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“Precisamos apoiar a criação da oferta”, diz professora sobre alta dos alimentos | BASTIDORES CNN

“Precisamos apoiar a criação da oferta”, diz professora sobre alta dos alimentos | BASTIDORES CNN

Para repercutir as reações da economia brasileira em meio a esse cenário de inflação e alta de preços, vamos conversar no Bastidores CNN com Cristina Helena Melo. Ela é professora de economia da PUC São Paulo. Tudo bem, professora? Bem-vinda ao nosso bastidores. Qual é a avaliação que a senhora faz sobre a atuação do governo federal, especialmente diante da alta de preços? Bom, acho que a gente tem aqui uma questão que o arsenal que nós temos, a política que temos de combate à inflação, combate a inflação de termos gerais. Então, a gente teve uma queda do nível de preços, mas não combate o problema específico da alimentação e teve um aumento de preços quase três vezes maior a média de preços. A gente precisa olhar em recursos que auxiliem a produção, o aumento da oferta de bens alimentícios para poder arrefecer o comportamento desses preços. Precisamos apoiar uma ampliação da oferta e com isso, eh, a taxa de juros, que é o nosso instrumento, né, que a gente aumenta a taxa de juros para combater a inflação, ela na verdade torna mais desafiadora e mais difícil aumentar a oferta, porque o acesso a recursos de financiamento para aquisição de máquinas, equipamentos, tecnificação da agricultura, para um transporte mais eficiente, para uma infraestrutura de transporte e escoamento dessa produção. para compras de sementes ou pesquisa, né, investimento em pesquisa para desenvolvimento de sementes mais eficientes, mais produtivas. Tudo isso depende de acesso a crédito e o combate à inflação é feito com encarecimento do crédito. Então isso a gente pode ver, teve uma queda no nível de preços, mas isso não combateu a inflação de alimentos. Então, estamos usando o remédio errado. Professora, em março o governo decidiu zerar as alíquotas de importação de 11 alimentos numa tentativa para conter os preços. Isso foi amplamente divulgado como uma como parte da ofensiva do governo sobre essa disparada dos preços. A medida ela surte algum resultado? O governo apostou certo? Ela deveria surtir um bom resultado, mas ela aconteceu num contexto internacional em que o presidente americano subiu tarifas para diferentes países e ele sofre uma retalhação desses países que deixaram de comprar produtos que tradicionalmente eram exportados paraos Estados Unidos. Estados Unidos e Brasil competem em vários mercados, produção de grãos, produção de proteína. Então o que houve? Houve um deslocamento dessas compras e um aumento das nossas vendas pro mercado externo, o que desabastece o nosso mercado doméstico e pressiona nossos preços internamente. Professora, vamos falar também um pouco de desemprego, né, que atingiu 7% no Brasil nesse trimestre encerrado agora em março. Apesar de uma variação positiva, o í o índice ainda ele é menor pro período na série histórica. qual é a avaliação que a senhora faz, né, sobre eh o que poderia explicar, né, o desempenho desse eh desse índice específico diante também do andamento da atividade econômica no país? Bom, nós fizemos um aumento da taxa de juros. Isso tem um efeito contra de contração da atividade econômica, isso tem efeito sobre o nível de preços e acaba eh impactando na média dos preços. a média dos preços veio caindo. Como os preços de alimento subiram, isso significa que os demais preços caíram bastante significativamente para poder dar na média essa redução. Além disso, nós estamos entrando num período de sazonalidade. É um período em que tradicionalmente o nível de preços tende a reduzir, né? Todos os anos, maio, junho, julho, são períodos de queda do nível de preços. Mas também é isso que a gente observa, essa queda para 0.4 é resultado da política monetária empreendida pelo Banco Central. Professora, na semana que vem, falando nisso, o comitê de política monetária do Banco Central volta a se reunir para discutir a taxa básica de juros, que tá em 14,75% agora. Eh, qual é a expectativa? Eh, devemos esperar por uma nova elevação? Olha, a minha expectativa em particular é de manutenção do atual patamar. A gente teve uma queda da inflação, né? Teve o a, enfim, a política monetária parece estar surgindo efeito, a inflação vai convergindo pra meta, não há necessidade de um novo aumento da taxa de juros. Então, eu tô estou apostando numa manutenção do atual patamar. Professor, agora a pouco falávamos sobre Estados Unidos, guerra comercial com a China, os reflexos no Brasil e, claro, a posição de muita cautela dos nossos negociadores em meio a essa guerra tarifária. Qual é a sua opinião sobre essa posição agora? É uma posição que tem rendido benefícios pro Brasil essa tratativa por pelas vias diplomáticas? Olha, as vias diplomáticas são sempre melhores, né? Então, eu acho que indubitavelmente nós adotamos a postura correta. Eh, em que pese que essa não é não é o tom dado pela política externa norte-americana, que não é nada diplomática. Eu acho que nós estamos conduzindo da forma correta através da diplomacia, mas há uma janela de oportunidade internacional com essa ação do Trump que alguns países estão aproveitando, alguns países têm projetos, estão ocupando espaços de mercado nas cadeias produtivas globais. E eu acho que nós estamos perdendo o time de fazer isso. Acho que precisávamos olhar para essa situação, entender qual é a inserção brasileira dentro deste novo desenho do mercado global, quais são as oportunidades, quais são as ameaças e deveríamos nos dirigir para essa situação. Ou seja, em que pese que a gente tá usando a medida correta através da diplomacia, estamos sendo muito pouco estratégicos, olhando paraa nossa economia. Professora, agradeço demais essa entrevista. Falamos com Cristina Helena Melo. Ela é professora de economia da PUC São Paulo. Espaço aberto. Até uma próxima, professora. Agradeço.

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