Jorge Mário Bergolho, o Papa Francisco, faleceu na segunda-feira, dia 21 de abril, aos 88 anos. Francisco sempre foi conhecido por seu estilo de vida simples e humilde, algo que o acompanhou até mesmo após a sua morte. Em junho de 2022, ele deixou para trás seu testamento e nele expressou sua vontade de realizar diversas alterações da maneira pela qual os papas são normalmente enterrados. Ao invés de três caixões, ele optou por apenas um e ele especificou até mesmo o local em que seria enterrado, terminando com a tradição secular. Nesse vídeo, você vai conferir melhor quais foram essas alterações que Francisco pediu e quais os motivos que o levaram a mudar as tradições da igreja, algumas com mais de 100 anos, hein? Além disso, também vai entender o significado e a origem dos três caixões. Uma prática tão antiga que remonta desde a Idade Média. Na verdade, não há registros de uma data específica de quando a prática dos três caixões começou a ser utilizada. Pesquisadores apontam que os primeiros indícios remontam desde o século IX, quando imperadores e figuras religiosas importantes passaram a ser enterrados em mais de um caixão, especialmente em um caixão de chumbo, o qual fornecia proteção extra contra a deterioração e contra possíveis saqueadores de túmos. Já no Vaticano, essa prática começou a entrar em vigor entre os séculos XI e X. O primeiro papa a ser enterrado especificamente com o sistema de três caixões foi o Papa C, falecido em 1484. Após ele, a representação com os três caixões passou a ser mais comum. Mas o que, afinal de contas, esse sistema representa? Qual é o seu verdadeiro significado? Os três caixões funcionam como um sistema de encaixe similar a uma boneca russa, na qual cada um se encaixa dentro do outro com o corpo do papa no interior deles. O primeiro caixão é feito de sepreste. Uma madeira considerada como símbolo de pureza e imortalidade. Trata-se do caixão mais íntimo, pois é nele que o corpo do Papa ficará em contato direto. Sua representação está marcada como a humildade da vida cristã e a fé na ressurreição. Ao lado do corpo do Papa é também colocado um documento com o discurso preferido sobre ele no funeral, além de várias moedas de ouro, prata e cobre, todas elas representando o tempo que ele serviu como bispo de Roma. Em seguida, esse caixão de CPRES é colocado dentro de um caixão de chumbo. O caixão de chumbo tem vários significados históricos. Primeiramente, ele serve como uma preservação para o corpo do Papa, evitando que o corpo se deteriore rapidamente. Ele também é uma camada protetora, protegendo o papa de assaltantes ou malfeitores. Além dessas funções, ele também simboliza a firmeza da fé e a dureza das responsabilidades do papado. O nome do Papa é gravado no caixão, bem como as datas de início e fim do seu papado. E por fim, temos o último caixão feito de madeira nobre, a qual pode ser de Nogueira ou de Carvalho. É esse o caixão que estará visível durante toda a cerimônia de sepultamento. Ele representa a honra e a dignidade do Papa. Esse caixão é fechado com pregos de ouro e, por fim, ele carrega consigo um pergaminho com várias conquistas do Papa. Você aí já conhecia essa tradição dos três caixões? Trata-se de uma tradição bastante luxuosa, sendo que Francisco, desde seu primeiro dia de papado, tentava se afastar o máximo dessas tendências. Ele sempre defendeu a ideia de uma igreja pobre para os pobres. Pensando nisso, em 2022, ele realizou importantes mudanças no livro Ordo Ezequiar Romani e Pontífices, o rito do funeral do pontífice romano. Dentre as principais mudanças, ele dizia que o funeral do pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não o de um poderoso deste mundo. Francisco eliminou a prática do sepultamento em três caixões. Ao invés disso, ele deixou claro seu desejo de ser enterrado em um único caixão de madeira revestido de zinco. E isso reflete diretamente o estilo de vida que ele próprio sempre levou, focado na simplicidade e humildade. Esse é o testamento que ele escreveu em 29 de junho de 2022, ele diz que o túmulo deve ser no chão, sem decoração especial e com uma única palavra. Franciscos. Essa não foi a única mudança que ele solicitou. Tradicionalmente, os papas são sempre enterrados na Basílica de São Pedro, localizada no Vaticano. Tradição esta que também foi quebrada. Francisco foi o primeiro papa em mais de 100 anos a ser enterrado fora do Vaticano. Em seu testamento, ele expressava a vontade de ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Em suas próprias palavras, ele diz que sempre confiei a minha vida em ministério sacerdotal e episcopal, a mãe do nosso Senhor, Maria Santíssima. Por isso, peço que os meus restos mortais repousem, esperando o dia da ressurreição na Basílica Papal de Santa Maria Maior. Fontes próximas ao Papa confirmam o grande carinho que ele tinha pela Basílica, tendo ido ao local por mais de 100 vezes para rezar, inclusive antes e depois de suas viagens internacionais. Logo após o falecimento de Francisco, o Vaticano deu início às etapas que consistem os funerais papais. A primeira etapa teve como figura central o cardeal Kevin Joseph Farel, que conforme a tradição, deve chamar três vezes o pontífice pelo nome de batismo, Jorge Mário Bergólio. Quando o Papa não retorna o chamado, o cardeal dá por confirmada a sua morte. Depois disso, ele realiza o ritual para a destruição do anel do pescador, o símbolo do poder papal, de modo que ninguém possa utilizá-lo para outros fins. O corpo de Francisco ficou exposto durante três dias na Basílica de São Pedro para que os fiéis pudessem prestar uma última homenagem a ele. Seu funeral ocorreu no dia 26 de abril, reunido cerca de 400.000 1 pessoas, católicos, membros da igreja e chefes de estado do mundo inteiro compareceram. O caixão com corpo do Papa foi levado para a praça de São Pedro. O caixão, assim como era a vontade de Francisco, era construído de madeira simples e sobre ele foi colocado o livro do Evangelho aberto. Uma verdadeira multidão acompanhou os últimos momentos daquele considerado por muitos um dos mais amados ao ocupar o papado. Em seu último discurso, o cardeal Giovanni Batista Reestou homenagens ao Papa, lembrando de momentos marcantes dele e, principalmente, de sua luta para que o mundo construísse pontes e não muros. Com isso, Francisco nos deixou a última grande lição de seu pontificado, que a verdadeira grandeza está na humildade. Até a próxima. M.
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