O telescópio Hubble completou 35 anos e dá para dizer que nesse aniversário é a gente que acaba presenteado com um acervo gigante de imagens incríveis do espaço. Para celebrar a data, a NASA divulgou imagens inéditas obtidas pelo equipamento. Os novos registros incluem uma visão de Marte, a vibrante nebulosa planetária formadora de estrelas Roseta e a galáxia espiral NGC 5335. O Hubble foi lançado ao espaço em 24 de abril de 1990 a bordo do ônibus espacial Discovery. Na época, a tecnologia foi descrita como uma nova janela para o universo e 35 anos depois segue ativo como um instrumento de observação confiável, produzindo novas imagens e expandindo as perspectivas sobre o universo. Atualmente, o telescópio acumula quase 1.700.000 1000 observações de aproximadamente 55.000 alvos astronômicos. E alguns registros são memoráveis, como a nebulosa de Elix, uma das nebulosas planetárias mais próximas da Terra, localizada a 650 anos luz e distância. a nebulosa do caranguejo, que é composta por restos de uma supernova, e o campo profundo extremo que combina 10 anos de dados do telescópio e revela milhares de galáxias. Para continuar ativo até hoje, o Hubble passou por alguns reparos e atualizações em cinco missões tripuladas. Os dados coletados compõem um dos maiores acervos já produzidos por uma missão da NASA, ficando atrás apenas o telescópio James Web, muito mais moderno e lançado em 2021. Vale destacar aqui que o Rubble já permitiu que cientistas revisitassem objetos ao longo do tempo, revelando fenômenos em constante transformação, detalhes de planetas do sistema solar, jatos e buracos negros e colisões de asteroides. Outros feitos importantes foram a confirmação da existência de buracos negros supermassivos e a medição das atmosferas de planetas fora do sistema solar. E para falar um pouco mais sobre esse assunto, eu converso agora com o professor Dr. Rodolfo Langue do Observatório Didático de Astronomia da Unesp de Bauru. Professor, a gente viu aí, né, realmente extremamente importante para tudo que a gente conhece hoje, né? Como é que o senhor avalia esses 35 anos do Rubble? Boa tarde, Jonathan. Boa tarde, ouvintes e espectadores do Record News. Eh, realmente o Telescópio Espacial Humble trouxe uma quantidade enorme de conhecimento, porque o ponto de vista dele é bem diferente do nosso aqui, planeta Terra, na superfície do nosso planeta. O telescópio espacial, ele fica em órbita do planeta Terra, como se fosse o satélite artificial, né? Então ele, imagina, ele está a 515 km em média de de altitude. É uma distância até que não muito grande, né? 515 km, mas é é muito difícil chegar até lá com foguetes, né? Na época, ele foi visitado por ônibus espaciais e e graças a essas visitas dos astronautas com ônibus espaciais, ele foi consertado porque no lançamento ele tem problema, né, no espelho. né? Foi uma grande surpresa muito chata quando ele fez a primeira imagem dele eh em em 90, né, 1990, e ele só foi eh consertado lá para 1993, 94, quando então ele começou de fato eh capturar essas belíssimas imagens e fazer descobertas que se não fosse esse telescópio espacial, talvez ainda estivéssemos os muito atrasados em descobertas astronômicas sobre o universo hoje em dia. Professor, o telescópio não está lá apenas para nos proporcionar essas imagens belíssimas, né? Vai muito além disso. É descobrir o que até então todos nós desconhecíamos. Sim, sem dúvida. Eh, praticamente todas as imagens do telescópio Hubble, elas não são possíveis de serem observadas aqui da Terra com a mesma qualidade, né? Só pra gente ter uma uma noção assim, uma ideia, né, do poder de ampliação desse telescópio espacial, é que imagina uma moedinha de 5 centavos colocada a uma distância de 140 km da gente. Bom, a olho não é impossível de observar. E mesmo com os melhores telescópios do mundo aqui na superfície da Terra, seria praticamente impossível de enxergar essa moedinha de 5 centavos a 140 km de distância. Esse é o poder do telescópio espacial Hubble. E uma um fator que ajuda muito é o fato dele estar no espaço, né? Por quê? Porque aqui da Terra, quando nós queremos observar as estrelas, os planetas, as galáxias, né, usamos telescópios. Tudo bem? Mas nós temos o problema da nossa atmosfera, do ar. Por que o ar é um problema? Bom, nós precisamos do ar para respirar. Ele não é um problema desse tipo. É um problema para astronomia. Por quê? Porque a luz que vem dos astros tem que atravessar a atmosfera. É como se a gente tivesse mergulhado numa piscina querendo enxergar o espaço, não é? O a parte de fora da piscina com nitidez. A gente não consegue porque a água vai atrapalhar muito, né? É como se fosse isso aqui, ó. Por exemplo, eu tenho aqui uma uma foto, né? Uma foto do próprio telescópio espacial Hubble. eh impressa aqui nesse papel fotográfico. Então, a gente consegue enxergar com nitidez essas estrelas. Mas imagine que eu coloque na frente esse plástico de transparência, né? Esse plástico transparente. Olha como distorce a imagem das estrelas, né? Elas ficam ruins de serem observadas. Então, é como se esse plástico fosse a nossa atmosfera na frente da gente. A luz das estrelas, elas são distorcidas, elas são desviadas pelo ar da atmosfera. Então, mesmo usando os melhores telescópios do planeta aqui na Terra, nós temos esse problema do ar, da atmosfera, atrapalhando a qualidade das imagens. Por isso que o Telescópio espacial Hubble está fazendo e mesmo com 35 anos de idade, grandes descobertas ainda hoje. Pois é, professor. E como a gente trouxe aqui também, já foram várias atualizações desde que ele foi lançado ao espaço. Imagino que seja uma tarefa muito complexa, não é, você fazer essas mudanças com ele já lá em cima. Ah, com certeza. Eh, primeiro a gente tem que lembrar que ele está a uma altitude de 515 km, né, em média, né? Eh, e ele está numa velocidade de 25.000 1000 km/h. Então, qualquer foguete que leve algum astronauta para fazer uma manutenção no telescópio espacial, que até agora foi, como mostra essa imagem aí, né, com ônibus espaciais, então os astronautas eles tiveram que a eh acoplar o ônibus espacial, né, a nave espacial deles com a mesma velocidade, com a mesma altitude, com a precisão muito grande para eh encostar direitinho nele e os astronautas abrirem as portas do do do rubble, do telescópio, trocarem as peças, instalarem novos equipamentos que deu defeito, né? Então, foram cinco missões, né? E desde a última missão com o ônibus espacial, que atualmente o ônibus espacial ele não está mais em operação, né? O telescópio espacial até hoje não foi mais visitado. Então ele ainda funcionando é uma grande vantagem, apesar que nós temos o telescópio espacial James Web, eh, também com um poder fenomenal de de descobertas, um potencial incrível, mas ainda assim o telescópio Hubble, ele está complementando as descobertas do James Web. Professor, em 1990, é claro que a tecnologia era muito diferente da que nós temos hoje, né? Agora, ainda assim, né, no lançamento do telescópio já era algo eh muito avançado, extremamente avançado. De que forma essa tecnologia, que ela é empenhada na construção de satélites, telescópios, elas acabam sendo revertidas para nós aqui no uso do dia a dia, em relação às tecnologias, por exemplo, a câmera eficiente que nós temos hoje no celular, um dia já foi tecnologia que esteve lá em cima, desempenhada para funções fora do planeta Terra. Perfeito, Jonathan, a sua pergunta muito boa. Eh, de fato, eh, muita gente talvez até questione, né, critique, ah, por que gastar tantos milhões de dólares aí com esse tipo de pesquisa? Não é para que saber as coisas do universo? que é mera curiosidade, não vai fazer diferença nenhuma para nós aqui na Terra e fica gastando esse dinheirão. Tudo bem, é realmente um dinheirão, mas o que se gasta, por exemplo, com armamentos de guerra é muitas vezes maior, né? Eh, e com outras coisas também aqui no planeta Terra que se gastam para manter a vida que é muito muitas vezes maior. E aí tem o fato de que embora esses equipamentos dessas naves espaciais sejam projetados exclusivamente para elas, depois no futuro, muitos desses equipamentos acabam sendo revertidos pro nosso uso diário, como você citou aí, de as câmeras, né? Então, quando a gente pega, por exemplo, o nosso celular aqui, né, essa essa câmera, olha o tamanhinho que ela é, né, como que ela tem tanta qualidade assim, né? Às vezes tem celulares que as câmeras são tão boas que são até eh melhores do que câmeras profissionais, né, de tanta qualidade da imagem. De onde vieram essas câmeras com alto poder de resolução de qualidade? vieram justamente de projetos eh realizados para esses grandes telescópios, não só o telescópio espacial como Hubble, James Web, mas também para esses grandes telescópios que estão aqui na Terra, né? Nós nunca imaginaríamos na época que teríamos celulares com câmeras tão incríveis assim e já estavam sendo usadas nos grandes telescópios, né? Então vamos imaginar, né, o que será que ainda está por vir aí da tecnologia avançada para usarmos o nosso dia a dia, tendo como origem aí essas eh esses equipamentos especialmente projetados para espacial, né, para tecnologia espacial. Então vamos esperar. É isso. Pois é, professor. E 35 anos é uma data realmente significativa, né? Ainda mais para uma tecnologia, um equipamento, né? Na visão do senhor, o Hubble vai ainda desempenhar muitos anos pela frente ou já tá na hora de pensar numa aposentadoria? Talvez o James Web de fato assumiu o protagonismo ou até temos um novo lançamento? Qual é a opinião do senhor? Ah, não, não, ele ele tem que continuar. O telescópio Rumble vai continuar e ele já superou muitas expectativas, né? O telescópio Humble, ele já eh passou da data de garantia, por assim dizer, né? Quando a gente compra um alguma coisa para nossa casa, um fogão, uma geladeira, tem lá o prazo de garantia, mas ele já passou e tá funcionando muito bem e de forma alguma ele deve ser aposentado, ele tem que continuar. Eh, o James Web não é um telescópio que eh substitui o Hubble. Eh, de fato, e as descobertas do Hubble, as imagens do Hubble complementam o as imagens do James Web, porque o James Web trabalha em em comprimentos de onda da luz um pouquinho diferentes, né, do dos comprimentos de onda da luz, eh, do telescópio Hubble. Então, tem coisas que o Hubble captura, que o James Web não captura e vice-versa. Então, os dois compartilham essas grandes descobertas, né? E ele, o universo é muito extenso, tem muito ainda que descobrir. Por exemplo, todos esses 35 anos de telescópio Hubble, eh, ele observou mais de 108 milhões de objetos celestes. E veja, tudo isso não é nem 0,1% 0,1% de toda a área do céu que ainda precisa ser e apontado algum telescópio para descobrir as coisas. Temos muito a descobrir ainda. Professor Rodolfo, obrigado por estar com a gente hoje aqui no Conexão. Foi muito bom ouvir o senhor. Bom fim de semana, viu? Eu que agradeço pela oportunidade, Jonathan, e tudo de bom para você, pra equipe Record e para todos os espectadores. Obrigado. Até a próxima.
Fique informado(a) de tudo que acontece, em MeioClick®