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Por que é tão importante preservar a nossa biodiversidade? | Recorte

Por que é tão importante preservar a nossa biodiversidade? | Recorte

A Amazônia é a floresta mais biodiversa do mundo. Eu já tive o privilégio de ver essa biodiversidade de perto muitas vezes — mais de cem vezes fácil. A riqueza de espécies existentes na natureza é fundamental para nossa sobrevivência. Você sabe por quê? A biodiversidade é o conjunto de todos

Os seres vivos que habitam o nosso planeta. Isso inclui os animais, as plantas, os microorganismos e, claro, nós, os seres humanos. A interação da biodiversidade é o que nos proporciona o ar que respiramos, os alimentos que nós consumimos, a energia que usamos para realizar nossas atividades

E os materiais para todas as coisas. Todas as coisas. Mas e o problema, qual é? É que o homem cada vez mais interfere com esse equilíbrio de forma negativa. O Parque Estadual Serra Ricardo Franco é um exemplo importante… Essa é a Cristiane Mazetti, especialista do Greenpeace Brasil.

É um parque foi criado em 1997, é uma unidade de conservação de proteção integral, o que significa que não pode ter fazenda ou desmatamento no seu interior, mas não é o que a gente observa. A gente vê que tem uma série de fazendas, e que gado está sendo criado ali,

Inclusive entrando no mercado. A situação do parque não é um caso isolado, e se repete em outros lugares na Amazônia. Infelizmente estamos assistindo uma escalada de desmatamento em terras públicas, e em decorrência de uma série de ações propostas que estimulam a impunidade. E passando a boiada. Passando a boiada.

Mas você acha que é só o desmatamento que prejudica a nossa biodiversidade? Existem vários outros fatores que são extremamente prejudiciais à manutenção do equilíbrio ecológico — as construções de barragens, a exploração mineral, a queima de combustíveis fósseis e o que a gente viu mais recentemente nas notícias: as queimadas.

Quando acontecem as queimadas, os prejuízos ao meio ambiente continuam por muito tempo depois que o fogo foi apagado. Incêndios, como os que atingiram o Pantanal em 2020, afetam diretamente a fauna e a flora, e os animais que sobrevivem às chamas têm poucas chances de voltar a viver livremente na natureza,

Porque eles ficam com sequelas graves, e o bioma não pode se regenerar a tempo de reabrigá-los. O número de espécies está declinando mais rápido do que em qualquer momento da história humana na Terra, e a ação humana é o grande elemento acelerador dessa crise.

Hoje tem cerca de 1 milhão de espécies em processo de extinção, e nós temos hoje no Brasil um investimento muito baixo em pesquisa, então a descoberta de novas espécies é algo lento, ao passo que a destruição dos habitats das espécies tem sido muito acelerada nos últimos anos.

Então, o ritmo das descobertas está num ritmo muito diferente daquele da destruição. Então, podemos estar perdendo espécies que nós nem conhecemos ainda. A Amazônia não é um tapete verde, temos que lembrar que existem pessoas vivendo nas florestas, nas comunidades tradicionais,

E trabalhando para preservar o meio ambiente. E se você está aí assistindo e pensando “mas isso não tem nada a ver com a minha vida”, achou errado. O desmatamento adoece. Ele favorece a transmissão de doenças que passam de animais para seres humanos, e facilita o surgimento de epidemias.

Todos nós estamos sentindo na pele, há mais de um ano, os efeitos de uma pandemia global. Coronavírus. Por causa do desmatamento, falta espaço para que os animais selvagens possam continuar vivendo isolados, separados da gente, cada um no seu canto. O resultado disso é que cada vez mais

Temos contato com seres que carregam patógenos causadores de doenças infecciosas. A Amazônia é, digamos, considerada um grande celeiro de potenciais vírus… Esse é o Jean Paul Metzger, professor do Instituto de Biociências da USP. Que podem vir a infectar humanos, né. É importante a gente ter esses corredores

De áreas protegidas, com a biodiversidade dentro desses corredores, dentro de um equilíbrio natural, a gente consegue mapear onde estão os hotspots de área de risco — que são áreas de alta biodiversidade, que são áreas onde você tem população vulnerável e que são áreas onde você está tendo degradação ambiental.

Você vai ter áreas vermelhas, de riscos de novas pandemias, e onde a gente deveria agir, através de uma vigilância mais atenta, detalhada. Eu já estive na região do Baixo Rio Negro, na Amazônia, muitas vezes, há mais de 25 anos. Olha eu mais noivinho aí. Eu faço parte de um projeto que coleta

Espécies de plantas da floresta Amazônica, para obter extratos vegetais e testar a sua ação no combate às células cancerígenas e à bactérias resistentes a antibióticos. Durante todo esse tempo nós coletamos mais de dois mil extratos. Em alguns deles nós identificamos atividade farmacológica contra alguns tumores e bactérias.

Quantas espécies diferentes nós temos numa parcela dessa de 100×100 (10 mil m²)? Aqui a gente tem em torno de 90 espécies, que já é bastante, mas existem áreas aqui na Amazônia, mesmo aqui na Amazônia Central, que chegam, ultrapassam de 230 espécies… É, se fizer isso numa floresta norte-americana

Ou europeia, quantas espécies eu encontro? No máximo 30 espécies. De 20 a 30 espécies. Em algumas, de 10 até menos… Diferença considerável, né? É isso que se chama biodiversidade, né. Megabiodiversidade! O Brasil é o país mais biodiverso do mundo, né, e grande parte dessa biodiversidade está aqui na Amazônia.

E como faz para manter tudo isso? Não tem muito segredo. É preciso investir em ciência e em estudos para reverter os danos causados pelo desmatamento. O país que abriga a maior biodiversidade do mundo deve ter como prioridade a pesquisa científica. E olha, potencial é o que não falta.

Muita gente acredita que não dá para ter crescimento econômico sem desmatar, mas o que acontece é o contrário: o desmatamento é prejudicial também, e principalmente, à economia. Isso porque a natureza saudável nos oferece chuva, clima equilibrado, solos férteis e serviços . ambientais que permitem atividades econômicas.

Diversos países já questionam negociações e acordos comerciais com o Brasil, justamente, por conta das exigências em relação às origens dos produtos. Muitas empresas repensam a aquisição de produtos brasileiros por não terem a garantia correta de que essa produção não promove mais desmatamento. Nós não podemos aceitar o retrocesso

Que vem acontecendo. Há muitos anos já sabemos que uma biodiversidade protegida só traz benefícios para o planeta. Preservar as florestas e a nossa biodiversidade é uma questão de sobrevivência. Se é ela que nos fornece absolutamente tudo — o ar, os alimentos, a energia e os materiais —,

Pode até soar como clichê, mas é verdade: nós precisamos proteger os nossos recursos naturais. Eles são a nossa maior riqueza.

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