[Música] Olá eu sou Drauzio Varella e aqui você vai ouvir outras histórias [Música] no início dos anos 90 acho que 92 Se não me engano eu quis organizar um curso aqui em São Paulo sobre biotecnologia o conhecimento do DNA e da manipulação do DNA das células tava ganhando um grande impulso naquela época e aqui no Brasil as faculdades não ensinavam os médicos mesmo conheciam muito mal essa tecnologia que ganhou o nome de biotecnologia eu nessa época tinha muito trabalho feito com pesquisadores americanos e achei que tinha que fazer um curso aqui no Brasil um curso sobre biotecnologia em câncer e em AIDS que eram as doenças que na época mas estavam sendo influenciadas por essas técnicas de biotecnologia E aí conversei com o pessoal da Unip a Universidade Paulista aqui em São Paulo e nós organizamos um curso só que eu queria trazer pesquisadores assim de nível internacional porque senão não ia conseguir atrair as pessoas e eu tinha um colega na Cleveland Clínica Dr Ronaldo Bukowski que disse olha é difícil a gente conseguir isso o Brasil é muito fora do circuito científico e na época era mesmo né 30 anos atrás imagina e para atrair essas pessoas você precisaria arranjar alguma coisa para eles fazerem depois uma viagem para algum lugar uma praia um lugar desses que aí eles viriam para dar aula mas na verdade viriam para conhecer esses lugares do Brasil eu fiquei pensando e a UNIP tinha nessa época com um barco no Rio negro na Amazônia e esse barco eles usavam para dar aulas de botânica e de Ecologia para os estudantes o que na época era uma grande novidade né 30 Anos Atrás a Amazônia não tinha esse Prestígio que ganhou anos mais tarde e aí eu disse olha quem sabe se a gente conseguir usar esse barco para trazer essas pessoas para cá e que falei olha o que você acha se a gente oferecer uma viagem para floresta amazônica você leva até o presidente Bush quero o presidente nos Estados Unidos na época todo mundo tem a maior curiosidade por conhecer a Amazônia e assim foi nós fizemos o curso e depois organizamos essa viagem pelo Rio Negro junto haverão pesquisadores do primeiro time Mundial um deles era o professor Robert galo que tinha sido um dos descobridores do vírus da Aids do barco no fim de tarde eu tava sentado sozinho ali olhando a paisagem e o Robert galo chegou do meu lado sentou e falou a impressionante a biodiversidade aqui né não é uma coisa teórica você vê com os próprios olhos eu vejo uma planta de determinada espécie aqui e vou ver outra vez essa planta daqui a 100 200 metros e realmente é assim só para dar uma ideia para você se você fizer um quadrilátero de 100 por 100 metros portanto 100 metros quadrados numa floresta Americana ou europeia você encontra aí ao redor entre 10 e 20 espécies diferentes se você vai para região próxima de Manaus que tem uma grande biodiversidade do Estado do Amazonas um quadrilátero desses e 100 por 100 você encontra aí De 150 a 200 espécies diferentes então por isso é que tá hoje se enorme interesse pela Amazônia é justamente por causa dessa biodiversidade aí diz o galo para mim vocês estão fazendo algum estudo de screening dessas plantas para tentar identificar atividade farmacológica senhora tem estudos isolados feitos em Universidade Brasileira Às vezes uma espécie estudada falando não é isso que eu tô querendo saber se tem alguns crime mesmo de testar testar testar testar um grande número de plantas para tentar descobrir essa atividade eu fiquei na hora com falei não que eu saiba não pode ser até que exista mas eu não tinha noção de fato não existia mesmo mas que com essa coisa na cabeça depois aí um dia fui conversar com o João Carlos de gênio que é o dono da Unip eu falei porque que a gente não faz um estudo desses né de fazer um screening fazer uma triagem de plantas não é feito no Brasil de forma seriada ele disse podemos fazer mas aqui não na universidade ninguém entende nada disso eu falei nem eu entendo mas a gente pode tentar aprender e aí liguei para o natural product Brant do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos eles têm esse Branch lá de produtos naturais aí telefonnei para lá né mas não tinha internet naquela época né Aí liguei para lá e atendeu a secretária e eu disse olha eu sou brasileiro nós estamos interessados aqui num projeto Universitário para criar um sistema de testes com plantas amazônicas ela me pediu para esperar um instante e tu me mostra Surpresa porque veio no telefone o Dr Gordon crack que era um chefe do serviço lá eu mas nunca imaginei que ele fosse atender um telefonema de um desconhecido mas os americanos têm isso ilegal num ambiente científico Eles são muito abertos mesmo a novas ideias novas projetos aí ele veio no telefone eu expliquei para ele que eu tava pretendendo fazer e se podia ver um trabalho conjunto com ele se ele disse olha isso não é possível porque os brasileiros são muito ansiosos desses estudos e qualquer estrangeiro que apareça no Brasil querendo fazer um estudo Botânico etc é chamado de biopirata e os cientistas não gostam de escondidos com bandidos já então nenhum pesquisador americano ou europeu vai ao Brasil para esse tipo de estudo e o que foi um absurdo porque nós já tivemos maiores botânicos do mundo já estiveram no Brasil na floresta amazônica estudaram as nossas plantas desenvolveram projetos muito importantes mundialmente e agora a situação era completamente diferente mas ele disse olha se você tá mesmo Interessado em fazer esse trabalho você manda alguém aqui a gente treina Então vamos tentar organizar desse jeito então e aí nós perguntamos para várias pessoas e conseguimos a indicação de uma menina recém-formada em farmacologia na USP e que apareceu era uma mocinha e já tô muito interessado nesse projeto falei olha é um começo né a gente nem sabe se isso é possível pode ser que daqui a uns meses ou anos a gente desista a dificuldade são tantas falou não tudo bem aí nós mandamos essa moça tá lá até hoje ela fez um estágio lá no instituto nacional do Câncer dos Estados Unidos e para resumir essa história é o seguinte como é que funciona esse processo esse processo funciona assim enquanto você trabalha com chás que é o que se faz normalmente essa árvore dá um fruto que dá um chá que é bom para tosse só que eu vou lá eu fervo a água 5 minutos o outro ferve 15 minutos um pega fruta fresquinha nova ainda verde e outro pega a fruta madura outro já pega a fruta se deteriorando essas composições são muito variáveis e você não consegue a partir daí definir as propriedades Então esse processo funciona assim você chega numa planta qualquer no caso nosso nós nos concentramos em algumas famílias de plantas por exemplo pego as apostilas que já mostraram atividade antim câncer na Indonésia Então nós vamos estudar as apostilasses brasileiras que famílias e portanto em plantas completamente diferentes daquelas da Indonésia aí você vai em campo localiza com GPS aquele local porque se você precisar colher Mais material depois você tem que saber onde você vai voltar e coleta mais ou menos um quilo das partes da planta um quilo de folhas de Galhos de casca estiver raízes para fora das raízes prepara uma amostra para ficar no herbário que é o local onde você coloca as plantas que foram identificadas isso é um processo simples você pega um galinho o ideal que tenha folhas que tenha frutos que tenha flores prensa Entre Folhas de jornal é um método de 1.800 mas que funciona até hoje E aí constrói um herbário um herbário da Unip hoje tem mais de 5.000 espécies e é lindo né porque você abre aquelas pastas você vê aquele material todo bonito seco ali o nome de quem coletou onde coletou de tamanho tem aquela planta enfim tem toda a descrição macroscópica da planta aí você vai para o laboratório e faz a extração e foi isso que a Ivana foi aprender a fazer nos Estados Unidos a extração como é materiais que você põe a planta ou as várias partes da planta em contato com dois solventes dois líquidos água e Álcool porque a substâncias que se dissolvem em cada um são diferentes aí você prepara essa solução esse chá da planta e liofilisa e lhe ofilisar quer fazer o quê colocar num aparelho que vai fazer a água e o álcool evaporarem e aí você tem um pó e esse pó é guardado em freezer nós temos neste momento mais de 2.200 extratos é seguramente a maior extratoteca da Floresta Amazônica e aí a partir daí você vai estudar em Sistemas experimentais no caso nós estamos concentrados em Células tumorais malignas E em bactérias resistentes probióticos aí você tem umas placas que tem uns pulsos os buraquinhos Onde você coloca essa células e Pinga uma quantidade fixa do extrato dissolvido E aí depois tem um aparelho com microscópio etc que vai analisar para ver quantas células morreram esse aparelho tá ligado no computador e esse computador vai dizer olha aqui essa células malignas morreram 30% bactérias resistentes 90%, aí você identifica separa os extratos que são mais tóxicos para as plantas ou para as bactérias e aí vem um outro trabalho muito complicado você tem que levar isto separar existem métodos para fazer isso quais são as substâncias que aquele extrato com o tempo que é um extrato pode conter 20 30 substâncias você tem que Identificar qual delas é responsável pela atividade da planta Aí você faz essa separação e volta repetindo toda a outra vez colocando aquele extrato agora aquelas frações em contato com as células malignas ou com as bactérias e aí você vai ver quantas morreram A partir dessa fase você já tem na sua mão um extrato que tem qual é a substância que estava presente no extrato que é responsável pela atividade E aí essa substância é que vai ser testada e agora vem a fase dos testes em animais e aí você vai testar em geral em ratos em outro sistemas para mostrar qual é a formacologia dessa substância como é que ela se distribui no organismo se ela é excretada pelos rins se é excretada pelo fígado Qual é a toxicidade você pode ter uma substância tão tóxica que mata o Ratinho ela mata as células mas mata o hospedeiro delas também Então a partir daí é que você chega Nessa substância e é essa aqui depois que passou por esses testes em animais é que vai para testes em seres humanos É lógico no decorrer desse longo processo você vai separando aquelas que são as que tem mais chance de ter atividade antitumoral ou antibacteriana em seres humanos só que aí essa fase é uma fase caríssima porque você precisa de tantos controles e cercar de tantos cuidados antes de começar a administrá-las para seres humanos que ninguém tem condição de pagar então no mundo inteiro quando chega Nessa hora que você identificou aquela substância você vai vendê-la para as multinacionais para os laboratórios só a Indústria Farmacêutica é que tem fundo suficiente para todas as fases dos Testes em seres humanos essa fase pode custar um bilhão de dólares ou mais então mesmo nos Estados Unidos na Europa em todos os países Essa é a hora que entra a Indústria Farmacêutica um trabalho muito interessante a gente vem conduzindo desde 1995 é um trabalho Universitário não tem interesse financeiro nenhum envolvido nele hoje já tem um grande número de estudantes e de para ser informados de pessoal com mestrado doutoramento envolvido nessas pesquisas que são conduzidas pela UNIP [Música] semanalmente estarei aqui para contar outras histórias a trilha sonora foi feita pela infonores e a produção é da Júpiter conteúdo e movimento [Música]
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