fbpx

Maternidade obrigatória | Mariana Varella | Cabine #07

Maternidade obrigatória | Mariana Varella | Cabine #07

Será que a mulher nasce pra ser mãe? Será que esse é um destino biológico do qual ela não pode escapar? A idéia de que a mulher é dotada de um instinto maternal biológico já é introjetada desde a infância, quando a menina ganha a primeira boneca. Ela aprende desde cedo

A ser doce, bondosa, amável, acolhedora. Características que serão requisitadas mais tarde, quando ela for mãe. Tudo leva a menina pra maternidade: as histórias infantis, as novelas, a família. Que menina nunca brincou de mamãe e filhinho? Brincadeira odiada pelos meninos. Já os meninos podem se arriscar, se aventurar, ousar, questionar. Escolher!

Eu não consigo engolir que exista um instinto materno biológico, quando tudo o que vejo é uma sociedade que educa meninas para ser mães. Por mais que as mulheres tenham características biológicas que as preparem para maternidade, ser mãe não é destino. Deve ser escolha. Ter filhos pode ser muito bom.

Mas como tudo na vida, tem um lado bem difícil em ser mãe. O pior não é amamentar, trocar fralda ou aguentar malcriação. É ter de aguentar isso tudo sozinha. E não há desculpa pra isso, porque tirando a amamentação, não há tarefa com os filhos que os homens não possam fazer.

Afinal não é preciso nenhuma característica biológica especial pra trocar fralda ou levar o filho ao pediatra. São raros os pais que, de fato, compartilham os cuidados e responsabilidades diárias com os filhos. E eu não tô falando em ajuda, mas sim divisão. Quantos você conhece? A mulher é quem abre mão da própria individualidade

Que faz concessões profissionais. Mesmo assim, se ela ousar dizer dizer que não deseja ter filho, é vista como fria, pouco afetiva, problemática, até egoísta. A mulher tem que ter o direito de pensar em si, de fazer escolhas. E abrir mão da maternidade imposta é uma possibilidade, assim como ter filhos.

O importante é que essa escolha seja respeitada e que a mulher possa escolher se quer ter filhos, quando quer tê-los e quantos filhos deseja ter. E isso não tem nada a ver com caráter, com egoísmo nem com sacrifício ou com bondade. Tem a ver com liberdade. Eu sou gay. Então muitas vezes,

Eu me deparo com situações assim. Quando eu sou apresentado pra alguém e a pessoa fala, achando que está arrasando: Nossa, mas você é gay? Nem parece. E ela fala isso como um elogio. Pode perceber. Pra começar, isso é péssimo. Porque eu sou gay, sim. E eu quero me parecer com uma pessoa gay.

Fonte





Fique informado(a) de tudo que acontece, em MeioClick®