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Pra quem eu vou contar? – Um retrato da violência doméstica no Brasil

Pra quem eu vou contar? – Um retrato da violência doméstica no Brasil

[Música] Começou assim mais ou menos uma vez por ano ele as agressões ali né parece que ele ia guardando guardando e daí depois era por qualquer coisa às vezes por ciúmes às vezes por uma mentira que ele contava e eu pegava que eu fazia o que ele fazia eu era culpada sabe pras pessoas ele era muito bom sabe se eu falar ninguém vai acreditar Eu não conhecia violência doméstica sabia que eu estava sofrendo mas eu não não tinha o nome eu sabia que existia dessa maneira eu conhecia casos esporádicos mas hoje como a gente tem estatísticas né nós não tínhamos essas estatísticas então eu sabia que eu precisava sair mas eu tinha medo dele foi caté você eu nunca vou me separar de você você nunca vai se separar de [Música] em todos os cantos do Brasil por trás de portas fechadas há histórias de Sofrimento silencioso a violência doméstica se esconde nas sombras da intimidade mas suas consequências ecoam nas salas de emergência nos consultórios médicos e nas unidades de Atendimento à saúde [Música] mental em 2023 81 Mulheres foram vítimas de violência doméstica no Brasil Isso significa que a cada 24 horas oito Mulheres foram agredidas por companheiros ou familiares hoje eu vou conversar com a Bárbara uma das mulheres que acionou o canal da mulher do Magazine luí e conseguiu ajuda para sair de um relacionamento abusivo como muitas mulheres esse era seu primeiro relacionamento tudo parecia bem e ela tava feliz [Música] Ah eu acho que como qualquer mulher eu sempre sonhei em ser feliz né primeiramente reconstituir uma família ser feliz ter um emprego eu tinha de 15 para 16 anos e isso a gente já começou a namorar e daí eu morava só com minha mãe né aí com 16 17 anos ele já estava morando comigo e com a minha mãe a gente trabalhava junto fazia alguns bicos na na noite né que ele trabalhava de segurança e às vezes ele levava para trabalhar em bar né fazendo brinques essas coisas então a gente e digamos assim durante a noite a gente trabalhava junto durante o dia a gente estava em casa então para mim tava bom na época né No início olha para ser bem sincera quando eu tava grávida do meu primeiro filho com ele ele simplesmente saiu de casa assim ficou um final de semana todo fora me deu um estado de alerta né que aquele príncipe que eu imaginava né No momento que eu mais precisei dele no primeiro momento que eu mais precisei dele ele me abandonou né infelizmente nós estamos diante de uma escalada da violência contra meninas e mulheres no Brasil o que a gente pode chamar de uma violência doméstica intrafamiliar porque é algo que que acontece basicamente dentro de casa cujos agressores são parentes familiares das vítimas E isso se acentuou no pós-pandemia a gente tá falando de um crescimento de todos os indicadores que nós temos hoje à disposição para medir diferentes formas de violência contra meninas e mulheres que passa desde das ameaças e das agressões em decorrência de violência doméstica até aquela forma mais grave de violência que é letal que são os feminicídios que também estão em crescimento no Brasil a maior parte das relações violentas tem a aspectos do ciclo da violência descrito pela psicóloga americana Lenor Walker de acordo com essa teoria na fase inicial de relacionamento homens e mulheres vivem um período denominado de lua de mel com adequação aos papéis estereotipados para cada um todavia ao longo do processo esses papéis podem não ser cumpridos à perfeição soma-se a isso as várias situações da vida que implicam aumento de tensão como desemprego consumo exagerado de álcool uso de drogas traição e problema saúde a violência doméstica veio mais pro final né os primeiros sinais já começaram bem lá atrás só que na época eu não via né no que poderia virar isso né a gente saí pescar a gente fazia lanche a gente viajava bastante pra praia sempre carinhoso sempre me dava presentes até era isso que às vezes me deixava insegura de abandonar e depois que das vezes que ele te batia o que que ele dizia ele pedia desculpa como era ele agia como se nada tivesse acontecido depois que a poeira baixava né ele agia como se nada tivesse acontecido a história da Bárbara não é incomum Existem muitos pontos semelhantes em quase todas as dinâmicas de violência a ativista social Maria da Penha por exemplo viveu situações parecidas com seu ex-companheiro fui até Fortaleza para conhecer a história dela [Música] [Aplausos] [Música] fui fazer o curso de São Paulo a oportunidade de fazer o mestrado e tinha muito cearense lá e a gente fez um gro muito grande de com pessoas do resto do Brasil também e alguns estrangeiros e eu conheci o Marcos nesse grupo de estrangeiros e a gente começou a a namorar ele era uma pessoa super prestativa uma pessoa assim cativante aí Pronto né daí a gente casou ele não admitia erros de criança de por exemplo fazer xixi no chão de por exemplo uma vez a minha mais nova tava aprendendo a andar e foi colocar a mãozinha na parede para ser equilibrar ele deu um tapa na mão que ela se desequilibrou caiu no chão eu digo não faça isso assim tá sujando as paredes Olha isso é lógica olha um caso tão ridículo tão violento que ele começou a querer mostrar publicamente que éramos um casal perfeito e que as crianças adoravam o pai então ele começou a dizer que eu devia educar melhor minhas filhas porque na hora que ele chegava do trabalho ninguém corria para ele para beijar ele as meninas tinham medo dele vamos fazer o seguinte todo dia que seu pai chegar do trabalho a mamãe vai dar um chocolate para vocês escondido dele mas vocês corram para ele e der um beijo dele Se vocês fizerem isso quando ele sair pro trabalho a mamãe dav um chocolate foi como eu consegui que ele ficasse feliz porque as crianças estavam beijando ele entendeu Então eu tinha que criar mecanismo de aliviar um ambiente tão pesado que era passa-se então ao ciclo do aumento de tensão quando aparecem insultos e humilhações os insultos vão se transformando em ameaças até o Episódio agudo de violência com agressões físicas quando a minha segunda filha nasceu já as coisas já não eram tão boas a terceira filha nasceu e ficaram piores então eu cheguei um dia para ele e disse eu acho que a gente tem que romper esse relacionamento que você encontra uma pessoa que lhe faça feliz né e me deixa com minhas filhas cuidar delas com em paz Eu não Isto não é é não é vida para mim eu não quero essa vida para mim ele disse deixe de besteira que eu não vou deixar você você não vai se separar de mim então ele tinha pico Sabe às vezes final de semana ele bebia muito aí ele ficava muito alterado aí às vezes ele passava a semana é assim de boa só trabalhando cuidando da gente sabe era outra pessoa parece que ele se transformava realmente aí na época que o meu menino devia ter uns seis anos e a menina uns cinco a gente teve uma briga bem feia dentro de casa né que eu descobri outra traição dele aí eu lembro que eu que as crianças não não estavam em casa e eu estava passando o pano na cozinha aquele dia foi bem Cruel assim ele me pegou pelos cabelos me jogou no chão me deu vários chutes sabe me deixou todo cheio de hematomas né só que assim eu nunca nunca consegui contar nada para ninguém eu escondia sabe porque eu me sentia muito culpada que eu estava deixando que eu não tinha coragem de de abandonar essa vida então eu tinha muita vergonha assim sabe [Música] a Dra Maria IV bolos é infectologista e uma das fundadoras do núcleo de atendimento a vítimas de violência sexual naves que funciona dentro do Hospital das Clínicas em São Paulo ela atende há mais de 20 anos todo tipo de vítimas de violência sexual as mulheres de todas as idades representam 82% dos pacientes do as pessoas perguntam por as mulheres silenciam a violência certo primeiramente pelas aças porque elas são bem reais segundo por vergonha por constrangimento elas se sentem humel às vezes ela procura no lugar de procurar o hospital elas procuram Primeiro as delegacias que não são as ddms as delegacias das mulheres então às vezes elas são a Ameaça é o que faz mais silenciar por isso que a gente fala tanto que a violência doméstica é uma é uma violência que tem essas raízes culturais porque a gente tá falando de uma forma de controle desse homem sobre essa mulher cujo grau máximo é o feminicídio e qual que é a história clássica do feminicídio no Brasil é uma mulher que resolveu se separar que resolveu se divorciar e o homem que não se conforma com a decisão de ser largado com a decisão dessa mulher de seguir em frente vai lá e resolve matá-la a gente se sente propriedade da pessoa como se ela fosse tua dona tipo assim a minha vida toda era dedicada a ele tudo que eu queria pedia para ele tudo que eu não eu sentia necessidade eu falava para ele como se eu fosse um de propriedade dele literalmente fosse um produto dele essa aqui é a casa onde a Maria da Penha sofreu a tentativa de homicídio que mudou completamente a vida dela a partir daí se iniciou uma batalha judicial que demorou mais de 10 anos para que a violência fosse reconhecida em 1983 a Maria da Penha foi vítima de uma tentativa de assassinato pelo ex-marido levou um tiro que a deixou paraplégica eu acordei com um forte estampido dentro do quarto imediatamente o meu primeiro pensamento foi puxa o Marco me matou porque eu não consegui mais me mexer eu comecei senti um uma a um um gosto metálico na minha boca meu Deus do céu margat meu Jesus não permita que minhas filhas fiquem ofem de mãe foi o primeiro pensamento aí eu fiquei ali vindo vozes aí a empregada chegou de quem é que tá aí são os vizinhos houve um assalto aqui o seu Marco foi assaltado os vizinhos dentro de casa tinha um casal de médicos vizinh eu escutei quando ela disse assim Nossa ela tá gravemente ferida vão imediatamente levar Hospital eu passei depois desse atendimento 4 meses hospitalizado eu não tinha noção da gravidade do meu caso só sei que eu sentia muitas dores e tive assim um cuidado todo especial da minha família que seava dia e noite agress fo 19 anos depois em 2002 após diversas manobras judiciais que atrapalharam o processo a demora no julgamento do caso gerou revolta e mobilizou organizações feministas e de direitos humanos que denunciaram o Brasil a comissão interamericana de direitos humanos da oa resultando na responsabilização do país pela impunidade a pressão Internacional e a luta incessante de Maria da Penha foram fundamentais para a criação da Lei que leva seu nome em a Lei Maria da pen estabelece medidas de proteção às mulheres em situação de violência doméstica criando mecanismos para coibir e prevenir agressões além de estipular punições mais rigorosas para os agressores a Lei Maria da Penha uma vez promulgada ela mudou de fato o patamar dessa questão deixando de ser algo ali secundário para ser uma questão de estado portanto uma questão que merece política pública orçamento público que precisa da atenção dos gestores do Parlamento do sistema de Justiça sobretudo né é um divisor de águas importante e é o maior instrumento de luta das mulheres no Brasil foi a partir da Lei Maria da Penha que a gente conseguiu também muitas outras conquistas durante minha conversa com Samira Bueno diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública ficou Clara a importância da Lei Maria da Penha para o enfrentamento à violência há 20 anos atrás e nem precisa ir tão longe um um homem que matava uma mulher podia ser inocentado no tribunal de do Júri com a tese da legítima defesa da honra as políticas públicas elas existem em grande medida porque a gente tem avanço na legislação e porque a gente tem a Lei Maria Lei Maria da Penha e a Lei Maria da Penha Não é uma lei penal apenas ela não tipifica um crime é uma lei que fala de prevenção é uma lei que fala de acolhimento então é uma lei que tá entre as melhores do mundo porque justamente tá olhando para as políticas públicas de modo mais amplo entendendo que por mais que seja importante acolher a mulher em situação de violência doméstica e punir o agressor a gente precisa antes de tudo transformar padrões de comportamento precisa alterar essa cultura que entende que o homem tem propriedad sobre o corpo da mulher que ele tem direitos sobre essa mulher que na prática ele não tem se a gente não transforma essa Cultura a gente não consegue romper com essas diferentes formas de violência que atingem meninas e mulheres no Brasil uma das coisas mais importantes assim que eu encontro na lei Malia da P porque ela é bem estruturada para atender a vítima de violência doméstica existe o centro de referência da mulher a casa briga delegacia da mulher o Juizado né e que não é necessário que todos os municípios possuam essas políticas públicas Tem que existir ao menos uma política pública em cada município por menor que seja nesse município pequenininho que exe existe a política pública mais importante que eu acho é o centro de referência da mulher que é um local onde a vítima ela vai ser atendida por um advogado um assistente social e um psicóloga ela vai contar as suas angústias e se esclarecer de que maneira ela pode sair daquela situação Então vamos supor que esse centro de referência seja colocado dentro de uma unidade de saúde porque todos os municípios possui unidade de saúde Então dentro da unidade de saúde que existe esse espaço de maneira discreta de essa mulher entre conte os suas mágoas compra Conte a sua situação e seja orientado ou encaminhado caso caso seja mais grave para uma macr região a melhor resposta para interromper o ciclo da violência é a denúncia falar para alguém de confiança ou a um órgão responsável sobre o que está acontecendo com você é o primeiro passo para conseguir ajuda Vou tentar né Entrar na na magalu para ver se dou um pontapé inicial para uma virada de chave Fiz todo o processo foram acho que quatro ou cinco etapas eu consegui E durante essas etapas eu descobri que a magalu tinha o canal da mulher e aí eu fui estudar a fundo que do que se tratava e eu vi que encaixava perfeitamente com o que eu tava vivendo então eu entrei no magalu em outubro né de 2019 aí eu lembro que foi no Dezembro né dia 31 de Dezembro de 2019 que eu sofri uma agressão sofri abuso n me pegou a força me deixou com vários hematomas mordida beliscões fiquei cheio de hematomas ai até bem complicado falar [Música] porque lembrar [Música] n aí de manhã eu acordei e pensei que eu precisava [Música] precisava botar um fim um ponto final desse sofrimento aí às 6:30 da manhã eu mandei uma mensagem no workplace nem sabia para quem que eu tava enviando só simplesmente Enviei e abri meu coração falei que eu eu tava num relacionamento abusivo há uns 10 anos mais ou menos né E que eu precisava de ajuda orientação e as meninas foram muito rápidas ela já acionou uma psicóloga já acionou as pessoas responsáveis pelo canal e no mesmo dia eles me ligaram entraram em contato tudo para entender o que que acontecia E aí eu consegui abrir meu coração pela primeira vez pedir ajuda [Aplausos] [Música] [Aplausos] [Música] Qual que é o impacto do atendimento à violência sexual pelo SUS inicialmente é um é choque é choque então eles têm medo Eles elas choram elas silenciam elas precisam identificar primeiro o que aconteceu com elas por isso que elas ficam em silêncio até quando elas identificarem o próximo passo é para quem eu vou contar que também Elas têm dificuldade para quem eu vou contar em seguida começa a insônia a ansiedade nos periódicos da psiquiatria eles estudam muito esse tipo de reação certo e tem uns trabalhos interessantes que eles falam muito de culpa e medo porque a violência leva isso leva medo mas também leva culpa sim a maioria das vezes as pessoas falam essas mulheres precisam se empoderar vamos conjugar esse verbo certo essas mulheres precisam de apoio da família de apoio da dos amigos do apoio da sociedade a maioria das vezes essas mulheres não trabalham fora elas se dedicam totalmente à educação dos filhos e os trabalhos domésticos ela precisa procurar emprego para isso ela precisa de creche para os seus filhos nenhuma mulher quer ficar presa ao o ciclo da violência nemum mulher gosta de sofrer a violência mas para ela sair ela precisa para ela se empoderar ela precisa de muita ajuda é eu tava sentada no sofá fazendo uma compra online e ele tava na cozinha Tomando café aí a gente começou a discutir ali por ciúmes ele veio pulou em cima de mim começou a me agredir me deu muito soco muito murro sabe no outro dia na segunda só fiz uma maquiagem para esconder os hematomas e fui trabalhar até que houve um dia né né que a minha gestora informou que algo de errado tinha acontecido né inclusive ela ela tinha uma marca no rosto meu gerente me chamou mandou sentar na mesa dele e perguntou o que tava acontecendo comigo que não foi nem uma nem duas nem três pessoas que comentaram que estava acontecendo alguma coisa comigo aí eu desabi nesse caso ela mesmo já tinha entrado em contato com o canal da mulher e eu também já recebi daí inclusive comunicação da da empresa mesmo né aí o canal da mulher me orientou a ficar fora de casa naquela noite e a separar as coisas dele e dizer que eu só ia voltar para casa Quando Ele saísse nós aconselhamos ela a ir até a delegacia fazer o boletim de ocorrência né informar as autoridades eu soube que o Magazine luí se dispôs a na parte jurídica também se fosse sair de casa né se precisava de ajuda nessa situação daí eu só escrevi uma mensagem no WhatsApp para ele né contando que não dava mais que eu ia sair de casa aqui eu só ia voltar quando Ele [Música] saísse quando ele chegou do trabalho que ele viu que não tinha ninguém não tavam as crianças não tava eu aí Ele surtou mais de 200 ligações mensagens aí com uns de ameaça né que ia me matar que ia acabar com a minha vida que ia lá no magalu ia quebrar tudo que ia fazer eles me demitir aí na terça-feira acordei fui trabalhar normalmente fui no meu armário peguei meu celular assim quando eu olho meu celular as mensagens dele né tô indo aí vou te matar vou acabar com a sua vida aí quando eu fechei meu armário Olhei minha gestora tava ali e disse né Bárbara não desce seu exmarido tá ali embaixo e aí nesse momento a gente fechou ela colocamos ela dentro do [Música] estoque eu fiquei sentada num cantinho lá chorando tremendo muito no escuro né E o pessoal lá embaixo conversando e muito grito e ele me ligava ele mandava mensagem aí o meu gerente foi e falou para ele a gente sabe o que que tá acontecendo a gente já sabe o que você fez com ela o que você faz com ela e ela não quer mais conversar com você ela não quer aí chegou lá a viatura da polícia aí um um policial masculino ficou com ele e uma feminina subiu conversar comigo e aí a gente foi todos pra delegacia a meu gerente foi também para ele falou que ele ia registrar entrar de qualquer forma né mesmo que eu não quisesse ele iria né Aí a gente foi pra delegacia ele ficou né nessa nesse dia foi na terça ainda só que quando eu tava em casa delegado falou que ele ia ser solto não ficou nemhum dia preso nenhum dia ele seria solto por quê a agressão não foi flagrante porque aconteceu no domingo já era terça e apesar das ameaças ele não tinha cumprido nada naquela hora sabe então que ele seria solto então eles saíam soltar ele com uma Medida de proteção de medida protetiva né que não pode chegar perto mas que era para eu ficar em alerta porque ele iria ser solto aí na quarta-feira levei as crianças pra escola e fui trabalhar novamente quando eu cheguei lá eles me dispensaram falaram que era para eu ir pra casa para eu descansar porque eu tinha tido uma semana muito agitada aí eu voltei para casa na quarta-feira antes do meio-dia ainda quando eu olho ele aparece na minha porta ele apareceu lá ele apareceu lá aí ele apareceu como se nada tivesse acontecido vem aqui vamos conversar aí meu eu fiquei assim travada aí quando ele entrou no quarto eu só peguei e saí correndo descalço mesmo do jeito que eu tava saí correndo entrei no carro para lá na Delegacia aí eles mobilizaram e um pessoal dizendo que ia levar eu e os meus filhos para fora da cidade num lugar que se Fica num lugar secreto que é proteção à vítimas alguma coisa assim aí a gente saiu da delegacia eu no meu carro daí duas viaturas de polícia e fomos no colégio buscar meus filhos para eles irem comigo aí a gente foi pra casa e eu lembro que eu mal desci do carro né A minha filha desceu correndo e foi lá para para dentro da casa e ela voltou assim assustada sabe ela falou baixinho para mim ela disse mãe o pai tá lá o policial falou para mim né é Coloca eles na casa da sua mãe para eles não ver aham e a gente vai prender ele tava deitado no sofá assistindo TV sem camisa des sem chinelo assim como se nada tivesse acontecido realmente sabe ele gemado e daí sim ele ficou do anos e meio preso mas a prisão dele foi mais pela quebra da medida protetiva do que pela violência em si sabe aí depois desses do anos que ele ficou né 2 anos e meio nunca mais Ti em contato com ele sabe nunca mais nunca [Música] mais eu considero a violência doméstica como um problema de saúde certamente uma mulher que tá em sofrimento que tá sofrendo com a violência doméstica ela temha diabetes ela tem a pressão alta doenças que começam a aparecer em decorrência dessa violência doméstica mas que muitas vezes não são diretamente conectadas e tem um segundo que diz respeito e ao impacto na saúde dessa mulher após uma agressão propriamente dita né então uma mulher que sofre uma agressão física e que vai procurar um posto de saúde ou um hospital porque precisa de um curativo o custo do presenteísmo no mercado de trabalho porque ela ela precisa de licença porque ela não consegue trabalhar a gente tem uma vítima direta que normalmente essa mulher mas a gente também tem as vítimas que Possivelmente são indiretas em caso de crianças que estão assistindo a essas formas de violência e que também vão precisar de apoio do serviço público na área de saúde na área de assistência social em decorrência dessa violência Mas também muitas vezes direta né então é comum também que o agressor ele agride a companheira mas ele agride os filhos também a gente tá falando de uma violência que normalmente não é provocada com arma de fogo então o agressor ele usa o que ele encontra na frente para agredir essa mulher então é muito comum que essas vítimas e mulheres que são Sobreviventes da violência doméstica e de tentativas de feminicídio elas precisem de prótese dentária porque elas perdem os dentes nas agressões e que elas fiquem com cicatrizes que né porque enfim ele vai lá com uma faca com uma faca com qualquer objeto ponte agudo que ele consegue ferir essa mulher e do ponto de vista psíquico né mental e esse é um dano que é até difícil da gente mensurar porque é um impacto que fica pra vida inteira essa mulher vai sofrer com o trauma de uma relação abusiva em todas as novas relações né Isso vai reverberar na vida dela familiar na vida dela com os amigos na vida dela com futuros relacionamentos quando ela consegue sair daquele ciclo da violência Oi Jean tudo bem tudo bem Jean depois disso sim o pessoal da loja me acolheu muito bem o pessoal do canal continuou né em contato comigo nossa mais de um ano depois ainda eu tinha contato com eles né Eu acho que é muito bacana as empresas terem alguma iniciativa nesse sentido sabe infelizmente é muito comum as mulheres de ver isso no Brasil só que às vezes elas não têm alternativa assim como eu Tinho muito medo né às vezes não tenho uma pessoa preparada um profissional ali para para que possa ajudar né porque talvez se eu tivesse pedido ajuda antes talvez eu teria saído esse relacionamento antes mas o medo não me deixou fazer porque um homem quando quando assumia uma loja ele pensava na venda ele nunca pensava que ele tivesse que acudir uma uma mulher que fse violentada isso amadureceu muito a nossa equipe também então nós somos dos primeiros a falar em briga de marido e mulher ninguém mete a colher o Magal magazine Luísa vai metendo e aí a partir daí a gente fez muita coisa nós temos aplicativo 7 anos atrás ninguém falava disso porque a mulher era sempre culpada de fazer ISO Então existe uma missão muito grande agora esse ano o grupo mulheres do Brasil vai trabalhar em todas as suas unidades a violência contra mulher é a única causa que tá em todo lugar do mundo eu tô fazendo igual a vacina agora em 5 anos nós não queremos a partir do preparando para isso nenhuma violência contra mulher e meninas no mundo aí a gente já montou um comitê Mundial porque pelo menos você melhora quando você lança uma coisa maior assim você melhora porque as estatísticas fica não abaixa eu falei tem que fazer alguma coisa para baixar Porque é muito ruim para todo mundo acaba com uma família dos dois lados o mundo ideal é um mundo em que nenhuma mulher nenhuma menina vai sofrer violência né E se é esse o nosso Norte é isso que a gente quer atingir a gente precisa ter a prevenção né para garantir que esses comportamentos vão ser erradicados que isso deixe de fazer parte da gramática dos nossos meninos a gente não quer que os nossos meninos hoje sejam agressores Amanhã quando forem adultos o acolhimento a essas mulheres que já foram expostas e uma mudança de transformação na transformação do comportamento do agressor né então a gente não quer que o agressor continue sendo agressor a gente quer que o autor de violência doméstica seja um homem que Aprenda a se relacionar sem violência Então me parece que esses três pontos são o que a gente precisa fazer no futuro a gente precisa fazer agora a gente precisava ter feito ontem mas é o que a gente tem de mais urgente hoje sou feliz continuo no emprego eh já fui promovida né dentro da empresa Olha eu ainda sonho em casar É um sonho que eu tenho no meu coração e os meus filhos eu sonho ver eles formados né Eh já me deu muito orgulho né mas eu espero ver eles formados realizados profissionalmente e continuar o relacionamento feliz que eu vivo hoje o Magazine Luisa decidiu criar o canal da mulher depois que uma de suas funcionárias foi assassinada pelo marido desde então mais de 100 mulheres foram atendidas pelo projeto e não houve mais nenhum caso de feminicídio iniciativas como essa reforçam a importância do engajamento de toda a sociedade Inclusive das empresas na redução da violência contra a mulher se houver alguma dúvida sobre o meu caso é só ler o meuu livro que está tudo documentado esse livro eu considero a carta de alforria das mulheres brasileiras [Música] o que a gente precisa é deixar de coxixar quando fala a palavra violar a boca de trombone [Música] C [Música]

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