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Fabio Assunção | CONVERSA VAI, CONVERSA VEM | Por Maria Fortuna

Fabio Assunção | CONVERSA VAI, CONVERSA VEM | Por Maria Fortuna

Olá eu sou Maria Fortuna e esse é o conversa vai conversa vem videocast do Jornal Globo aqui no estúdio da redação a gente recebe sempre um convidado para trocar ideia para fazer revelações e abrir o coração Carmo da lavec Camila Pitanga Juliana Paz tiveram aqui em episódios que você pode assistir no YouTube do Globo hoje quem veio aqui nada menos do que Fábio Assunção Obrigada Fábio por ter aceitado o convite um prazer te receber OB obri prazer é meu foi difícil fácil não foi né foi um processo não porque você tá vivendo um momento muito profico da sua carreira né Você tá em cartaz nos cinemas com o filme Motel destino do carinha em NZ no teatro ao lado da Drica Moraes com a peça férias rodou participação na novela das nove após 17 anos né Mania de Você do João Manuel Carneiro tá gravando a nova novela das seis garota do momento eh bom algumas atrizes reclamam que a medida que a idade avança os bons papéis rareiam isso acontece com os homens você imaginava que você tava estaria trabalhando tanto aos 53 anos e tal é essa é uma pergunta excelente e que eu acho que para responder eu teria que tá muito bem fundamentado também né porque é uma coisa o que a gente acha né Eh a sua experiência né que a gente pode falar é assim eu acho que isso sempre tem bons papéis né para qualquer faixa etária mas eu por outro lado também acho que os núcleos mais jovens têm mais protagonismo hoje assim dentro das histórias eu acho a palavra protagonismo eh uma palavra perigosa porque parece que é que é o que é mais importante né na verdade é a história mais Central naquela Trama Mas você eh pode fazer da sua personagem uma personagem Fundamental e e e fazer uma grande personagem Mesmo não tendo a sua personagem como uma figura Central na Trama entendeu então acho que a palavra protagonismo Às vezes tem a ver até com uma coisa meio egóica assim sabe de tipo ah eu não sou protagonista eu sou protagonista tal eh eu acho que o ofício da gente é é é tornar uma personagem incrível e dá para já dá para se divertir bastante em já é tarefa demais eh um bom desafio tornar uma personagem incrível tem obras que são mais voltadas para um público mais adulto e aí eu acho que sim tem eu tô com 53 e tô trabalhando enfim e e e como né trabalhando muito e bastante agora tem e o público mais adolescente eh consome mais entretenimento até não sei se eu tô falando besteira tá mas acho que tem mais tempo para consumir e se dedica mais né tem a relação de fãs também com tal e amor mas o fato de você tá numa novela já faz a gente querer ver em série você é um ator Fora de Série E aí né e eu queria falar do motel destino enfim vamos começar falando do motel destino você interpreta Elias um policial um ex-policial miliciano super violento sudestino que trata mal para caramba a mulher né A Companheira dele que é uma nordestina um macho tóxico nível máximo que reúne toda a sorte de falas machistas clichês ali né um e dá muita raiva de você Fábio assistindo o filme e o carim eu entrevistei ele e ele definiu o personagem como o Crepúsculo do macho em decomposição uhum como é que foi para você lidar com essa energia Você concorda com essa fala do Karim Concordo concordo Acho que ali a minha função também a função da minha personagem na Trama era também e expor essa essa essa relação deste recorte de homem branco do Sudeste com uma mulher cearense com este recorte de uma mulher cearense né Eh hoje em dia eh é muito não dá para generalizar né Eh então eu tenho falado muito isso que é uma reparação histórica que precisa ser feita e e com uma certa coragem porque não adianta ficar defendendo isso agora eu acho que o filme ele vai além disso né ele não é só a relação de um homem tóxico de um homem abusivo né Eh eu acho que o filme começa você já vendo menores de idade servindo ao Crime Organizado então isso já é uma questão social muito comum pessoas absolutamente sem oportunidade né e que não sei se é mais grave ou menos grave mas me parece mais grave do que um homem tóxico do patriarcado o homem branco do sudeste cheio de preconceito eu acho que a questão de ter a personagem do Iago né Eh o Heraldo eh Iago Xavier cearense tor cearense o Iago eh servindo ali servindo Sabe aquela ilicitude de coisas ali eh isso para mim já é assim já abre o filme e já mostra eh de uma forma até mais eh eh forte do que a relação de um homem abusivo tal não sei o quê a a história da minha personagem e desse homem abusivo é um cara eh que é um um ex-policial que largou a polícia foi trabalhar com a milícia eh isso era falado em texto essa cena foi acabou aqui na montagem eu acho que o Karim e tirou essa informação Mas eh e ele vai pro Ceará provavelmente fugido né de alguma coisa que ele fez e enfim jurado de morte não sei que aliás isso é uma coisa que tem também no filme que é Nessas cidades pequenas como o crime se resolve entre as pessoas sem a interferência do Estado a justiça com as próprias mãos né é tipo fez aqui não sei o qu não sei o quê apareceu morto resolveu e os crimes não são solucionados então isso também é outra coisa que o filme mostra e que pouco se fala disso no filme mas existe está presente no filme né Eh mas voltando a minha personagem eh E aí ele vai pro Ceará conhece uma dançarina cearense E aí entra essa diferença de Cultura como o esse recorte de sudestinos olha para uma mulher do nordeste uma mulher vivida pela Natalie Rocha né Outra atriz também do Ceará maravilhosa exato Natalie eh e aí começa essa relação ele compra um motel que isso também é uma é uma é um símbolo eh Por que que ele não comprou uma farmácia ou por que que ele não comprou uma padaria Por que que ele não comprou um ele compra um motel então com respeito a todos os donos de motel mas eu acho interessante você comprar um motel tipo assim eu tem alguma Inclusive tem uma história maravilhosa né porque quando você tava filmando lá em beberi as pessoas falam I lá o Fábio Assunção tá tá rodando aqui um filme porno teve isso teve né É porque foi no mercado e a primeira vez no mercado foi um evento né depois eu fui no mercado várias vezes e tudo bem eu já era da casa na primeira vez Nossa uma muvuca assim e aí cara você tá fazendo filme pornô Aí eu tô certa erótico Mas você sabe que o no hotel eu é não eu passei por situações ali a minha filha menor a primeira reunião que eu tive com a diretora da escola eu tava no motel tava no quarto e aí eu marquei um zoom com a diretora da escola e ela pô Fábio muito prazer tal aqui eu ensina tal tal não sei o qu cara e atrás de mim um pôster de um casal cheio de espelho eu falei olha eu só queria dizer que eu estou num motel Mas eu estou trabalhando maravilhoso porque eu tava vendo Aqua falava Sua filha não será admitida isso sua fil filha Alana de 2 anos né sua filha menor três mas engraçado que motel tá capitalizando né porque agora eles oferecem é maravilhoso isso eles oferecem uma experiência real pelo cenário do filme inclusive nos Bastidores chamam suí Fábio Assunção tá sabendo Ai Jesus mais essa como se eu bastasse a vida muito bom mas bom eu ouvi dizer que Fernanda Montenegro foi fundamental ali eh pra você e assumir esse essa babaquice do personagem ela falou seja sacana tenha isso te ajudou isso aconteceu isso mesmo é eu acabei Abrindo isso embora minhas conversas com ela sejam no privado eh a gente começou a conversar muito eh quando eu fiz o fim porque ela viu um corte assim ela muito extremamente Generosa me ligou para dizer que tava Fantástico tal e aí a gente começou a trocar uns áudios tal no Ceará eu já tava íntimo eh e e aí eu passei um áudio para ela explicando os desafios que eu tava tendo eh mas aí não era nem questão de conversar com o carinho era uma coisa de de de atuação mesmo é de quanto que de energia eu botava naquilo e E aí ela falou Ela falou isso para mim Ela falou para mim isso é uma reparação histórica Isso é uma reparação histórica assuma isso temha coragem Isso precisa ser exposto e você tá num ambiente protegido que é um ambiente da arte né do cinema então e entre outras milhões de coisas que ela me falou que foram sensacionais assim eh e apesar de serem conversas privadas eu eu eu me sinto assim eh à vontade né Não não é a vontade de dar o crédito porque ela realmente ela ela ela ela me trouxe muitas coisas maravilhosas assim e que me fez mergulhar também na personagem e com toda assim sem nenhum receio de do quanto que aquilo é inadequado para mim né pessoalmente do quanto que aquilo é pesado para mim então foi foi nesse foi é foi nesse lugar e tem uma coisa interessante que é o contraste entre os personagens mais masculinos ali né o Karim sempre foi tão sensível retratando os personagens femininos ali ele mergulha numa numa num perfil em dois perfis de homens assim o Heraldo né que acaba formando o triângulo amoroso explosivo com você e com Diana vive eh ele tem uma relação muito diferente com a masculinidade dele né E aí bem menos corrosiva eu acho que eu diria assim que espelha é uma realidade que a gente tá vivendo e geracional eh qual sua visão sobre essa transformação em relação ao homem eh com essa sua relação com a masculinidade é difícil falar que qual é a Sexualidade que tá vindo porque eu acho que ela muito diversa sempre foi mas agora é a sociedade tá lutando muito para que as pessoas tenham essa liberdade entendeu então não sei qual é eu já ouvi coisas tipo assim jornalista me perguntando mas a geração z está muito desinteressada do sexo Então são contra o sexo no audiovisual eu falei gente eu não sei eu não tenho esse dado eh depois eu comecei a fazer Ciências Sociais eu fiquei tipo assim só falo daquilo que eu tenho csta é não vou falar uma coisa sem ter ali eh mas eu não sei exatamente o que tá Para onde as pessoas estão Mas tem uma coisa de observação com os seus amigos com as gerações que você circula também trabalhando existe né e eh essa e esse trabalho masculino talvez que esteja acontecendo sim de ser ter uma relação mais menos mchana né menos Mach com a com a masculinidade de ser uma coisa mais tranquila de acolher o lado feminino você não observa isso observo observo acho que tem pedaços da sociedade que avançam mais rapidamente tem outros que preferem eh eh se conservarem né Eh ficarem conservados né a um a um a uma maneira de vida que enfim a gente já viu que não que não dá certo né Eh eu acho mas eu sinto no meu ambiente de trabalho em todos os lugares que eu passo eh nos teatros enfim eu sinto completamente o homem mais aberto mais sensível e mais eh empático com com as questões femininas e sinto eh que quando o feminino ele se pronuncia de uma forma moderada e com autoridade sem precisar impor sabe você consegue com serenidade ter a sua autoridade sabe com bons argumentos e com sabe Olho no Olho você consegue os resultados assim então as mulheres Eu acho que eu vejo muito assim como elas estão muito cientes do seu lugar e dos direitos que elas têm porque essa novela que eu tô fazendo agora que é a década de 1950 ali existia aquele modo de vida entendeu a mulherzinha e p p pá Então já era um jogo meio estabelecido hoje a mulher se ela quiser ser mulherzinha ela pode ser ela pode mimar o marido o marido pode mimar a esposa mas assim eh a gente tem o direito isso todo mundo sabe de sermos o que a gente quer ser não há mais Ah eu preciso ser esse tipo de marido entendeu eh a gente precisa ter respeito amor empatia e e papo reto e eu acho isso eu acho que isso e respeitar a existência diferente do outro né n escolhas né é as opiniões são diferentes e é por isso que nós somos múltiplos se nós todos seriam iguais a nós entendeu então esse que é o interessante você tá com a sua escuta aberta né Às vezes você não sabe de alguma coisa eu já vi muito isso eh pô mas eu eu não sei direito o que é uma mulher machista O que é uma mulher machista e aí o outro explicando sabe e aí você vai aprendendo também não é uma coisa que ISO a gente aprende e não ter vergonha também de perguntar de não saber né Tem que ter paciência né Eh eh em ensinar se você sabe e tem que ter humildade também em aprender perfeito n eu eu eu acho Sim queria falar um pouquinho de processo assim você Elias é um personagem completamente diferente de você você tá dos que você já fez assim né você tá totalmente transformado inclusive fisicamente eh com aquele olho marrom né aquela aquelas lentes de contato marrom cabelo alaranjado eu tive lá no set de filmagem em Beberibe litoral do Ceará eu pude ver de perto a sua preparação a sua concentração me chamou muito atenção eh enquanto o resto do elenco aproveitava ali davam os mergulhos na praia eh você pediu para ficar confinado dentro de uma casa que era de costas pro mar não deu um mergulho sequer não eh socializou que que você buscou e na hora de entrar no set isso fez mesmo diferença Que efeitos psíquicos aquilo teve sobre você pessoalmente assim não primeiro que eu achei maravilhoso você ter ido lá e foi realmente incrível e E você tava realmente muito atenta a a tudo isso assim e foi muito bacana te receber lá e e enfim a gente conversou lá também é de fato esse o que eu busquei porque eu penso no motel nesse Motel como um ambiente de confinamento né então tem aqueles quares que a gente conhece enfim mas tem aquele Corredor no meio que é um corredor de serviço de trabalho de silêncio porque se você fala alto ali o quarto vai ouvir assim como ali naquele corredor você ouve tudo que tá acontecendo nos quartos só gemido o gemido é um que permeia o filme inteiro né o filme inteiro e a gente foi visitar um porque o motel que a gente filmou ele tava fechado pra gente ele foi locado vocês reformaram né a produção do filme é é a direção de arte reformou E trabalhou as cores tudo eh eh mas assim naquele corredor não só tem essa pressão dos sons de Gritos e gemidos e tudo tal eh e eu digo pressão porque é o tempo todo todo o tempo você vai andando e né é um estado né é fica aquele né aquele som pá eh e as pessoas trabalhando ali naquele corredor sai um quarto entram para fazer a faxina já repõe o frigobar e os acessórios já tem todo aquele negócio já sai já entra outro outro carro e já entra outra história e e eu achei também que por ser um ambiente que tem uma certa ilegalidade porque a gente ali por exemplo a gente não sabia quem quem tava nos quartos Porque como o segredo do motel é a privacidade tem essa questão também de sabe não sei o que que tá acontecendo ali não me interessa ainda mais numa cidade pequena onde todo mundo se conhece então tipo assim se eu ficar perguntando me dá o RG me dá não sei o que deixa eu bater uma foto sua pessoa não vai né porque às vezes é o seu vizinho às vezes entendeu então tem uma coisa e antropológica interessante E aí eh esse estado de confinamento que você tava buscando que você procurou chegar né É E esse estado de ilegalidade também e ele também ali são três Sobreviventes Eu acho que eu tô fugido do rio o o Heraldo que é o Iago tá saindo né de uma encrenca também que acontece ali naquele naquele lugar de ilicitude e a Natalie também tá ali então né sobrevivendo aquele cara né que no caso sou eu então são três Sobreviventes no ambiente confinado eu achei eh num primeiro momento me veio um cara até que uma barriga assim um cara meio pá mas eu falei não eu vou pro lado oposto porque eu acho que esse cara é errado inclusive você tá com corpaço no filme né Você parou de malhar mas tá com super no Shape fui afinando né fui secando secando É verdade você comia cinco ovos por dia e não comia mais nada é comia de manhã e fazia um jejum assim e aí você procurou esse lugar esse corpo mirrado e um estado de de esp espírito é de é meio pancado meio maluco né meio maluco meio maluco tu tava meio maluco agressivo e é e silencioso eu gosto do silêncio da minha personagem em muitos momentos Ele tá em silêncio ele observa ele tem esse voir ismo né ele olha os quartos tem toda uma coisa ali de de eh eh a transgressão tá no filme em todos os lugares sabe isso é é muito presente então eu não acho que esse cara tinha que ser sabe um um cara bem articulado um cara politicamente assim sabe eu acho que ele eu quis ir e quis buscar também eh referências como o iluminado né os efeitos que esses lugares causam nas pessoas né Eh aquele baits eh né do Psicose como são esses lugares de confinamento onde você fica ali o que que isso Qual é o impacto disso em você e como você começa a se relacionar com o mundo a partir disso Sim há um descolamento do mundo é uma outra língua que se fala ali dentro né Tem uma despersonificação do que dos códigos sociais Quando você vai para um lugar eh que tem regras próprias ali entendeu Você me falou que tinha que estudou traição voer ismo também para chegar nesse nessa essa biografia talvez do personagem né que que você descobriu de mais interessante assim não o que eu mais eh que mais foi fundamental para mim foi justamente eh Ten o livro do gofman que é prisões Conventos e manicômios e que que e que ele fala justamente disso quando a gente entra num outro sistema a gente muda o nosso vocabulário a gente muda nosso comportamento né a gente eh é uma outra cultura né Eh e eu coloquei um motel nesse lugar né dele tá confinado então é o impacto disso é o que a gente tava falando como esse cara sabe como aqueles sons aquela sabe e convivendo com a mulher né figura feminina como é que é isso dentro desse universo onde libidos são exaltadas entendeu Como é a mulher ali no meio daquilo e aí chega um um garoto Entendeu Qual é a relação com esse garoto que tem uma coisa da idade também que impacta O Elias o menino é muito mais no mais jovem que ele né como como é que tem mais virilidade tem mais libido é moleque de 20 anos e tal e então sabe tudo isso tava no seu corpo no set tudo isso tava no seu aspecto no seu na sua forma de se colocar no mundo quando eu eu tive lá no set e te vi pela primeira vez na praia que a gente foi fazer uma foto você veio Soturno quieto isso é impressionante e aí tem uma coisa que a Virginia Wolf diz né que se você não contar a verdade sobre si mesmo você não pode contar a verdade sobre as outras pessoas e eu acho que isso dialoga bastante com uma coisa que eu já vi você externar que é uma visão sua da profissão que um ator Tem que olhar para dentro se auto investigar para encontrar em si próprio o que ele precisa pro personagem né seja na experiência ou na memória ancestral que você traz da sua existência né Então queria saber um pouquinho como é que o que que você buscou desse desse policial dentro de você assim que que tem do Fábio no Elias o que eu fui buscar São é é é como as cores primárias as cores secundárias eu fui buscar esses sentimentos primários porque assim eh tem várias coisas que a gente nomeia de formas diferentes mas que são a mesma coisa por exemplo o cara que é abusivo é o mesmo cara [Música] que que sei lá pode ser um cara que que briga num bar entendeu Tipo assim a forma ter a raiva como um processo de de de de você se colocar nas relações eh nós temos isso dentro da gente algumas pessoas não não recorrem a raiva né Eh recorrem sei lá a outros sentimentos mas eu não sei se eu tô te responder de uma forma confusa mas por exemplo eh se eu tiver uma cena de abuso com a Natalie eu vou est recorrendo a que sentimentos a um ressentimento a um fato de se ressentir Deus não tá conseguindo impor uma autoridade eh de eu [Música] eh me manifestar através da força física da da Ira da raiva mas como é que você acessa isso dentro de você a gente tem né a gente tem eh eh por isso que eu acho que o ator eh ele vai junto com a vida ele vai tendo mais repertório vai tendo mais lugares para você acessar né eh então por exemplo o medo entendeu eh eh eu sei o que é o medo não precisa ser o mesmo medo que tá sendo retratado ali mas eu sei o que é o medo eu sei o que é a raiva eh eu sei o que é sentir saudade entendeu E E esses sentimentos todos e é por isso que eu acho que eh o trabalho da gente é olhar para dentro é você buscar isso dentro de você e acessando isso sem sem problemas sabe sabe você você tem um propósito em acessar aquilo então você acessa aquilo coloca obviamente de uma maneira técnica né controlada dentro de um ambiente né você mas é assim é muito difícil explicar coisas que são de um processo super dá para entender orgânico né repertório interno que você a vida né E aí mas assim é a a agressividade por exemplo é uma um sentimento inerente ao ser humano mais um mais ainda aos homens assim eu tenho conversado com muitos homens que falando sobre eh eh o trabalho que fazem para trabalhar essa agressividade você você pensa sobre isso você também tem que lidar com isso você trabalha sua agressividade pensa sobre ela ah sinceramente Maria não assim a minha agressividade é uma coisa muito contida eh você contém você também tem é isso a gente tem que conter porque senão né não tem freio é hoje eu controlo não é controlar de não deixar sair assim é porque não tem propósito em eu expressar uma raiva externa fazendo o quê quebrando coisas e qual éal qual é o resultado que você obtém disso então eu acho que eu tô com mais conhecimento sobre mim sabe eh se eu tô com medo eu fico tentando Eu fico tentando examinar Quais são os pensamentos que estão me gerando medo sabe hoje eu acho que tudo tá no pensamento tudo tá no pensamento todos os problemas tá tudo no pensamento eu sempre tento fazer uma conexão eu que não necessariamente são esses pensamentos esses toda essa confusão esse mergulho interno né é e conectar isso com uma coisa supr pensamento né Você Ira para além dos seus pensamentos para você voltar a se reconhecer de uma forma mais limpa pura do que você de fato é essencialmente isso é autoconhecimento né é eu tenho buscado isso sim e você me falou naquela conversa que a gente teve lá em 2021 durante a pandemia que você tinha entrado pro ifismo que é uma uma religião uma filosofia religiosa de matriz africana com base no culto aos orixa e imagino que isso Deva te ajudar no processo de autoconhecimento a espiritualidade sim você continua aprofundando Olha eu não continuo porque por questões mesmo de logística assim porque o o que eu ia né que é onde eu fiz a minha iniciação a a minha orixá e foram foram 21 dias ali e depois durante um ano eu ia frequentemente assim então eu acho que eu tive um processo de cura eh inquestionável cura de em vários níveis e as minhas compulsões os meus pensamentos as minhas inseguranças os meus medos Acho que ali Acho que começou esse processo dessa conexão para além dos Pensamentos né Eh e entender que os pensamentos são pensamentos é impossível não pensar se você ficar em silêncio meditando você vai ser atravessada por milhões de pensamentos várias coisas mas como é que você de fato silencia se sua cabeça não para de pensar né então Acho que ali em 2020 eu começo esse processo né e e foi muito importante eu não eu não tenho ido mais você descobriu seus orixás Sim eu sou iniciado em em em obatalá obatalá Que Oxalá e nossa assim coisas que eu já fazia mas que eu comecei a ver um propósito em todo lugar que eu entro eu peço licença qualquer lugar silenciosamente eu peço licença tant coisa assim que eu fui me educando e eu chego num set para gravar licença chego no teatro eu fico ali fico um tempo ten um ritual ali de pedir licença sabe a gente fez Belo Horizonte agora lotado né lot todos os estatos lotados lotado Mas peço licença sabe então são conhecimentos que a gente não tem fim não tem fim é uma busca constante individual né individual e e acho que tudo isso a gente coloca serviço do trabalho que consegue oferecer mais camadas à personagens né o ser humano por exemplo é muito contraditório então eu adoro personagens contraditórios personagens que uma hora Sabe eles se contradizem porque essa é a questão da dúvida né da da da busca por desejos antagônicos é como a gente é né na vida é como a gente é e Fábio você ocupou durante muito tempo eh Nossa a gente tem milhões de trabalhos seus que a gente vê com como você tem muitas camadas com como ator Mas você ocupou durante muito tempo o papel do Galã como é que é para um galã envelhecer é uma libertação é uma libertação porque mas não não restringindo aqui a coisa do galã e tal eh porque também foi uma coisa que eu sempre li dei assim né Eh meio não querendo estigmatizado né não ser não querendo assumir esse papel n se se recusando aum não sou da categoria de galãs o outra da categoria tal então isso é uma coisa que eu sempre me preocupei inclusive no no meu critério de escolha de trabalhos Total a gente vê isso mas eu acho que os meus 53 é Libertador são né uma idade Libertadora porque a gente vai vendo que muita coisa que preocupava a gente não menor importância nossa eu acho que a pandemia por exemplo não tem menor importância o quê Nossa a pandemia por exemplo ela ela a gente Abriu Mão de tanta coisa material que depois que acabou a pandemia eu falei mas não preciso disso eu não preciso fazer isso eu acho que é um momento de de se despir também de tantas de tantos desejos que nem nem são nossos né não um exemplo por exemplo não sei análise eu faço por Zoom E era uma coisa impensável como é que eu vou fazer precisa será presencial aí eu demorava 1 H10 para chegar no meu analista depois 1 hora E10 para voltar uma sessão de 45 minutos não precisa né É hoje Se eu quiser dar uns 20 minutos antes ali para dar uma sabe uma pensada como é que vai ser a análise e tal e aí Eu começo hoje vou fazer por exemplo 7:30 da noite muito bem entendeu que que você tá trabalhando na análise atualmente que questões precisa de uma outra conva só para isso né é uma conversa longa Não mas eu eu já faço análise com com com o meu psicanalista já tem desde 91 que eu faço com ele mas por exemplo você tava falando né De quantas coisas que você foi se despindo coisas que não precisa em termos de vaidade teve algumas coisas que você foi dando menos importância O que por exemplo Nossa vaidade eu já venho já venho há muito muitos anos assim trabalhando isso por exemplo carro eu não tenho mais esse ano eu decidi não ter carro eu pego um Uber assim Vai de porta a porta é rápido ou Peg um táxi e aí eu moro em São Paulo eu fico olhando assim eu falo cara a quantidade de carro que Tá circulando na cidade mas você botou o carro no lugar da vaidade Porque tem uma coisa uma relação do homem com um carro seria isso acho que sim Acho que sim eu não tinha feito essa conexão mas tem Acho que sim Acho que sim Acho que sim Eu sempre tive carro e passava dois anos não vou trocar porque agora tem um modelo tal não sei o quê Falei cara para que que você tem carro é multa que chega que você não sabe nem de onde veio entendeu você passa 40 por hora o negócio era 25 por hora você falou cara multa não sei e tudo assim tudo que envolve um carro lugar para parar e não sei o quê Papá eu acho hoje muito mais fácil Se eu quiser fazer uma viagem eu alugo um carro e viajo Então isso é uma coisa que eu já percebi que eu não preciso assim entendeu não preciso sabe vir aqui no meu carro entendeu Eu vim amarradão no carro e fazendo as minhas coisas Passando minhas mensagens já adiantando outras coisas perfeito pontual sssim é agora você é ainda a história do Galã assim você pegou uma transição de gerações né Fábio quando nos anos 90 quando você começou ali na TV eh e tá pegando outra E aí tem uma coisa hoje h um espaço eh mais diverso pro galã digamos assim tem por exemplo eh espaço para um galã mais feminino como veio o jov do Jesuíta Barbosa no remake de Pantanal tem alguns eh com estilo mais intelectual e como é que você vê essa mudança é sadia né Muito muito muito porque a gente não pode a gente não pode tudo que restringe ah o galã é aquele formato do cara que é desejado pelas mulheres e ele fala dessa forma isso não existe sabe existe mas existe tantas outras milhões de coisas que de fato você se restringia um tipo de interpretação no caso a gente tá falando de Galã né de de dramaturgia mas assim não tem mais essa figura predominante na Cultura né Eh Que bom né É tá tá abrindo cada vez mais e e eu acho que é isso eu acho que a gente precisa de fato eh nós precisamos ser representativos da sociedade que a gente vive e não eh pegar parte da sociedade que que que interessa não sei a quem Mas enfim e negar todas as outras é eu acho muito saudável isso o galando né o homem que com suas fragilidades com as suas inseguranças com seus medos colocar isso em cena que a gente tem Bora se libertar né assim dessas amarras todas desses lugares que estabeleceram né para mulher homem todo mundo ocupado enfim você e Drica você e Drica estão lotando o teatro com a peça férias né levaram 22.000 pessoas em 10 semanas pro Procópio Ferreira em São Paulo Teatro a peça fala de um casal que ganha eh dos filhos um cruzeiro para comemorar 25 anos de casamento né E aí a a peça Fala um pouco de etarismo também né Desse Lugar deles se encontrando como um casal de 50 e poucos e como é que eles se divertem e tudo e E aí tem uma coisa que é assim você se sente com 53 anos você não tem a sensação de que a vida tá começando não como é que é isso para você e esse e a importância de falar disso no teatro e tal Nossa isso é impressionante isso eu falo muito isso quadrica quando a gente era adolescente assim a gente falava Nossa 50 anos né que que Como é que eu vou dar os 50 anos e hoje cara a gente tá no gás entendeu a gente tá no gás e que a gente também tem uma tem uma medicina mais né Não só nutrição como medicina como né até a cabeça mais fresca entendeu tudo isso tudo isso te coloca numa condição de vida muito mais a gente consciência informação de alimentação também a gente tá saltitando na vida a gente tá eu tava ontem em Belo Horizonte eu tô aqui né Essa semana vou vou gravar quarta quinta sexta sábado domingo daqui a pouco eu tô em Goiânia eu tô em Curitiba fazendo peça então assim eh acho que tudo parte da motivação sabe o que te torna o que o que o que o que faz com que você não envelheça é a motivação o interesse a curiosidade né É você não perder a motivação esse casal ele tá de viajar porque eles não estão ali na zona de conforto tipo sabe ah não vamos ficar aqui não eles vão para um cruzeiro eles vão enfrentar todos os perrengues da viagem e eles fazem isso ser divertido né então é uma comédia eh mas é uma comédia que tem essas leituras tem essas camadas sabe eh Então fala do etarismo mas não de uma forma eh eles acham que se libertam do etarismo porque eles percebem eles falam os idosos sabem se divertir as crianças também os adoles também os G também aí eles mas e a gente a gente tá na melhor idade a gente sabe se divertir porque ele se questionam assim será que a gente não tá buscando alucinadamente uma forma de se divertir se divertir não seria só se divertir e ponto a gente precisa ficar dizendo que a gente está se divertindo não seria mais natural né Eh então esse não é nem a questão do etarismo mas é se reposicionar na vida sabe Cara eu tenho 53 e estou vivendo motivado com energia e trazendo alegria e às vezes não tem alegria e você escuta sua tristeza e você recupera sua alegria né Eh então ela ela fala sobre isso também eu achei muito legal você fazer faculdade Depois dos 50 ali na PUC fazer Ciências Sociais o que que despertou essa vontade eu lembro que na pandemia também você falou que tinha começado a estudar yorubá Direitos Humanos história da política brasileira ai começou uma uma vontadezinha de aprofundar os estudos eu adoro estudar agora eu tô começando a aula de português legal para aprofundar o português eu adoro as palavras acho que você escreve né que eu sei que você escreve é ali no seu computador não vou falar isso perto de você eu não vou falar que eu escrevo que eu já fico mais assim é é tão maravilhosa assim a a a possibilidade de você escolher as palavras que às vezes que às vezes quase significa a mesma coisa mas elas têm outras consequências cada palavra tem uma consequência e eu eu cada vez mais eu amo isso assim eh mas a coisa de cências sociais ela vem também de um período de de de uma democratização da opinião nas redes tal e muita gente falando sem fundamentar eu acho isso eu acho aquilo eu acho eu acho eu acho eu acho e eu gosto de de de quando alguém fala ao invés de eu acho quando alguém me diz alguma coisa que é fato entendeu então as Ciências Sociais ela ela tenta dar conta ali da política da antropologia da biologia e tem uma questão de estatística no início ali para você né saber pesquisar nas fontes certas Então você vai lá no IBGE você Você usa as fontes oficiais do governo para ter as estatísticas para ter os números certos então eu tava vendo todo mundo achando tudo e e eu eu passei a ter um interesse maior pela política de uns 15 anos para cá você como todos os brasileiros que estão né interessados em fazer a diferença em mudar alguma coisa né sim mas também não queria falar de política de um jeito entendeu achismo né partidário ou não você tá errado eu tô certo entendeu acho acho bom entender como a política chegou até aqui né quais foram sempre as relações entre igre e estado que isso sempre esteve presente na história Isso não é um fenômeno de agora então como isso foi sendo construído sabe eu me interesso por isso de falar fundamentando assim né agora Tive que trancar a faculdade é isso i falar não dá tempo né Dá tempo de malhar também pelo menos tá malhando não não ch parada eu chego lá você tem três filhos João de 21 é ela de 12 a Lana de TR teve ele com você teve esses filhos com mulheres diferentes em diferentes momentos da sua vida você foi tem sido um pai diferente para cada um porque imagina com né com umidade você é um tipo de pai com outra idade você é outro tipo de pai qual é o lugar da paternidade da sua vida é eu acho que os filhos fazem os pais né assim parece o contrário porque a gente a gente se coloca numa posição de ó eu já sei que isso não vai dar certo não vai fazer né mas as minhas relações sempre foram muito horizontais e e eu sempre escuto muito também aí cada um Veio te trazendo a personalizar a personalidade de cada um foi fazendo você cada um foi foi me dizendo o pai que deseja o pai que que é legal Sabe o pai o pai quando eu prec quando o pai precisa dar um limite é tão bonito isso cara não e é muito bonito também você permitir isso que a criança traga né que a criança traga para você e não ficar nesse lugar também de sabichão né de eu sei e você tem que me obedecer ouvir né é anda mais agora porque imagina eu nasci numa era completamente analógica a gente tá já né digitalizou tudo assim você deve aprender bastante com o João né aprendo muito Aprendo muito e e e aprendo com as minhas filhas também porque sobretudo as as duas né Eh eu fico pensando assim qual é o mundo que elas vão viver a minha de 3 anos por exemplo fala caramba Qual é o mundo que ela vai viver a gente tá falando em transum maniza né inteligência artificial o que que te preocupa nada eu não sei eu tô Estamos indo para algum lugar eu acho que eu confio que a gente eh tenha esse potencial de se adaptar né a ao mundo que a gente vive então certamente a gente vai encontrar um lugar nesse mundo já estamos encontrando né Eh mas eu não sei muito que dizer para ela a não ser valores assim que o que o amor o afeto né troca né mas assim ela com 20 anos ela com 30 anos como é que vai est o mundo daqui a 30 anos as condições climáticas mas eu ouvi você dizer que você faz questão de levá-los ao seu trabalho para saber que você trabalha é é já isso é engraçado porque bom beijo eu tô indo pra noturna aí chega 4 da manhã né Aí eu preciso de vez em quando falar é aqui que eu trab o meu trabalho é real porque Ah mas isso eu falo mais de brincadeira o João sempre frequentou o sets né e e a ela nem tanto mas também né E a pequenininha também já foi a sete eu adoro uma coisa que eu ouvi você falar que é assim ah quando eu comecei a estudar teatro a primeira vez que eu fui fazer um teste no teatro cheguei lá tava todo mundo se abraçando se beijando eu falei ah essa é minha turma minha turma é verdade essa verdade esse bilhete encontrou era e é assim mesmo é porque todo mundo ali se abraçando e selinho falei cara aqui é espetacular adorei adorei e não e aí aos poucos também a gente vai vendo que é um outro pensamento é um outro lugar é uma outra conversa e até hoje é assim não é são são Abraços e beijos né não é não é nesse sentido assim mas é as trocas as conversas são são é um lugar de muita abertura né É um lugar que eu me sinto eu tenho pertencimento à aquele lugar assim sabe a esse lugar Ô Fábio olhando eh para você Como você se joga nas coisas assim olhando pra sua preparação Motel o destino pra sua dedicação quando você quis ficar com aquele corpaço sarado ali na preparação de fim a sua relação com álcool e tudo eu tenho a sensação de que você é intensidade em pessoa assim há um buraco estrua e que você busca preencher ou é mesmo uma inquietude eterna diante da vida Olha eu não sei se eterna mas é uma inquietude é uma inquietude É porque eu não tenho uma coisa de Ah tá tudo resolvido Então agora eu vou sentar aqui vou sabe não tem esse sossego tem uma ine é ruim né quando eu sossego eu falo pera aí tem o o cadastro do do site tal que tá pendente eu arrumo alguma cara são coisas banais que eu podia falar depois você faz sossega não tem a coisa pendente que eu tentei pô foi para um e-mail que deixa eu refazer a senha do meu e-mail sabe coisas assim tem o que você identifica na sua infância no seu Milar ali das suas referências dentro de casa o que que você identifica que foi fundamental ali para esse lugar da intensidade para esse lugar da da busca eterna busca assim não sei não sei eu acho que é uma coisa que veio comigo assim porque é uma é uma inquietude para tudo assim eu não tem uma cena que eu termine primeiro que eu não gosto de ver revisão às vezes a a direção fala vem ver eu falo não não não precisa porque eu sou gosta de se assistir eu sou muito crítico e se eu assistir eu vou falar pô mas sei lá alguma coisa ali não tá legal não sei o qu então e não é raro é quase a totalidade das cenas que eu faço eu saio da cena passando a cena não acabou ali é como você escrever um artigo e você sair lendo tempo todo o tempo todo para ver Putz tá não sei o que então eu saio de cena passando a cena eu não sei acho que algum problema eu acho que é algum problema mas é uma inquietude tipo podia ter feito essa fala não sei o qu podia ter dado essa dúvida não sei o qu então é tudo cansa né existencialmente talvez is é mas mas não sabe ser outro jeito né sabe de outro jeito é ainda sobre essa intensidade quando eu vou entrevistar alguém eu sempre procuro Ligar para outras pessoas conversar para ouvir outros olhares né daquelas pessoas eh em relação ao entrevistado você estabeleceu uma parceria muito legal com a Luísa Lima que é minha grande amiga diretora você fez com ela como nascem os fortes você fez com ela onde está meu coração né E aí ela é apaixonada por você né Ela diz que quer trabalhar com você para sempre e tal né não ali é isso da amor assim e ela ela ela disse umas coisas muito interessantes que é assim né eh que você chega no set disposto a tudo que você se joga sem para-quedas que é um ator que entrega a própria vida e aí conversa com aquele lugar que a gente tava falando de se encontrar né de encontrar coisas de si pro personagem e que ali naquele trabalho do da era um trabalho complicado né era um trabalho eh eh você vivia o pai da Letícia Colim que era uma jovem médica de classe média alta dependente química com a família estruturada e que ajudava a desmontar certo estereótipo né da dependente química enfim era classe média alta e tal e que a a aí a Luísa falou cada um veio com o que tinha a Letícia veio Enfim vocês vocês eh propuseram ir no Narcóticos Anônimos Vocês tiveram esse momento né um lugar que você já teve uma relação e que você veio ali muito generoso que é o que é a oportunidade de viver os personagens você se colocou ali num processo su vi jog trabalho jamais teria sido daquele jeito se não fosse você assim você também foi assim que importância foi fazer aquela série Nossa incrvel incrvel bom primeiro a Lu não só é uma diretora extraordinária Mas é uma pessoa que éo afeto ela também no fo maroso porque a gente tinha a Mariana Lima que também é uma pessoa que transita nesse lugar do do do afeto das personagens né de de estar aberto totalmente passional Mariana né e Lua e Letícia né então ali tinha uma coisa realmente muito forte assim de de paixão pelo que tá fazendo e de entrega e de escuta de tudo foi um trabalho realmente incrível eh mas a questão da da da história assim [Música] eh Eu sempre gosto de pontuar que antes de qualquer coisa é um trabalho de ator né eu não fui lá para para exorcizar nada nem para resolver nada mas eh para fazer o meu trabalho né Eh e é o que eu te falei a gente vai buscando dentro da gente a gente tem as ferramentas que a gente tem então foi muito interessante a Letícia me procurou para conversar antes da série ela queria conhecer mais sobre o assunto e tal não sei o quê e nós fomos ao ao eu não lembro se foi o na ou o aa mas a gente foi eh você sugeriu pessoas para conversar né pessoas que tratavam do assunto é a gente é eu trouxe um grupo eh que foi até um grupo que o que o presidente Lula ele ele convocou um grupo eh na eleição eh antes dele ser preso porque ele ele queria um programa de governo voltado para esse assunto então ele chamou várias pessoas psiquiatras pessoas de de Gestão Pública de saúde enfim e me chamou para Tatar da dependência química para tentar numa discussão elaborar um plano de governo dentro desse assunto assim acabou que não se desenvolveu mas a gente ficou com esse grupo né porque teve Ele foi preso enfim a gente mas que interessante ele te chamou para fazer parte maravilhoso maravilhoso e e foi uma reunião de 4 horas ele ficou presente durante às 4 horas era capitaneado ali pelo Alexandre Padilha que é médico e que e enfim o fato que eu que eu quero falar é que muitas dessas pessoas eu trouxe da série para fazer uma partilha de todo mundo ali falando sobre o assunto entendeu isso foi muito interessante acho que deu uma visão para todo mundo ali primeiro assim para ter um respeito pelo tema né Eh acho interessante isso que você falou também eh sobre o estigma eh do pobre em relação a isso do morador em situação de rua né da pessoa em situação de rua da Cracolândia que tá voltou a ser discutido agora porque assim eh Por que que a Letícia por que que a personagem da Letícia não era uma pessoa em situação de rua porque ela tinha a casa então a gente fica falando marginalizando as pessoas que estão em situação de rua mas as pessoas estão em situações de rua porque elas não TM casa não é porque elas se drogam porque elas são assaltantes elas não t casa então a gente tem que tirar um pouco sabe se se tem um recorte desse grupo social que faz uso de droga você não pode dizer pô bando de drogado tem que tirar da conta do usuário tem que resolver a habitação no país sim tem que resolver isso é uma coisa anterior né agora se eu vou morar na rua se eu tô não tenho emprego se eu sou estigmatizado entendeu se eu não vou ter chance nenhuma de um trabalho quem é que vai me julgar eu tá ali na rua e sabe como é que como é que como é que é isso sim não mas então então desculpa o fato da Letícia fazer uma médica eu acho que mostrava que a compulsão eu ten que desassociar a compulsão por qualquer coisa com a pessoa numa situação eh de vulnerabilidade de vulnerabilidade morando na rua Sim sim e a série foi muito sensível ao tratar do tema né discutiu Inclusive a coisa da internação compulsória né E você acha que a gente tá começando a debater esse assunto de uma maneira mais bacana assim eh digo de forma mais empática né porque assim as pessoas julgam tanto né as pessoas apontam logo o dedo criticam eh e aí a série veio na TV aberta depois foi passar na TV aberta né e falando disso de uma de uma maneira como você falou repleta de estudo repleta de vivência então você acha que a gente tá trazendo esse assunto de uma maneira mais empática acho tão difícil falar sobre isso porque teve uma entrevista que eu dei que eu falei eu sou contra internação compulsória Porque de fato eu acho que ninguém vai ser curado de uma coisa que ela não quer ser curado adianta não tem casos de de pessoas mais velhas assim que fala ah eu não vou fazer essa cirurgia não já não vou fazer tô bem assim vou morrer assim você já ouviu alguém falar isso claro não então assim não adianta falar não você vai fazer a cirurgia não adianta porque entendeu a cura ela não é só um um procedimento técnico ela precisa da sua da sua energia para que ela aconteça né você não vai ser curado de uma coisa que você não quer ser curado entendeu eh Então esse esse processo de autoboicote que é a compulsão eh ela precisa de você ela não precisa de procedimentos então por isso eu já falei isso mas eu me arrependi Porque também tem casos extremos que a pessoa precisa de uma intervenção de uma intervenção de outros é mas ali não sei durante um mês né Tem pessoas que ficam 5 anos internadas Então eu acho que todo esse assunto de legalização prisa ser entendida a legalização a legalização não é uma permissividade não é uma torcida para que todo mundo use ou para que entendeu a legalização é você tirar isso do Crime Organizado tirar isso do crime e olhar para isso com com afetividade né Eh então hoje eu procuro ter muito cuidado falando sobre isso porque tem casos que sim precisa ter uma intervenção uma internação compulsória e tem outros que não então como eu também não sou médico eu também não não gosto muito de me colocar nessa posição de que eu sei eu não sei né mas eu acho que precisa ser revisto a sociedade precisa olhar para isso com mais de uma forma mais humanizada sabe de uma forma e as novas gerações também podem contribuir para esse debate você conversa sobre isso com seus filhos com certeza eles têm uma visão já bem contemporânea que que diz sobre como como tipo meu filho por exemplo ah ão fazendo ali eu não vou tipo não vou mas não vou dizer não vou julgar e tal é eu tenho respeito pelo processo de cada um mas enfim não não é a minha turma entendeu eu acho eu acho bonito isso no João que ele ele sabe o que ele quer mas eu nunca vi o João julgar ninguém nem estigmatizar ninguém então já acho uma visão já bana muito bacana o que tem te deixado mais feliz atualmente descansara que não acontecendo muito não é mesmo é não assim eu eu sempre tô feliz com os trabalhos assim com meus filhos mas eu tô num estado de alegria bem constante assim o trabalho te dá isso né É É eu tô estável assim sabe com uma alegria não é uma alegria eufórica sabe não é uma animação sabe é uma coisa de eu tô tranquilo e vai se mudar pro Rio vou mudar pro Rio Que bom agora no final do mês eu te agradeço muito por você ter vindo aqui foi uma conversa ótima Sempre é muito bom conversar com você obrigado obrigado obrigada

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