eu não vou ficar tão lubrificada ou que eu vou ter que não sei que ainda não apareceu mas eu sei que vai aparecer ah me fingindo de morta quando o assunto é né ou aborto ou drogas ou política ou não eu falo todas as coisas que eu acho Olá bem-vindos a mais do ela pode o podcast da revista ela do Jornal Globo publicação feminina de maior circulação do país e a única semanal eu sou Marina caruzo Editora chefe da ela e eu vou est aqui com vocês sempre que a agenda da revista e de convidadas tão especiais como a de hoje permitir ela tem 62 anos de idade 34 de carreira solo nove álbuns dois DVDs duas filhas lindas o título de rainha do pop nacional e um Swing Sangue Bom a prova do tempo eu tô falando Claro da Fernanda Abreu muito obrigada querid obrigada pelo convite um prazer enorme tá aqui eu sou muito fã da ela ahi que delícia V Eu que agradeço a mais com a tua agenda super corrida eu sei que daqui a pouco você vai estar em Miami não é dia 31 tem show lá e você chegou de Portugal tem dois meses então Imagino que essa agenda também seja uma loucura bom vou começar pedindo pra gente pensar um pouco sobre o que representa né No ano que vem o álbum da lata tá completando três seis décadas foi quando você levou esse swing samba funk para fora do Brasil né E agora você tá indo de novo fazer um show fora Olhando em retrospecto assim como foi lá atrás conquistar esse espaço de levar essa batida para fora e como é hoje ela recebida lá Olha foi Foi incrível porque a história do da lata eh chegar na Europa foi muito inusitada eu tinha acabado de fazer o disco E aí levei o disco presidente da gravadora e o presidente da gravadora falou olha esse disco aqui no Brasil não vai dar em nada porque enquanto era 95 enquanto o Lulu Santos tá com sucesso enorme naquele disco assim que a minha humanidade todo mundo com uma referência dançante disco você tá fazendo um um disco de samba falei não não é um disco de samba é um disco de afirmação dessa linguagem da mistura do Samba e do funk que é a minha linguagem que é o Rio de Janeiro e que eu e que eu tô investindo agora não não eu vou te apresentar o dono de um selo na França e esse chama to records E aí o Bruno bouet que era o dono desse selo lançou meu disco da lata lá e foi um sucesso enorme porque eu acho que era um um um um disco que tinha uma pegada uma linguagem pop mas tinha um acento muito Brasileiro né você tinha ali misturas de instrumentos de bumbo caixa com cuica com tamborim misturado com guitarra e Scratch então era um disco que caiu muito bem naquela época né meus amigos iam para fora e falara Fernanda você está aqui na loja de disco tinha loja de disco ainda nossa um sucesso aí eu passei a fazer todos os anos a partir de 95 lançar meus discos lá fora e especialmente fazer Muitos shows né nos festivais de verão da França foi para Holanda Inglaterra Espanha Portugal Alemanha Bélgica e fiquei rodando ali nesses né cada disco que eu lançava fazia uma turnê ia para lá então foi foi bacana E aí eu parei um pouco ali em mais ou menos 2006 por aí eh porque minha mãe entrou em coma e eu também e meu casamento também E aí eu acabei me separando então foi um período em que eu quis ficar um pouco mais aqui no Brasil e aí de uns TRS anos para cá eu voltei a a meus olhos novamente para fora e aí comecei indo para Portugal depois Chile depois fui paraos Estados Unidos e aí eu acho que o show é é o grande nosso grande né cartão de visita assim quando você faz um show legal os contratantes sempre voltam a te te chamar aproveita para fazer o merchand desse Show onde vai ser então é esse show vai ser no faz parte do programa no festival de cinema chamado infinito festival de cinema em Miami no dia 31 de agosto num lugar chamado Band Shell um lugar super legal um Palco lindo um lugar lindo ao ar livre e e é isso aí todo mundo lá Maravilha enquanto você ia falando eu me lembrei do caso de uma atleta uma corredora brasileira Flávia Maria de Lima que foi acusada pelo ex-marido de abandono parental porque ela não só treinava muito viajava mas para ir para Paris pros jogos para poder competir e eu fiquei pensando no quanto claro que certamente viajei muito menos que você mas no quanto o meu marido foi sabe me apoiou nessa e minha mãe enfim a gente vai criando redes de de apoio né E aí por isso que eu te interrompi aqui para entender como é que você foi transando isso na sua cabeça mesmo de deixar as crianças de vai volta quanto se teve algum momento em que você fala ah Será que eu preciso prescindir desse sucesso agora ou não como é que foi isso ah é muito difícil acho que a gente a minha geração então acho que viveu muita pressão né Não só a minha geração pelo que você tá falando agora esse marido né que eu se fosse ela já teria dando tchau assim ó querido porque assim e o que a gente precisa trabalhar não só precisa a gente quer trabalhar a gente quer e eh mostrar a que veio né pra sociedade é claro que as mulheres têm o direito de cedular se elas quiserem e tal mas eh eu acho cada vez menos né cada vez mais a gente tá buscando com que as mulheres consigam Ter suas profissões com que os homens consigam ter esse lado né do homem do Lar também né dividindo essa tarefa E aí eu acho que quando tiver isso de uma maneira mais Qualitá equitativa não sei como é que é a palavra eu acho que essa vai diminuir os homens vão entender eh também a nossa culpa né a nossa porque a gente tem gente eu acho que a gente que que acontece quando você é mãe pela primeira vez você quer acertar o tempo inteiro você faz muito esforço para acertar porque é uma missão muito Nobre educar alguém botar alguém no mundo e educar essa pessoa então é um negócio que é uma tarefa bem acho que uma das mais complicadas da vida eu acho muito mais do que fazer um disco do que fazer um show do que faz montar uma peça do que fazer um filme é realmente você tá ali presente vendo aquele ser humano crescer e na verdade na minha concepção a minha ideia sempre foi tentar dar para minhas filhas um mínimo de segurança psicológica física e afetiva para que elas voem né Para que elas possam voar na vida delas com uma certa segurança de valores assim que eu acho importante porque é isso sou a aí aquela coisa mas mãe por que que não sei que se todo mundo você não é todo mundo mas se todas as mães Eu não sou todas as mães isso tem sempre aqui como você acha que era para elas ser filha da Fernanda Abreu Ah para elas sempre foi muito claro a Sofia desde pequena ela sempre pediu para não sair em foto para não sair nas revistas para não sempre foi assim mãe eu sempre entendi como uma coisa olha a sua profissão é sua profissão e você é minha mãe então não tinha e eu também sempre pensei isso falei não quero ficar levando a Sofia ou influenciando para ela ter uma carreira artística ou para ela ficar nos Bastidores comigo ela vai se ela quiser mas eu não vou ficar muito impondo para não ficar aquela coisa vivir a vida de mamãe né E a minha vida mesmo onde é que foi parar mas aquela coisa do constrangimento em porta de escola a minha mãe vem me buscar geralmente é uma alegria né nesse caso era ai lá vem todo mundo vai pedir autógrafo também que tem tem um pouco isso mas eu acho que também ela já combinava lá com os amigos dela enxo a minha mãe não sei o que e eu também como eu sempre Vivi em casa eu trazia muitos amigos todos os trabalhos de casa eram lá em casa todos os trabalhos de pesquisa eram lá em casa os meninos e as meninas iam todos lá para casa e eu sempre fui mais low profile assim né nunca fui né Sempre fui eh então como eu tava também sempre presente não tinha aquela Fernanda Abreu artista que nunca aparece na escola e de repente aparece PR numa reunião de paz não eu tava sempre na escola na reunião de paz no dia da atividade não sei o que lá e da outra atividade também e da outra também então eu ficava agora eu mesmo quando eu não podia tá Ah eu sofria muito eu sofria muito o luí até falava que o pai das meninas Fala Fernanda tá tudo bem você tá sempre presente mas eu já sou virginiana eu já sou super cric eu ficava assim aí com a Alice Quando nasceu já foi diferente que a gente também já tem uma uma filha já sabe como é que é a Alice também tem um outro temperamento Alice gosta de foto gosta de sair adora a moda adora é uma outra personalidade diferente né que é show de bola também mas sempre me acompanhou também gosta de no Hoje em dia as duas vão no show que idade elas TM desculpa a Sofia tem 32 e a Alice tem 24 tem uma diferença boa entre elas também você pode curtir cada uma eu não ia conseguir não eu não ia conseguir ter um eu tive a Sofia que foi 92 eu me lembro assim eu tava subindo a escada nas nuvens até hoje eu sei que são 77 degraus para chegar lá em cima eu tipo eu a Sofia nasceu um domingo na sexta-feira eu tava montando o disco então assim ela nasceu quando aí no clipe do Jorge capad ela tinha dois meses meus pais levavam no set eu amamentava e continuava filmando aí levava no show passava o batom aí pegava ela amamentava entrava no palco aquilo começou também eu acho que para ela mas para mim também eu precisava de um tempo ali para mim também para eu ter a Fernanda que vai entrar no show que não é a mãe que tá dando de mamar A gente é meio complicado a gente vai se virando sabe não e eu acho que a gente precisa desse espaço eu me lembro de durante a licença maternidade uma ida ao supermercado era uma liberdade é a primeira vez para sair de casa nossa alguém falava pode sair não tá bom vou eu saía 10 minutos eu tava de volta calma F tá tudo bem a criança Ah tem uma pergunta que eu costumo fazer sempre para começar o podcast no seu caso eu fui direto pro show e pra carreira mas eu vou voltar aqui um pouquinho que é o seguinte se a gente é fruto das referências que a gente teve aí é uma pergunta quase psicanalítica assim da nossa relação com a nossa mãe com o nosso pai os amigos que a gente andava na faculdade O que que você diria que foi preponderante na tua formação e aí eu vou te pedir para falar tanto na relação com as meninas ou seja a mãe que você teve a mãe que você foi quanto na tua formação como artista mesmo Olha eu acho que a principal ensinamento assim que eu tive eh dos meus pais especialmente da minha mãe foi a independência a minha mãe desde sempre desde sempre falava minha filha você tem a sua consciência tem a sua cabeça tem o seu corpo tem os seus pensamentos seus sentimentos não vai nunca atrás do que os outros estão falando você não precisa de namorado de marido para nada você ela era e assim foi uma pessoa foi casada com meu pai a vida inteira mas ela tinha esse negócio e a outra coisa que eu acho era o Rio de Janeiro muito presente e a questão democrática assim então meus pais me colocaram em escola pública eu e meu irmão estudamos em escola pública no primário no ginásio isso fez muita diferença pra minha formação de entender meu pai era arquiteto vivia no Rio de Janeiro tempo inteiro era um um cara que fazia obras então a gente né fez o viaduto de mangueira participou do arir do Flamengo ele adorava o Rio de Janeiro um português que chegou para pro Rio com 14 anos mas foi da primeira escola do cap ol ela conheceu minha mãe lá na escola do C que já era uma escola super democrática e e moderna pra época na sala deles falava tinha gente de 14 anos de 18 tinha gente de né era uma escola sem parede tinha um negócio super moderno assim de de educação Então eu acho que isso assim formou muito da minha personalidade esse lado de tendo no DNA o Rio de Janeiro esse lugar Uhum que é é uma é uma característica sua muito profissional também né e que essa coisa de você poder cada vez mais a gente tem mais essa dificuldade né de circular livremente no Rio de Janeiro que eu acho que é a grande questão para todo carioca que adora tá na Zona Sul na zona norte na zona oeste nas favelas em todos os lugares Hoje é mais difícil é mais complicado mas já fui muito baile funk já fui muito já andei muito viaduto de mangueira Já fui assim o Rio para mim é um negócio que tá muito mas também veio acho que um pouco do meu pai por essa paixão pelo rio e acho do meu lado feminino e e e de mulher essa coisa da minha mãe de Olha você é independente você faz sua vida constrói sua vida independente de né não tem não quer casar não casa eu assim então eu tenho isso e também passei isso paraas minhas filhas assim né Essa essa coisa de é com vocês a vida eu tô aqui vou est sempre aqui para vocês sempre mas vão vão seguindo o caminho aí qualquer qualquer obstáculo a mamãe tá aqui mas não precisa de ninguém para você ser alguém não precisa casar com alguém para você ser alguém então eu acho que é é por aí sabe é tudo conhecimento e amizade alegria festa também que eu acho que que é legal se não é só trabalho só trabalho só trabalho também muito bom você falou ampassã aqui sobre a dificuldade que foi no meio da da da sua turnê desse período fazendo shows fora de ter a sua mãe num coma né acho que a gente envelhecer também é aprender que a gente vai contando menos com os nossos pais queria que você falasse um pouco sobre isso como foi o que aconteceu com a sua mãe como foi viver isso E como você também vai tentando fazer com que as suas meninas possam contar contigo mas entender que quando você não tiver elas vão estar bem sozinhas É verdade a história da minha mãe é uma história muito peculiar Porque ela tinha 38 anos e Descobriu um tumor no cérebro e naquela época foi meio dos anos 70 não tinha ainda o os exames que a gente tem hoje de tomografias E ressonâncias então eu me lembro do meu pai chamar eu e meu irmão para dizer que a minha mãe tinha se meses de vida tinha que idade eu tinha 15 anos de idade eu tava saindo para fazer uma uma prova no na Royal Academy de Londres porque eu fiz aqueles Todas aquelas provas né do da Royal Academy e ela faz balé desde os 9 anos de idade tá a gente vai falar disso já já é é foi é uma coisa muito importante na minha vida virginiana e bailarina imagina a metódica desculpa te interrompi super super não e disciplinada né e uma coisa e aí foi uma coisa muito muito difícil para mim pro meu irmão pro meu pai e aí minha mãe fez quimioterapia fez radioterapia eh e aí a minha mãe não foi morrendo e aí os exames foram chegando e afinal de contas ela não tinha um um um câncer no cérebro ela tinha um meningioma que é uma coisa super simples que é um tumor que você pode tirar na na na na fcia né na fcia da da da da meninge Só que já tinha crescido tanto que era meio no meio da cabeça assim já tava meio o tamanho de um limão Então ela foi perdendo a audição a visão depois foi perdendo a audição depois foi perdendo movimento depois foi perdendo deglutição até que ela teve uma parada respiratória e ficou em coma e ficou se anos em coma e para mim foi muito difícil porque foi exatamente o momento que eu que tudo na minha vida foi foi uma grande Pergunta uma grande interrogação se eu queria continuar casada se eu queria o que que eu queria fazer da minha vida da minha carreira foi um momento também que tava cada vez mais aparecendo tinha acabado o negócio meio meio aquela transição de o CD tá acabando a pirataria Tá chegando as pessoas começando a gravar os seus próprios CDs e aí ao mesmo tempo o o iTunes vender música e não era mais vender mús até virar o streaming que é hoje a gente da música passou por um período grande de transição e de interrogação incerteza total do que fazer a sorte é que a gente que trabalha com Show Palco a gente vai lá e faz o show e ganha nosso dinheiro mas eu fico pensando autores por exemplo songwriters é tipo uma loucura hoje né O que que é direito autoral é tipo é uma coisa muito muito séria que acontece eu acho que a gente continua nesse momento de transição Porque isso tem que de alguma maneira se equilibrar de uma maneira mais justa mas foi ali que eu comecei a me perguntar fui fazer psicanálise fui fazer fui me fazer minhas perguntas que eu tinha que fazer para conseguir seguir né porque eu tinha uma mãe em coma que ela não tava morta mas também ela não tava viva que luto é esse que eu tenho que fazer é que que isso sabe é uma coisa que era se meses 1 ano 1 ano e meio 2 anos 2 anos e meio 6 anos é muito tempo e e questão também meu irmão e eu e meu irmão s muito unidos que foi muito importante a gente é muito unido desde sempre e a gente ficou mais ainda Unido e somos mais ainda hoje em dia e é uma coisa que eu passo muito para minhas filhas que são muito amigas um das outras outra né e elas têm e eu uma das grandes felicidades da minha vida porque eu vejo que elas são muito Unidas né Às vezes eu me sinto um pouco de fora assim dos papos né quando eu chego em casa elas estão lá no eu tento entrar assim ai tá mãe pera aí não sei que elas moram com você ainda Sofia vai sair agora em outubro porque medicina é assim 6 anos de faculdade 3 anos de residência 2 anos de mestrado é uma loucura mas tá saindo agora e Alice talvez saia mais cedo porque ela já tá querendo ir embora e eu vou ficar com aquela casa enorme que provavelmente eu vou sair também porque é uma casa grande e mas eu a gente é muito muito vocês são muito ligadas né eu vejo você fala dela sempre com muito M Lig m muito Car Claro mas uma proximidade assim muito grande teve uma matéria que a gente fez na revista ela e se eu não me engano e em entrevista ao Eduardo vanini que é um dos Jornalistas da equipe você falou que numa determinada fase ali da conversa aqueles temas polêmicos que surgem em família e tal elas perguntaram para você se você já tinha feito aborto e você deu uma resposta que me impressionou muito Eu lembro quando tava fechando essa matéria deve ter sido sei lá em 2020 21 você falou a verdade para elas falou que já tinha feito e explicou que você não era eh a favor do aborto mas sim a favor de que a mulher tomasse decisão e que você sabia que essa era uma decisão muito difícil queria que você Contasse um pouco quando foi que você viveu isso E como foi rec Contasse esse diálogo com as meninas é o o que aconteceu eu tinha um namorado meu primeiro namorado e como na nossa geração a gente não tinha internet não tinha nada e não tinha muita educação musical na esc educação sexual na escola né não tinha na minha escola não tinha então a gente aquela coisa primeiro namorado não sei que cara logo logo que a gente começou a transar eu fiquei grávida aí eu fui falar com a minha mãe falei Mãe tô grávida fiz o teste da farmácia não vamos fazer o teste do exame de sangue e aí eu falei olha eu não quero ter um filho eu tenho 1 anos eu não quero ter filho de jeito nenhum Aí ela falou Olha filha Vamos ver eu vou com você vou fazer um aborto com você e tal e aí conversamos muito ela conversou muito ela falou olha Fernanda eh Fica tranquila assim não fica culpada foi uma coisa que aconteceu foi um foi um acidente que aconteceu não é uma coisa que você queria ficar grávida que você tá tirando a vida de de né de uma possibilidade de uma vida não você foi um acidente que aconteceu você não não tem a menor condição de ser mãe com 17 anos e nem quer e nem tem condição Então vamos lá fazer esse aborto e tal foi comigo eu fiquei super nervosa porque é o que acontece quando o aborto não é legalizado a pessoa tem que né arrumar um jeito um médico não sei que alguém é uma situação muito difícil para todo mundo para toda a família para PR pessoa especialmente paraa mulher e aí eh fiz o aborto e tal e fiquei assim fiquei mal mas cara eu tive todo o apoio do meu namorado que eu continuei com meu namorado o privilégio de fazer num lugar minimamente seguro n ex com a minha mãe sabe do lado da minha mãe que era meu porto seguro então e aí imediatamente eu comecei a fazer tudo que tinha que fazer né tomar pílula e depois todos os contraceptivos e tal que eu pude fazer na minha vida para ir mudando né Porque também tem uma pílula tamb há 10 anos então que também naquela época não tinha muita opção tinha um de e mais nada não tinha esses mireia n não tinha e aí e aí quando E aí eu sempre conversei com as meninas né Sempre conversei com elas como você conversa disso com o teu público o público que te segue assim eh queria que você falasse um pouco como é se posicionar porque eu vejo que você principalmente nas eleições se posicionou muito como é se posicionar politicamente sobre temas como esse como a aborto e a tua visão sobre a PL do aborto esse absurdo de equiparar a mulher que sofre violência na Pena do do estuprador queria que você falasse um pouco sobre isso e quais são as consequências de se posicionar politicamente como uma pessoa pública que você é olha eu nem me vejo de outra maneira assim eu nem nem consigo me entender de outra maneira eu me vejo um ser totalmente político por existir então eu tenho assim um um público que gosta que eu seja verdadeira e que eu me coloque do jeito que eu sou então não fico evitando assunto eu não fico tipo ah me fingindo de morta quando o assunto é né ou aborto ou drogas ou política ou não eu falo todas as coisas que eu acho agora eu posso mudar de ideia posso eh eu posso cada vez que eu tô conversando aqui com você vou sair daqui diferente um pouco do que eu cheguei aqui graças a Deus espero ser assim até 90 tantos anos de idade só espero não viver igual a minha avó que viveu 104 e meu avô com 102 porque é muita coisa 102 você tá assim é muita coisa para mim mas eh as pessoas gostam eu vejo os comentários ainda bem que eu sou seu fã sabe ainda bem que estou estou certo de ser seu fã Que bom que você pensa assim porque eu não eu não me privo de comentar nada qualquer coisa que eu acho absurdo que acontece no Brasil no Congresso Nacional em eleições em qualquer Rio de Janeiro eh ou com as mulheres ou com violência ou com homofobia ou com racismo eu vou e me posiciono eu li uma entrevista sua em que você dizia o seguinte abre aspas o sexo depois na menopausa é um tabu mas para mim foi um alívio não menstruar todo mês nessa mesma entrevista você contava que descobriu um novo amor aos 50 anos foi quando você se apaixonou pelo tuto Ferraz que é produtor musical como Foi viver essa transição da menopausa que hoje é até muito mais explorada eu acho pelas mulheres né do que era sim H 10 12 anos mais uma vez a gente é vítima de uma de uma geração que não tinha muita informação né Marina era assim ninguém nunca me falou como é que era entrar na menopausa nem a minha mãe nem a minha avó nem a minha tia nem ninguém então se a primeira vez que eu entendi que eu tava entrando na na menopausa foi quando eu fui ver uma exposição que eu acho que foi na Laura Alvin até e de repente eu fiquei Suada em um minuto um segundo falei gente que isso tô com febre que que tá acontecendo aí e um segundo não fiquei mais suado fiquei com frio falei ah tô doente vou voltar para casa cheguei em casa falei gente liguei pra minha médica minha G oncologista falei olha eu acho que eu tô que a minha médica também que ela é homeopata e tal ela falou Fernanda sinto te falar mas isso é um dos primeiros sintomas da menopausa e tal e aí aí acho que vem também uma coisa Marina que que eu acho que veio com aquele dia que eu tinha 15 anos de idade que meu pai falou que minha mãe tinha se meses de vida que é assim gente isso é a vida vai ter a menopausa vai ter eu ficar velha vai ter eu ficar enrugada vai ter eu ficar flácida isso tudo vai acontecer comigo Ah mas você é uma figura pública você tem que estar sempre linda maravilhosa tenho faço aqui minhas coisas que eu acho que eu posso fazer faço um botox no olho mas não tive coragem de fazer um Lifting que eu gostaria tenho medo de entrar numa sala cirúrgica para fazer isso tenho medo não sei anestesia um negócio complicado então assim eu acho que pode ser que eu faça eu tenho vontade mas eu ainda não tive coragem de por uma opção minha falar vou entrar numa sala cirúrgica para fazer uma plástica mas quando das mulheres tá desistindo de transar você tava começando a transar mais ainda mas aí eu tive uma sorte eu acho porque assim que que aconteceu comigo eu fiquei casada 27 anos quando a gente se separou eu queria dar para todo mundo eu tinha uma fila gente Fernanda abriu Alô tinha uma fila aí eu comecei a fila andar hum tal ótimo Que ótimo um amigo aqui outro amigo ali amigos né que já a pessoa já sabe que né é exato aí tipo assim no quarto amigo eu conheci o tuto aí eu me lembro e o Tut e o tutter é ao contrário super galinha tinha transado com eu ia para São Paulo que ele é paulista eu ia para São Paulo todas as mulheres que passavam na rua eu perguntava Você já transou com ela já já já já desisti de perguntar falei não vou mais perguntar porque não vai dar certo aí quando a gente começou a namorar ele mesmo falou para m pô Será que a gente tá no mesmo momento da vida porque eu tô querendo muito dar uma sossegada Pô acho você máximo não sei que nã a gente tipo já uns se meses namorando e tal aí eu falei ele falou mas eu tô sentindo p ao contrário de você né que você quer sei lá viver mais a vida transar com mais pessoas e ficar mais livre falei ó querer eu até queria mais diante PST de você Diante da sua pessoa né do sexo que a gente faz eu tô parando por aqui tô achando máximo e aí assim a nossa vida sexual é muito boa é muito boa então assim é uma coisa que sabe para mim tá tudo certo e ainda fico esperando o dia que eu não vou ficar tão lubrificada ou que eu vou ter que não sei que ainda não apareceu mas eu sei que vai aparecer mas ainda não apareceu então assim é uma coisa eu acho que eu tive sorte sabe de ter uma pessoa carinhosa sabe e que eu tenho ma tesão e que tem uma tesão em mim e que a gente tem uma cumplicidade que a gente é músico e que a gente viaja que ele toca comigo e tem o trabalho dele eu tenho o meu eu moro no Rio ele mora em São Paulo admiração a gente tem duas casas então é um é um casamento para mim ideal do que De novo ficar 24 horas com uma pessoa casada no mudou talvez além de não ficar 24 horas com uma pessoa mas o que que você acha que é diferente de um amor e de uma libido mais madura Ah eu acho que primeiro você a gente já sabe muito mais o que a gente gosta gosta de como é que se chega no prazer tem menos vergonha eu acho de de falar né de se colocar tem menos também acho que a sociedade ajudou a gente a partir de 2013 quando teve a nossa primavera feminina e feminista eu acho que cada vez mais esse assunto das mulheres tem ajudado a todas as mulheres Então eu acho que isso tudo dá mais confiança pra gente mais segurança e mais autoestima e as pessoas né você fica mais tranquila E aí quando você também tem um parceiro que tá disposto a a ouvir que tá disposto a né a a a contribuir ali né com com você e não tá cheio de né de de problema ou tem que porque tem muito homem que é muito egoísta né só pensa no prazer dele e tal então acho quando quando você conhece um homem assim que tem esse lado mais de entendimento mais feminino eu acho que é bem legal agora essa coisa de você ter a vida inteira feito balé também te deu uma disciplina um Rigor que ajuda que serve como Norte para você não descarrilhar Em alguns momentos cara eu digo assim a minha educação foi assim meu pai minha mãe e o balé uhum o balé é muito mais do que os passos que eu aprendia do que a técnica do Do balé e a escola toda e a própria arte eu acho que foi isso que eu aprendi disciplina determinação e humildade diante da arte você nunca tá pronto ponto mas eu nunca fui de me deslumbrar e não sei qu porque eu acho que eu aprendi isso com balé hoje é meia pirueta amanhã é uma pirueta depois é uma pirueta e meia aí volta não CONSEG mais faz só uma que que tá errado porque que eu não tô conseguindo me equilibrar volta duas piruetas nó já tá com três pouco pode chegar sete o bar cov faz 12 não tem entendeu Então você nunca você tá sempre busc e o fato de ser virginiana também que faz com que você tenha uma metódica e uma razão e aí você acha que dá pra gente emprestar um pouco essa metodologia ou esse Rigor também na relação que você estabelece com as drogas por exemplo mesmo sendo a figura da maconha da lata do verão da lata parece que você também nunca nunca perdeu o chão perdeu o controle total para mim assim eh se você controla a droga tá tudo bem agora se a droga te controla acabou sua vida e é isso que eu vi com vários amigos foi a droga controlando a vida da pessoa acabou então assim eu você você já me viu fumando cigarro nunca mas eu de vez em quando assim de seis em seis meses se eu quiser um dia de noite eu vou lá e fumo um cigarro se eu quiser de três em três meses ou um dia uma semana se eu quiser fumar uma baseada eu fumo agora nem tenho fumado muito porque não tô curtindo tanto mas já fumei mais cheirar nunca cheirei nunca gostei sempre Achei horrível sempre detestei os ambientes que as pessoas estavam cheirando era um saco eu ficava todos eles dançando curtindo até de manhã n mas o que que a faz perder o controle hum perdeu Olha eu tento não perder o controle porque is acontece com perder o controle eu acho que perder o controle tem tem uma camada de agressividade e eu acho que não dá muito certo essa coisa sabe de de agressividade mesmo qualquer coisa assim no trânsito alguém faz um absurdo me fecha eu quase bato o carro que você quase vai perder o controle mas cara não vai adiantar não vai adiantar aquela pessoa no o tempo não vai voltar atrás ela já fez a merda toda eu só vou ficar [ __ ] Suada querendo xingar E então eu tô eu tô fazendo um trabalho incrível de meditação assim de mas eu acho acho assim por exemplo eu acho acho injustiça uma coisa que eu fico meio eu não aguento sabe eu tenho que ficar eu tenho que falar eu não não me seguro eh Tem certas coisas assim eu acho que especialmente injustiça assim eu acho uma coisa que não não gosto não gosto uma pessoa falar um negócio sabe eu falar ou ter ou ver uma coisa acontecendo de uma injustiça acontecendo eu ficar tranquila não eu eu eu não perco o controle mas eu fico muito indignada vamos dizer assim perfeito eh pra gente começar a encerrar a conversa eu queria te convidar aqui a responder duas perguntas a primeira eh a Onde você gostaria de estar daqui 30 anos já li algumas entrevistas em que você diz que você mesmo aos 90 vai ser a garota sangue bom queria saber se isso procede e e queria que você Contasse um pouco o que você tem ouvido pra gente poder resgatar quais eram suas grandes referências musicais e quais quais são as músicas que hoje tocam no seu celular no seu streaming Olha eu acho que daqui a 30 Anos 30 anos anos de idade se seus avós viveram até c e pouco né é eu eu eu acho muito incrível por exemplo a minha grande assim eh eu tenho eu eu tenho vontade eu não sei se eu tenho vontade Tá mas quando eu olho a Fernanda Montenegro que eu vejo ela com 94 anos no palco falando aqueles textos o Oton Bastos com a cabeça muito boa sabe e e e a e e trabalhando eu eu me vejo um pouco assim mas às vezes eu fico com preguiça às vezes eu gostaria de estar mais assim tipo numa rede na Bahia mas eu não sei se eu ia aguentar também entendeu Acho que sim porque eu ia at com 92 anos né gente então eu acho que sim mas eu me me vejo muito produtiva ainda mas eu tenho vontade de começar a desacelerar des eu tenho essa vontade e é e ouvindo E aí pensando em desacelerar o que que você estaria ouvindo o que que você tem ouvido ah eu tenho ouvido coisas muito diferentes assim o tuto me traz uma coisa toda de jazz que eu instrumental que eu quase não ouvi na minha vida e que tá sendo muito legal ouvir Então me traz todas as referências dele de jazz instrumental eh que é um Jazz que eu acho mais e tradicional não é assim um um não é um fio assim muita nota aquelas coisas né é uma coisa mais eh tipo ballads assim do Marvin do do Miles Davis eu continuo ouvindo grandes referências que eu tive na vida como Steve Wonder então quando eu vou andar eu gosto de ouvir ainda nos discos que eu amo eh quando eu tô mais animada eu também escuto as as velharias tipo Michael Jackson Prince Madonna James Brown mas eu gosto de escutar as coisas que tão rolando agora mais novas né e não era mais para ter pergunta mas eu não aguento assim eu morro de curiosidade Eu sempre me pergunto assim o que enquanto você tá cantando veneno da lata quando você tá cantando en gra 1 40 gra assim como quando o Caetano tá cantando leãozinho Eu sempre me pergunto o que tá passando na cabeça deles Ai meu Deus caramba que saco tô aqui cantando essa música de novo ou não você consegue redescobrir ela a cada momento como é eu adoro isso isso eu acho que faz parte de uma coisa da pessoa virginiana eu acho que tava ouvindo outro dia entrevista de alguém de algum ator desses [ __ ] assim falando que tinha feito durante 50 anos a peça inglesa do Ricardo Tero sei lá o quê e e todo dia a peça começava da mesma maneira ele abria uma porta e entrava no palco e cada dia para ele era diferente mas ele já sabia que era aquela cena já sabia que era aquele texto já sabia aquela porta já sabia tudo ele fez 50 anos aquela peça eu sinto isso quando eu entro no palco para mim é essa porta aí que abre essa porta abre porque é um outro público sou eu ali no no lugar que eu mais gosto de est que é no Palco cantando as músicas que eu adoro cantar que são as minhas músicas às vezes até as pessoas perguntam Ah você não quer fazer um um show de covers um show de um baile da Fernanda cantar muito mús de outras pessoas Sim quero mas eu adoro cantar minhas músicas Adoro então Eh eu amo assim amo amo amo não tem um dia que eu vou cantar r g e fico ah ah de novo de novo de novo ah vou tirar do Repertório Ah não tudo bem Eu vario bastante o repertório boto músicas do disco novo tiro cada disco que eu lanço eu boto músicas no disco novo trago refaço arranjos para eu mesmo me me animar mas a aquelas letras aquele ritmo aquilo que eu tô falando é totalmente o que eu quero falar maravilhosa ela pode vem ela pode tudo muito obrigada mais uma vez que delícia ter você aqui Obrigada de coração gente agradeço muito a presença de vocês também e a gente se vê daqui a pouquinho em uma ou duas semanas foi obrigada E obrigada gente maravilhosa obrigada querida ameii também cuidado tá presa

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