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Trocando Ideia com Drauzio Varella e Dexter

Trocando Ideia com Drauzio Varella e Dexter

[Música] Olá sejam bem-vindas e sejam bem-vindos ao trocando ideia o nosso programa semanal de entrevistas nesse programa A gente tenta chamar os convidados mais variados que a gente puder que defendam ideias diferentes originais etc o convidado de hoje é muito especial porque eu conheci numa situação de favorável muitos anos atrás

E depois fui acompanhando a carreira dele embora um pouco distante e até ele se transformado nos rappers mais importantes do Brasil aqui ao meu lado o Dexter lisonjeado obrigado pelo carinho pelo convite aí ô doutor felizão obrigado mesmo vamos começar do começo onde é que você nasceu como foi a tua criação

O Naci na maternidade de saúde mas a minha família de São Bernardo né Então fui criado em São Bernardo do Campo primeiro eu morei ali perto do Piraporinha no Jardim no Jardim Aurora no bairro ali chamado Jardim Aurora depois mudei para o Beatriz Ainda bem bebê ainda né e depois na favela do

Calux onde de fato eu fui criado na minha mãe as irmãs enfim explicar para quem não é de São Paulo onde é essa região características São Bernardo do Campo ali região do ABC periferia de São Bernardo região do ABC ali perto da Volks morei também uma época ali no

Demarchi enfim mas na região de São Bernardo mesmo 15 anos eu saí de lá morei em Minas com a minha mãe Itapeva sul de Minas pertinho aqui não tem mais por mais alguns lugares Jundiaí Eu morei também uma época morei na época com um amigo enfim depois eu

Volto para Lucas de novo e até os meus 17 17 anos eu fiquei um calor e a tua família como era bom eu fui pela minha mãe Alagoana veio de Alagoas com duas filhas e chegando aqui depois de um tempo não me lembro exatamente quanto tempo ela me pegou para criar

De uma outra família que não podia me criar e tal e ela Diz ela que foi um presente que Deus que Deus deu para ela né e uma pessoa guerreira batalhadora felizmente perdi minha mãe há dois anos doença de chagas Dr sabe muito bem do que eu tô falando

É conviver alguns anos com essa com essa doença e Infelizmente há dois anos eu ficamos ficamos sem ela né a família né aos 84 anos olha e ela foi sua mãe minha senhora relação de filho e mãe isso o amor ficou um mês de idade né Então

Imagina eu não sabia de nada não sabia né do Lance da criação e tal e até os sete anos de idade para mim ela era minha mãe sempre foi minha mãe e Aos sete anos ela o juiz que deu a guarda né que dorme a guarda para ela

Pediu para que quando eu completar sete anos de idade ela me Contasse segundo juiz é uma É uma idade que a criança tá numa formação ali que pode não revoltar como também pode é uma coisa ali que você tá informação de caráter uma coisa mais ou menos assim Doutor deve saber

Disso bem melhor do que eu e até melhor do que o juiz inclusive mas funcionou funcionou no meu caso Quem te deu a notícia e as minhas irmãs na verdade e ela contou para mim sobre eu ser filho de uma outra mulher e não exatamente

Dela e tal e contou de uma maneira meio confusa também né obviamente eu tinha 7 anos eu não entendia também o que era ser um filho biológico um filho de criação não entendia direito isso mas ela me contou isso com o passar dos anos foi se tornando mais presente na minha vida

Porém não me causou realmente essa revolta Eu acho que o juiz tinha razão né causou essa revolta eu fiquei muito pelo contrário eu passei até muito orgulho da minha mãe para criar né logo em seguida ela faz questão de me apresentar para minha mãe biológica né E

Como é que foi essa cena aí o doutor você sabe que eu tenho essa cena na minha cabeça até hoje ela ela enfim nós descemos no Piraporinha no Largo do Piraporinha uma região de São Bernardo do Campo e lá no lago do Pirapora tinha um shopping shopping Zinho que eu lembro

Até hoje tinha um coraçãozinho na frente tinha o shopping do Coração em São Bernardo no centro e tinha esse shopping do coração também em no Piraporinha e eu lembro que eu encontro foi lá cheguei com a minha mãe minha mãe de maldade tal comigo e minha mãe lá minha mãe

Biológica lá me esperando junto com a minha irmã irmã essa que eu tenho amizade até hoje já trabalhamos juntos e tão grande amor pela minha irmã um carinho muito grande uma pessoa que é matriz né ela sempre fez questão de estar perto sempre acompanhando meu crescimento e tal filha da sua mãe biológica

Exatamente eu não conhecia até então não conhecia enfim conhecer as duas lá e me apeguei muito a minha irmã uma pessoa muito amigável amável comigo naquele dia mas quando a minha mãe biológica não sei não teve um lance não teve sei lá era uma estranha né era uma

Estranha né infelizmente até hoje ela é uma estranha de uma certa forma lá uma estranha não tive o amor dela não tive o carinho não tive o leite materno eu não tive nada dela né como minha irmã não com a minha irmã já já tem uma com os

Meus irmãos na verdade eu tenho mais quatro irmãos por parte dela infelizmente um a gente acabou perdendo o ano passado o Cícero morava em Bauru esse meu irmão jogava muita bola assim um cara que olha que loucura isso gente ele era meu irmão nós moravamos perto e todo sábado eu ia assistir um

Determinado cara jogar muita bola numa quadra perto da minha casa eu era encantado com esse cara ele fazia muitos ele fazia muito malabarismo com a bola e agora apaixonado por esse cara e aos 7 anos ele Descobri que ele era meu irmão eu não sabia como é que se descobriu

Também dessa mesma maneira minha mãe minha mãe falou né ela falou não tem só Creusa sua irmã Você tem irmãos também inclusive aquele rapaz que você assistir todo sábado Todo sábado eu ia assistir esse cara jogar bola eu tinha um amor incondicional para esse cara eu não

Sabia do que se tratava E aí minha mãe falou para mim que ele era meu irmão como era o nome dele Cícero mas a gente chamava ele carinhosamente esse sim faleceu problema cardíaco enfim e você fez amizade com Cicinho eu fiz amizade com ele ele sabia que era irmão dele

Mas eu não sabia que ele era meu irmão a não ser quando eu fiz meus 7 anos quando eu completei meus sete anos que eu que aí eu passei a saber e tal quer dizer havia um acordo Tácito de manter a situação assim até você completar o sete

Completar os sete anos exatamente e todos participavam desse acordo você sabe que eu não tenho essa informação se a minha família biológica sabia disso também eu não sei para ser muito honesto eu não sei se minha família biológica sabia disso eu não tenho essa informação eu sei que a minha

Família de criação sim o juiz combinou com a minha mãe que ela só dissesse para mim que eu era filho de criação que ela tinha me pego para criar de uma outra família quando eu completasse os sete anos e assim foi feito não me recordo da minha da minha família biológica ter me

Dito em algum momento se eles participaram disso ou não eu sei que o meu irmão sabia quem eu era mas ele nunca me falou escuta década se você então falou antes que você foi morar com a sua irmã depois porque essa coisa de você morar em vários lugares

Então eu tinha uma relação com a minha mãe Doutor um pouco difícil minha mãe a senhora Alagoana uma mulher preta Alagoana foi criada pela tia perdeu os pais muito cedo a minha mãe a mãe tinha três anos quando os pais vieram a falecer que seriam os meus avós Então também não

Tive avô avó tias eu não tenho isso a minha família sempre foi eu minha mãe e minhas duas irmãs só nós E aí logo Minhas irmãs casaram vieram sobrinhos e tava mas a minha família começa a sair né eu não tive esse lance dos avós e tal não tive isso mas a

Relação com a minha mãe na minha infância era um pouco difícil fui criado é uma favela minha mãe vai Varrer a rua e quando ela sair ela sempre me pedia para ficar dentro de casa mas é impossível um adolescente que mora na favela fica dentro de casa

Então saía para soltar pipa jogar bola bolinha de gude correr nas Ruas de Terra lá da favela do calor pular nas Chácaras lá na época na rua que é uma rua uma avenida que passa atrás da favela do Calux se tinha muita Chácaras né criança caía para dentro Ia nadar na

Piscina lá do Japonês lá uns donos lá um japonês é muito louco né como as outras etnias são sempre tem as coisas né e a gente nunca tem nada aqui nesse país né parece que a gente nunca construiu nada aqui né Doutor mas era muito louca essa

Eu lembro que era a gente falava vamos na chácara do japonês não tinha nada na piscina do cara sobre as árvores pede manga essas coisas e tal ele não sabia ele não sabia ele ia para lá no final de semana e a gente utilizava na semana era muito louco isso

É uma piscina do cara mas a minha mãe quando chegava do trabalho e às vezes eu não estava em casa eu perdi o horário né era um problema eu apanhava muito né minha mãe batia muito e essa relação começou a ficar um pouco difícil porque eu passei o diabo apanhar

Né [ __ ] apanhava todo dia praticamente claro que eu era uma criança levada também enfim mas a criação da minha mãe né anos depois eu entendi fui entender minha mãe quando eu fui para o presídio Mas enfim mediante essa relação com 15 anos eu resolvi sair de casa Eu tinha minha irmã ranilda

Eu tinha duas irmãs né ranilde e a Rosa rosa infelizmente acabou de falecer há 3 anos atrás um ano antes da minha mãe e a Renilda era uma pessoa que estudou mais frequentou lugares mais bibliotecas e tal enfim lugares que a instruir a melhor E eu então a minha

Irmã tinha uma mentalidade diferente tem até hoje e eu queria morar com ela eu queria conviver com ela porque ela ela me deixava se divertir ela me deixava sair eu tinha uma certa Liberdade com a minha irmã que com a minha mãe eu não tinha

E com 15 anos eu resolvi sair de casa e eu fui morar com a minha irmã morei dois anos com a minha irmã e aos 17 eu fui morar com um amigo que eu conheci em Itapeva fizemos eramos em quatro amigos três dois de Jundiaí dois São Paulo

E eu fui morar com esse meu amigo não tinha muito emprego nessa cidade tal foi uma Adolescência difícil né você é emprego sem nada queria contribuir em casa não tinha jeito de hoje fiz até a quinta série até a quinta série eu estudei e eu eu era um bom

Sempre gostei de esporte e era um bom era bom inglês eu lembro hoje não falo nada mas eu lembro que na escola eu era bom inglês acredita e hoje eu não falo nada ainda quer dizer só as coisas triviais né mas o não tenho não tenho inglês eu não sei falar não sei

Conversar e aí nesses quatro moleques morando juntos exato não cada um nas suas casas e tal a gente a gente em Itapeva no sul de Minas a gente se reunir e é para os bailinhos e tal e quatro amigos que falavam a mesma língua porque vinham praticamente dos mesmos

Lugares né Sou de minas Itapeva Uma cidadezinha do interior é pequenininha não sei nem dizer quantos quantos habitantes hoje mas certamente bem menos na minha época que morei lá e tal e lá por conta da vivência deles serem outra eles não aceitavam a gente também é difícil essa relação São Paulo Itapeva

Sul de Minas assim sabe era um pouco difícil mas com o passar do tempo fiz grandes amigos enfim mas morei dois anos lá Mas chegou uma hora eu tô aqui não deu mais não tinha trabalho na cidade eu tava crescendo né precisava eu trabalhava de pedreiro ajudando de

Pedreiro fui matar pouco não na feira fui trabalhar na feira era um trabalhos mais ou menos assim né enfim você tá dizendo pequeno não tinha aquela coisa não tinha por onde crescer não tinha como crescer você já tinha alguma ligação com a música nesse tempo o touro

Sempre tive uma ligação com a música desde criança a minha mãe quando eu ia trabalhar minha mãe acordava 4 horas entre quatro e meia da manhã eu lembro disso E aí a gente morava num barraco de dois cômodos tá uma cozinha era junto com o quarto

Sabe assim e eu dormi a sala era junto com o quarto na verdade e eu dormia na sala tinha pequenininho só cabe a cama da minha mãe minha mãe dormindo no quarto e a nossa era um cômodo só dividido por móveis né que tinha uma divisão

Um guarda-roupa a cama da minha mãe lá e a minha cama aqui desse lado quando não uma beliche que eu dormi sim minha mãe embaixo também tivemos Essa época E aí minha mãe quando acordava ela ligava no Zé Bettio deve muito bem lembrar desse programa muito bem joga

Água neles é lembra dessas coisas tinha esses bordões de casa não sei o que tal e aquelas músicas que tocavam nesse programa eram músicas que me faziam bem foi quando eu conheci o Luiz Ayrão esses caras da época né Chitãozinho e Xororó se eu via muito Trio Parada Dura por aí vai

Essas músicas Eu gostei muito dessas músicas E essas músicas ela já falavam comigo de uma maneira especial eu não sabia como mas é porque eram músicas ou era música né só isso já bastava minha mãe também me contava que eu gostava de imitar os cantores quando era criança cantores que faziam sucesso

Na época aí tinha um programa do Bolinha não sei o quê aqueles Barros de Alencar essas coisas todas aí esses programas da época e minha mãe falava que eu gostava de imitar minha mãe falava que gostava de mim tava julgo Gomes né o radialista e tal Bom dia tal todo

Mundo ri em casa minha mãe falava Então esse lance da arte tava ali na minha casa tava impregnado ali e eu já gostava do Lance né obviamente que passou a cantar anos depois passa a entender essa missão anos depois que foi quando eu conheci o rap

Mas até lá eu sempre me identifiquei com a música Sempre tive roda de samba a favela do calor que tinha uma setinha que a gente chamava de um lugar que a gente chamava de sedinha que era onde onde se tinha os bailes onde se fazia os bailes da época um Centro

Comunitário no centro comunitário era uma casa azul um salão azul de tábuas tábuas pintadas de azul e era a famosa setinha onde tinha os bailes de domingo sábado à noite domingo e eu criança tal ficava lá na frente não podia entrar era criança ficava lá na frente vendo os

Amigos os amigos que eu conhecia da favela inclusive vi os cara chegando com com suas respectivas namoradas mulheres lindas bonitas do cabelo encaracolados os caras também com uns cortes de cabelo bonito e tal eu ficava ali namorando todas essa situação toda essa Magia da música Negra né americana que tocava nos bailes na

Época e também da música brasileira nacional Tim Maia Ilda mas eu nem sabia o que era aquilo não sabia que era o sou quero funk que aquele cara do Tim Maia eu não sabia disso eu tava aprendendo eu tava ouvindo e começando a aprender não sabia que James James Brown enfim

Mas aquilo ali doutor me cantava de uma maneira sei lá muito especial mas os 17 anos a gente parar de estudar também já tava frequentando os bailes E aí eu conheci o rap com 17 anos 1990 aí eu conheci o rap quando eu conheci o rap Doutor aí aí a minha vida

Aí deu que foi quando eu conheci o meu pai biológico também com 17 anos eu conheci meu pai cheguei de viagem uma vez e tal e minha mãe falou queria te levar para você conhecer uma pessoa e tal falei mas quem não tá aqui o endereço na verdade eu não

Vou tá aqui o endereço vai lá Falei pô mas como que eu vou chegar lá e quem é essa pessoa e tal e eu me interessei do Pai Tal me interessei Falei pô É mesmo mãe então a senhora não vai ficar chateada de eu ir lá e tal sempre achava

Que minha mãe ia ficar chateado e tal ela tinha um coração gigante ela fala meu filho eles são seus pais também né minha mãe sempre me pedia para não ter mágoa da minha mãe biológica me lembro que nos últimos anos ela fazia questão de eu levar minha mãe biológica

Para ela ver ela foi morar em Minas depois de um tempo ela foi morar em Minas também lá junto com a minha irmã E aí no final de ano quando eu ia visitar e tudo mais ela traz sua mãe que eu quero ver sua mãe só acredita ela

Pediu para levar minha mãe biológica para ela ver e obviamente que eu fazia isso com ela fazia isso por ela né e para ela eu ligava para minha irmã e fala vó minha mãe quer ver sua mãe E aí esse encontro com seu pai como é que foi E aí eu volto né

Então eu fui lá não fui na empresa dele na empresa dele Labatut lá em Diadema ele meu pai caminhoneiro bati lá no portão lá minha mãe entregou o papel Bati no portão o povo queria falar que sou Juscelino aí e tal sai um guarda né sou Juscelino tá Espera aí vou

Chamar quem gostaria eu falei fala para ele que é o filho dele tô louco né o filho dele o cara me deu nada nunca mas enfim eu era o filho dele e aí me sai um negrão lá de cabelo black bigodão Grosso já sabia da minha existência né Lógico

E aí ele não já tô quase na hora de sair aí me espera um pouquinho que eu quero te levar em casa e tal não sei o quê lá esperando ele um pouquinho lá fora Ele saiu a gente foi andando até a casa dele lá no bairro Novo ali também em Diadema ali

A gente conversando ele tentando me explicar um monte de coisa ele queria falar tudo ao mesmo tempo sabe tava muito confuso para mim ainda tinha só 17 anos era muito confuso né entender porque que eles não me criaram essas coisas e também era uma coisa que eu também já

Tava mais interessada mais interessada nessa parada né eu já tinha entendido o que tinha para mim o que o que eu tinha dentro de mim no meu coração é que eles por um motivo outro não puderam me criar e vamos que vamos tá bom sabe obviamente que depois com psicólogos e

Tal descobri que tinha uma série de coisa aí que não é bem assim tem muita coisa que me fez mal ao longo dos anos que tinha a ver com isso o que tem a ver com isso porque né Eu sou perfeito não sou um ser humano perfeito eu ainda tenho muitos problemas

Emocionais inclusive depressão essas coisas todas nós temos isso inclusive né a doença do século Então a hora que eu me pego pensando umas coisas que eu falo [ __ ] mas enfim fui para lá na casa do meu pai conhecer meus irmãos aí chegou lá com esse quatro irmãos por

Parte da primeira esposa do meu pai só que ele também já tava numa outra família mas ele me levou na casa dessa primeira família E aí eu conheci a Dorinha aquela primeira esposa dele que eu chamo carinhosamente A Dorinha e conheci meus quatro irmãos dois homens e duas

Mulheres a Daiane Adriana e o Beto e foi uma alegria porque eu nunca tinha tido irmãos né só irmãs e qual a minha surpresa eu chego na casa do meu irmão sobretudo Beto quero mais velho adivinha DJ meu irmão olha DJ e várias músicas vários discos vinil e me mostrando tudo super empolgado

Fizemos uma amizade só que eu fui morar com eles morei com eles durante cinco anos e aí é quando eu chego e aí foi quando eu chego em Diadema exatamente com 17 anos que o rap entra na minha vida por tudo isso aí meus irmãos os bailes não

Sei o que tal a música no rádio E aí eu passo a conhecer essa música Mágica e que de fato transforma a vida das pessoas através dessa minha família [Música] biológica parte do meu pai eu conheci meu primo Romildo que também gostava muito dos bailes gostava de dançar gostava de cantar uma

Coisa foi completando a outra e logo em seguida a gente fala um grupo E aí a vida tomou sentido aquele cara que não tinha muita jovem né aquele adolescente que não tinha muita perspectiva de vida começa a entender como a vida funciona obviamente que ainda tem um grande aprendizado aí para frente mas

Já começa a ter uma visão diferente do que a vida e aí é a vida do homem preto na periferia do jovem preto não só na periferia mas no Brasil como um todo e aí a coisa ao mesmo tempo que ela vai que a gente vai elucidando a gente vai

Conhecendo um caminho diferenciado vamos ter mais problemas também vamos tendo outros problemas porque entender a nossa história é criar um determinado problema também para gente né Você você começar a entender que tudo aquilo que você viveu até acreditar até aquele determinado momento pode ter sido uma grande mentira [ __ ] acaba né com

Você precisa ser forte né a música o Hip Hop ele é uma cultura que nasce com esse objetivo de mudar vidas né me obrigou a estudar a ter conhecimento né o próprio hip hop de uma certa forma através das suas dos seus elementos o que que ele me disse ele falou se você

Quiser ser alguém bem sucedido você precisa ir por esse caminho e esse caminho aqui meu amigo ele é difícil mas ele é um caminho que vai te levar para algum lugar bem diferenciado que você vive até hoje bem diferente você vai ter que estudar muito armas nem

Pensar drogas nem pensar é outra ideia vai ser difícil mas você vai conseguir e foi nesse caminho que eu entrei obviamente que lá na frente eu me dizer um pouco né Fala Que loucura né Vocês viram ele se dá obviamente que eu também lógico nunca fui Santo né claro sempre foi um jovem

Como eu diria bota chocolate no mercado né Foi aquele moleque que né mas o rap Ele me mostrou um outro caminho e quando eu me vi com dois amigos que me ajudaram muito nesse processo do hip hop do Rap produzindo o meu disco e eu sem dinheiro para bancar

Eu fui atrás todo aquele meu conhecimento tava ali na minha frente também nunca deixei de conhecer as pessoas de saber onde eu poderia arrumar uma arma ou não para ir buscar um dinheiro e eu decidi fazer isso meu amor eu costumo dizer pode ser até um né uma como eu diria Esqueci a

Palavra agora mas só ver né eu fui assaltar para descolar um dinheiro para bancar o meu disco né as pessoas podem falar pô mas né mas foi exatamente isso a minha ideia não era pegar um revólver e buscar um dinheiro para ter roupas caras o tênis caros não

Não era nada disso e Ficava muito caro a gravação na época 4.800 dinheiro que você não tinha como tinha imagina Eu cortava cabelo também na época eu tava tentando várias coisas com esse meu primo meu primo tinha um salão de cabeleireiro me ensinou a cortar cabelo ele Marquinhos grandes amigos lá

De Diadema e mas não tinha essa grana né muita grana para se gravar um disco e tal e aí eu fui eu fui sozinho conhecimento fui os dois primeiros assaltos ali meio que sozinho não dá né Fiz alguns assaltos sozinhos mas eu tinha alguns amigos também que que

Entrei na quadrilha dos caras e tal tava difícil para juntar esse dinheiro então Fiz alguns assaltos sim e no final acaba que eu vou preso né Foi um tempo tão extenso assim logo em seguida eu vou preso e na cadeira eu descobri que é possível sem aquele dinheiro sem precisar fazer

Aquilo né você foi preso foi condenado Há quanto tempo meu primeiro assalto cinco anos e quatro meses apenas de um primário né o primeiro número né A primeira pena de um primário se dá nesse número aí cinco anos e quatro meses assalto a mão armada né

Mas depois eu fugi achei que minha vida tinha acabado aí fugir seis meses depois que eu tava preso eu fugi Aí peguei um carro aqui uma moto ali eu tava em quando eu fugi eu fugi de Atibaia fui para fui Presidente Atibaia minto Na verdade eu fui preso em Bragança ali meio que

Perto ali de Atibaia fiquei na cadeia de atibale eles me levaram para lá porque o assalto foi em Atibaia um posto de gasolina esses posto de médico de rodovia né ali da Fernão Dias foi ali então como o assalto foi lá eu fiquei preso na no Cadeião né na cadeia de Atibaia

Tentei fugir de lá não consegui quebrei o pé pulei do mundo que abriu para conseguir ir embora e aí eles me mandaram para Serra Negra seis meses depois já com o pé recuperado e tudo mais tal tal eu fugir de Serra Negra fiquei dois dias na rua voltei

Recapturado é uma coisa me mandaram para Braga em Atibaia a gente furou o teto furamos a cadeia foi tomada de fora para dentro tinha uns amigos lá que tinham conhecimento e tal e aí a Rapaziada foi resgatada eu acabei fui convidado para ir também pegou carona com ele peguei

Carona foi embora falei ixi minha vida acabou aqui cinco anos de quatro meses Pô eu não entendi o processo o processo do não conhecimento Doutor ele nos leva a ruína tu sabe disso então cinco anos de quatro meses para um primário ele tem que tirar 10 meses e 20 dias no fechado

E depois mais 10 meses e 20 dias no céu aberto mais ou menos essa conta aí mais de dois anos no total né por aí o senhor vai aonde vai embora depois só não fico 5 anos e quatro meses preso e eu achei que eu ia ficar cinco anos e

Quatro meses preso isso me deixou eu sempre fui um cavalo selvagem né minha mãe queria me prendeu já não imagina o sistema me prendendo já entendi razoavelmente ali como é que funcionava o rap já tinha me dado uma direção eu falava que era mas esse cara

Não vou ficar aqui não eu queria fugir sobre que bobagem né queria fugir uma pena pequena eu queria fugir a minha vida pregressa ela nunca foi envolvida 100% com o crime né ou no crime na verdade com crime sempre o crime eu sempre tava ali né ou Periferia né Fala logo Calux Jardim

Beatriz Planalto por Farina vários lugares ali o crime estava ali presente então com o crime Eu sempre tive contato mas no crime não eu fui eu fui ali né tentar um dinheiro para poder bancar a minha estrutura no estúdio Então o que acontece quando você não tem um conhecimento você pega uma

Perna dessa Então você fala pô isso aqui não é uma vida para mim não é isso não foi isso que eu planejei e Eu quis fugir não deu certo por três vezes de Atibaia tomar eu fugir fiquei duas dois dias na rua voltei recapturado e a terceira eu fiz de Bragança

Eu tava numa cadeia lá do sistema Paco só sabe muito bem como funciona e tal já não era muito legal né preso trancando preso era uma coisa meio a gente se assustou com aquilo ali e tal quem chegou comigo eu digo mas era uma cadeira muito fácil de fugir

Porque ali eles eles eles meio que trabalham essa confiança no preso né ó a gente vai te dar uma confiança aí e tal e você tem que provar que você não quer mais a vida do crime você quer ficar bem então o muro é baixo não tem Muralha muita tentação entendeu

E aí pô você tá condenado você não sabe como funciona direito teve uma outra tomada nessa cadeia no final de semana ali dois amigos na zona norte foram presos dois bandidos de renome da zona norte foram presos e rapidamente eles ó sistema PAC dá uma sacudida na cadeia para nós sair

Fora e tal no domingo os cara sacudiram eu fui embora também nessa tomada aí foi embora E aí ficou quanto tempo na rua mais dois dias depois fugitivo fracassado exatamente eu fugia mas aí que que eles fizeram de Bragança Negrão você faz junto não dá você é

Muito fujão a gente vai te mandar para um lugarzinho bem especial agora para você fugir de lá e foi onde eu fui parar na casa de detenção em São Paulo famoso famoso cara de primeiro de abril de 1999 E aí de fato realmente lá para fugir era uma outra história

E aí quando eu decido aquele bonde Doutor que eu olhei a muralha falei [ __ ] agora já era eu falei vou ter que fugir daqui de uma outra maneira né comecei a pensar como que eu vou fugir daqui e tal não sei o quê Vou ter que fugir aqui de uma outra

Maneira foi quando eu voltei para o rap foi quando eu voltei a fazer rap desembarquei lá na Divinéia lembro que o tamanho do presídio me causou um satisfanto nunca tinha passado por um presídio daquele tamanho E era uma cadeia da América Latina né e aqueles presos andando com aquele

Uniformes é uma coisa também que causa um certo espanto um certo de medo naquela hora de medo não é um pouco de medo porque que vai ser de mim aquilo será que eu conheço alguém sei lá que eu não conheço quando eu cheguei no Carandiru foi preso tinha 24

Ou quase tava quase para fazer 24 anos eu acho que eu fiz 24 anos lá enfim mas também se tinha esse lance do Agora sim por Detentos do Rap daqui também vou conhecer esses caras quero conhecer esses caras e eu quero ver se eu consigo uma boquinha aí fazer uma parte aí desse

Grupo sei lá era um pensamento também porque eu já tava querendo voltar para o rap então mas aí foi quando eu conheci dois amigos no pavilhão 2 que era o Daniel que não era o são sido detentos mas era o Danielzinho lá da zona sul e o

Maurício da zona leste eles tinham um grupo de rap e na hora que o senhor chega lá o senhor pega lá o celular que eles falam sempre falavam lá Gira da cadeia gira cadeial que nem diria um amigo meu amor Você lembra como né final do camorra essa é uma gíria

Cadeial amigão [ __ ] eu lembro dele que Deus tem aí eu tô louco né com a gente veio de bonde tô com Jumbo na mão tá e a gente foi para para fazer a triagem no pavilhão 2 que era obrigatório passar pela triagem Aquele monte de preso né meu só para

Quem não conhece a triagem acontecia dizia para o Marcela quer uma sala grande mas ficava ali mas é um bando de gente né exato muita gente mas antes disso o senhor também fazia a inclusão lá embaixo lembra que ficava lotado parte Tudo nessa inclusão a gente tinha

Que fazer o quê tirar os pertences de dentro da das bolsas e mostrar o que você estava trazendo né E numa dessas aí o que que acontecia sempre tinha um preso o outro olhando quem chegava para saber quem tava chegando esses caras estão chegando onde estão vindo então sempre tem um preso outro

Ali andando no meio e tal nessa daí eu tô com umas fotos tô tirando as fotos colocando nos Bancos lá um negrão vozão E aí tudo tinha essas fotos aí era o Maurício gozeirão pai olhei falei só tu me aí meu mano e tal ele posso dar uma olhada aí e

Uma das a primeira foto desse álbum era uma foto minha e do Brown no mano brown do Brown eu já acompanhava o Racionais né antes de ser preso foi preso em 98 eu comecei a comprar Racionais em 90 E aí quando ele viu ele ganhou caro Brown

Falei eu sou mano e ali começou uma amizade muito significativa para mim com um cara que se tornou um grande amigo E aí ele te chamou o Daniel pô isso é meu outro tinha a gente canta junto tá ele chamava todo mundo de trutinha a gente canta junto e tal não

Sei o quê e vamos fazer uma para você ficar aqui mano dois e tal não sei o quê Falei pô legal já cheguei conhecendo um cara legal um cara na mesa né e ele de fato me ajudou doutor me ajudou fui morar no 404 no quarto andar dois já não

Era fácil entrar na cadeia e ir para o dois dias ele chegava de Fora ia pro nove exatamente os primários iam para o nove né ou se o senhor tinha se eu tivesse um conhecimento um amigo tal senhor poderia para qualquer outro Pavilhão e eles me ajudaram e eu fiquei

Aí eu fui morar no 404 e logo em seguida eu conheci a Sofia que fazia um trabalho fazer um trabalho voluntário lá de teatro na basicamente exato ela começa com teatro né ela começa com teatro mas depois ela passa pela música também como essa como essa conhecer quem faz

Música Quem não faz e começa a dar oportunidade para essas pessoas também E aí um amigo meu que morava comigo William o cara da Bela Vista um dia ele falou para mim falou mano você sabia que tem um projeto não sei o quê e tal falei não o cara te

Levar lá eu falei para a moça lá que eu ia te levar lá eu falei pô Legal vamos lá então e aí eu fui lá no dia de atividade ele me apresentou para ela e a gente começou a conversar Eu e a Sofia eu falei para ela das músicas tal não

Sei o quê cantei para ela uma música minha saudade meu cantei para ela nesse dia ela Nossa que música bonita e não beleza vem aí para o projeto aí começa a fazer parte aí que eu que eu vou ver o que eu consigo fazer tá não sei o quê

Logo em seguida eu saio do 2 e vou para o 7 né vou para o 7 eu tava procurando enfim envolver de fato no projeto isso me possibilitou entre 7 onde a outra parte do 509 morava e a gente se conhecer da rua e tal não sei o que nos unimos

Compramos um barraco né na imobiliária explicação presídio absurdo não é muito grande e a direção da cadeia não tinha o controle da selas exato que era chamado eles não tinha o controle mas como não tinha um controle não tinham na maioria na maior parte da cadeia por uma razão muito

Simples não adianta pegar um preço e dizer Você vai para aquele xadrez se os outros não quiserem ele não tem como ficar lá e não tem ele não vai querer ficar contra a vontade dos outros então e por outro lado não tinha nenhuma nenhum tipo de reparo na cadeia as

Coisas iam quebrando e ficando jogado e o cara investia né ele investia para arrumar a cadeira dele o xadrez e aí ele ficava o dono quando vinha alguém para lá ele disse não agora você tá aqui com um lugar decente com desejo com né tudo arrumado e e não é justo você gozar

Desse privilégio sempre então sem sem que você colabore também né eles alugavam o lugar no xadrez Era uma coisa complicada Às vezes você deve ter visto isso mil vezes o cara ia de liberdade e ficar recebendo o aluguel é verdade é verdade esse barraco quente novinha daí o nome do grupo Inclusive

A gente comprou o barraco tinha um tinha um dono antes da gente a gente mora nesse barco tinha um dono E aí a gente comprou esse barracos para vender tá não sei que aí a gente comprou esse barraco eu não lembro o preço mas foi um preço justo

E aí Enfim pintamos lembra que a gente pintou a cela tudo é arrumamos e fomos morar dentro dessa cela quantos eram três É porque não era não tinha tinha praia mas você não dormia na praia ainda né tinha barraco que sim mas no nosso não a gente já era o chão

Exato Pode pôr um colchão lá e dormir na praia então nós temos nós tínhamos duas jegas que são as camas e aquela cama de casal que que se faz naquele outro por um banco né escola na pedra e tal não sei que você faz uma cama de casal e

Tal e foi isso então era um três pessoas que moravam e a partir daí a gente começa a participar mais efetivamente do do projeto da Sofia E aí ela percebe um segundo ela um talento ali né ela pô não dá para ignorar aqui que vocês estão talento

Então vou fazer o seguinte eu vou tentar conversar com um amigo meu de uma gravadora e vou tentar uma reunião quero levar essas músicas aí para ele conhecer e foi quando o Wilson soltou da atração resolveu ir lá e fazer uma reunião com a gente Ela mostrou essa música a gente

Gravou ali com uma maneira bem rústica mas para gente no momento ideal gravamos algumas músicas numa fita entregamos para ela ela levou até esse esse presidente né da da gravadora que na verdade era da Warner e montou esse selo essa gravadora a tração fonográfica e a partir daí ele

Quando eu vi as músicas ele se encantou pediu uma reunião tá não sei o quê foi até lá fizemos uma reunião e ele falou não quero gravar vocês e tal e aí você não te passar pela cabeça eu fugir mais não porque o que que acontece eu tô

Quando eu falei não eu quero rap de novo porque você começa a ver uma série de coisas dentro do sistema carcerário né você vê jovens pessoas jovens perdendo a vida por nada e do nada você começa a ver uma realidade existente dentro dos presídios que te assusta

Fala [ __ ] não é isso que eu quero para mim olha o que o sistema faz com essas pessoas naquela época era tanta morte morte até umas horas e vai que vai se morria por pouco por nada né Doutor você sabe disso eu tava no funcionário lá só Amauri Bonilha

Careca alto lembro o Amauri eu tanto enxerga que ele parou de fumar aí um dia eu tô ali na Divina é virgem ele passar com pacote de cigarro eu falei Ô Maurício você voltou a fumar Cara ele falou não não você acredita que eu tenho um preso aí no Meu Pavilhão que tá

Ameaçado de morte porque ele tá devendo um pacote de cigarro é isso eu fui comprar esse pacote olha quanto vale uma vida nesse lugar aqui ou às vezes menos do que isso infelizmente essas leis internas são complicadas o que graças a Deus depois de podemos dizer depois de 2001

Ou 2006 né deu uma 2006 exato deu uma organizada deu uma organizada enfim você falou da Sofia eu tenho maior respeito por esse trabalho que a Sofia fez lá fala um pouquinho dela explica o que ela faz uma atriz uma mulher muito especial né na vida de muita gente uma atriz

Que abandonou a vida de atriz para ir desenvolver um esse projeto dentro do dos presídios trabalha até hoje com o projeto aí sabe ela é uma pessoa maravilhosa uma pessoa nós somos bons amigos desde aquela época Pois é eu falo com ela a gente conversa

De vez em quando e tal ela tá aí com os projetos não mais nos presídios mas nas periferias ela tem tem uns projetinhos dela aí e tal bem bem legal Cracolândia zona sul ela tem aí o pessoal sensacional né super-humana né entende como funciona o sistema e quer

Colaborar para que o futuro seja diferente né Qual foi repercussão desse primeiro disco que vocês gravaram foi assim uma coisa Olha nem eu esperava assim eu tinha confiança mas a gente não sabe né como vai ser a gente nunca sabe e o rap daquela época não tinha repercussão que

Tem hoje né exato a coisa ela foi se mudando ao longo dos anos mas quando o 509-e sai e vai parar nas rádios uma coisa foi uma coisa assim absurda foi um sucesso gigantesco uma coisa assim que eu tenho muito orgulho de ter feito parte assim um disco com letras baseadas numa

Realidade existente no nosso país né E que poucas pessoas conhecem então a ideia era conversar com essas pessoas sobre esses problemas através das músicas e contar para elas Como como é o sistema carcerário Como é o interno como seus parentes vivem lá dentro quem são essas pessoas né e como e como essa

Engrenagem funciona ah foi foi um estouro foi uma coisa gigantesca assim foi parar nas rádios primeira música Saudades mil e aí é um cara que tá preso falando desse sentimento que acomete todo mundo né e as pessoas meio que se entender como um preso porque a televisão ela mostra o preso

Ela desenha o preço de uma maneira né A música que eu escrevi a saudade de mim Ela mostrou o preso um ser humano que é o que é né a gente não tá a gente não tá falando de crime que a gente está falando de pessoas que infelizmente cometeram crimes né se tornaram

Criminosos para a sociedade por um motivo outro enfim E aí quando as pessoas fora né fora do presídio passaram a ouvir Saudades Mil um cara lá de dentro falando de saudade falando de uma amiga que escreveu uma carta deu um dó na cabeça das pessoas né como isso pode ser como porque as

Pessoas só imaginam que dentro do presídio o que só existe a violência paixões humanas o repertório de Paixões humanas é o mesmo tantos seres humanos Exatamente porque porque são pessoas que estão lá dentro né que não repito que no momento o outro foram levadas ou cometeram um crime sei lá de alguma

Maneira de algum jeito mas são pessoas E aí as pessoas passaram a como isso que é esse cara né quem são essas pessoas vão conhecer e aí começa a acontecer um fenômeno gigantesco nas rádios sobretudo na rádio 105 por conta do Espaço Rap que é o que

As pessoas ligarem para rádio pedindo a música e também mandando um salve para os seus parentes que estavam lá dentro as pessoas passaram a fazer o quê a prestar atenção nessas pessoas que estavam lá cria um canal de comunicação no canal de comunicação e também Doutor foi uma maneira de começar a trazer

Essas pessoas para dentro do presente para visitarem os seus filhos seus maridos seus tios enfim muito louco isso muito louco eu recebi a carta de pessoas me dizendo assim eu tive aí semana passada que eu queria ter te visto mas eu fui visitar meu tio eu fui visitar

Não sei quem eu falava mano olha que loucura isso cara ou seja é uma revolução foi feito uma revolução e uma evolução que eu acredito de ter sido do bem quantas pessoas passaram a receber visitas que não tinha visitas por conta dessas músicas Detentos do Rap também teve uma importância muito grande dentro

Desse cenário todo e tal por isso também faziam sucesso e tal mas quando 59e vem para as rádios as músicas também tinham esse teor de mostrar como era o sistema carcerário mas também tinha o teor a sacada de mostrar quem eram essas pessoas ou quem são essas

Pessoas né e foi muito louco isso a música Saudades mil ela é a música que até hoje o senhor não cantar no show o show não foi completo né às vezes estava no começo do show e a pessoa tá lá embaixo pedindo a música e assim como ela outras músicas né que

Foram criadas dentro do presídio que eu escrevi né como vai ser o mundo enfim também fala dessa tristeza desse estado dentro do sistema carcerário né essa tristeza de ser empurrado às vezes para isso de um ter né a gente antes de começar o problema a gente tava falando das roupas

Né que eu falei que eu vim com com a calça né com a cor né Eu vim aí com o acordo de roupas que são né são designadas para os presídios para os presos usarem deixa eu ver né Eu só tava me contando sobre as calças que os

Presos usam né às vezes rasgadas camisetas e tal e é isso né então você tem que deixar aquela roupa ali mesmo comendo aquela comida e é isso né o sistema carcerário brasileiro é isso não se tem não se trabalha uma rede não se pensa uma ressocialização no Brasil dessas

Pessoas então falar de ressocialização no Brasil é que não era né é uma coisa uma coisa uma fantasia né o Dexter sabe que a primeira vez que eu vi rap foi dentro da cadeia né foi anos 90 começo dos anos 90 eu tava cruzando de um Pavilhão para o outro e

Passei ali naquela entrada do Pavilhão 8 e comecei a escutar uma aquela música falei meu Deus eu conheci um pouquinho de reconhecer porque é um ouvido um pouco nos Estados Unidos Olha aí era uma coisa muito forte assim naquela época e aí eu vi tava era os Detentos do Rap que

Tava antes do Rap ensaiando fazendo show carioca E aí eu parei longe deles fiquei ouvindo Mas eles me viram e fala o senhor gosta de você gosta de rap eu tô gostando muito de ouvir vocês cantarem aqui né uma música que retrata uma realidade né E aí quando se está dentro da cadeia

Esse canto sobre a cadeia você retrata aquela realidade ali e as pessoas passou a conhecer entender um pouco né esse mundo desconhecido né Eu sempre falei doutor Drauzio que a cadeia ela é um quarto mundo dentro desse terceiro mundo que a gente vive ela é um quarto mundo ela tem regras próprias também

Existem leis hoje vidas são preservadas né Graças a Deus porque o bem maior que se tem é a vida né o bem maior que o ser humano pode ter é a vida né e volto a repetir obviamente que a gente não tá defendendo o crime aqui a gente está falando de pessoas né

Que que e aí obviamente que vai surgir as perguntas mas e as vidas que foram tiradas não sei o quê e tal é isso nem sempre foram né nem sempre foram tiradas Mas isso também é uma consequência de um estado que não cuida do antes né o Brasil ele é o país do

Remediar e não do prevenir ou eu tô errado ao contrário o Dexter Essa época eu tava lá no Carandiru direto lógico cheguei em 89 né e sair de lá quando acabou a cadeia né Eu só tava lá primeiro que eu há muitos anos eu cheguei em 99 cheguei

No dia primeiro de abril de 99 eu já tava lá 11 anos eu conheci você lá nos conhecemos lá Pavilhão quatro quatro exatamente o que ele é interessante nessa experiência tua e ter passado por aquela cadeia que quem saía de lá vivo podia se considerar um sobrevivente Essa é um rap assim fala

Nessa sobrevivência e aí você foi liberado bons Anos No total você ficou lá de lá eu fui para outras cadeias também né eu passei em Franco da Rocha Iaras Bernardes enfim esses Bondes da vida aí e tal o que acontece Doutor come a música eu começo a incomodar o sistema

Esse sistema aí né porque não é o objetivo dos caras educar as pessoas e esse esse rap aí que a gente tá falando ele começou a fazer esse processo de revolução mental dessas pessoas aí as pessoas começaram a criar sabe enfim Pô eu criei eu criei biblioteca na perduição Vicente junto

Com a doutora Janaína uma diretora de educação um amor de pessoa super consciente tá não sei que enfim três salas lá Desocupados a gente criou duas salas de aula e criamos uma biblioteca 15 dias depois me mandaram de Bonde foi parar em áreas cadeia de segurança máxima que não tinha

Nada a ver já saiu do fechado para Liberdade ou você passou pelo semelhante muito tempo você percebe eu fiquei no céu aberto eu fiquei dois anos e meio no céu aberto eu saí de Guarulhos do José parada Neto você é aberto de lá um processo né foi um processo

Importante conheci o Dr Jaime conhece Leonardo E aí quando eu chego na cadeia dele e aí já sendo aberto ele sabendo que eu tava lá no advogado foi conversar com ele para fazer o pedido para começar a sair para poder trabalhar e ele sabendo que eu tava lá

Ele pediu para conversar comigo toda quarta-feira o Dr Jaime saiu do gabinete dele saía do fórum e ia para o presídio conversar com os detets para entender o que tava acontecendo o cara sensacional um cara ruim para assim meu amigo até hoje a gente sai para jantar conversar e bater

Um papo que o doutor já é uma figura que eu acho que deveria ser copiada pelos colegas de trabalho dele sabe o cara super humano o cara que obviamente que cumpria a lei obviamente não há dúvidas sobre isso mas por exemplo eu quando eu cheguei na

Cadeia dele eu já eu já tava ali meio que pronto para voltar e o meu lápis já era o suficiente também mas juiz nenhum queria saber disso quando eu falava sobre isso ele fala você com lápis de pena eu tô fazendo uma conta já sei que eu tô

No lápis Doutor já me prestou atenção em mim sobre isso e ele falou realmente ele falou não só aconteceu sendo aberto de fato é fato o senhor é aberto né Já agora tô livre nada de escrever tipo de sensação é uma coisa assim você sabe que nenhuma dessas minhas saídas

Na sexta-feira eu fui para Bahia porque o doutor já começou a assinar esses meus pedidos E aí na sexta-feira eu tinha feito um pedido acho que uma semana antes ou duas semanas antes e na sexta-feira que eu fui para Bahia eu fui autorizado para Bahia e voltar o presídio na segunda

Fazer um show lá na sexta-feira eu liguei no fórum para saber se a sentença tinha saído e eu fui informada naquele dia que aceitei você tinha sido tinha sido tinha saído e que tinha sido favorável Eu viajei com a tornozeleira mas já sabendo que eu tinha sido agraciado com com

O meu pedido o meu pedido tinha sido agraciado só imagina como eu viajei para Bahia com aquela com aquela tornozeleira ainda Mas sabendo que na segunda-feira eu ia eu ia eu ia assinar o meu alvará de soltura foi uma coisa assim eu não dormi nesse final de semana eu não dormi eu

Comemorei muito encontrei meu parceiro Gog lá que é de Brasília mas estava lá desenvolvendo o trabalho também Hamilton Borges enfim Nelson marca grandes nomes lá da Bahia lá no pelourinho fizemos uma grande festa comemoramos mas na segunda-feira eu desci do avião eu fui direto para o presídio né Desse em Guarulhos fui

Direto para o presídio eu sou Vanderlei ainda veio brincar comigo povo tem que tirar sua pulseira aí chegou um pedido aí cara tem que chamar um chegou uma porcaria aí tem que tirar sua pulseira aí e tal porque você não vai poder mais sair com ela

E eu tive que disfarçar porque a pessoa que tinha me falado que [ __ ] mas não conta hein meu e tal e eu disfarçando pô Como assim porque quando o preso cometi uma falta ele voltava para unidade a unidade já tava sabendo que ele tinha uma falta ele

Era ele era impedido de sair no dia seguinte e a pulseira eletrônica era retirada do tornozelo dele E aí quando eu cheguei eu sou Vanderlei um grande amigo até hoje foi no meu show em Jundiaí esses dias com a filha um grande cara fiz grandes amizades viu com

A gente penitenciários o que aconteceu o que aconteceu com a sua carreira a partir desse momento que você foi liberado enfim nesse dia só para finalizar as pessoas entenderem se eu Vanderlei faz essa brincadeira comigo então não sei o que ele vai lá dentro e

Vem um papel e fala pô aí você tem que assinar um papel aí meu você não vai mais sair 14 quando eu vejo já sabia enfim mas você me perguntou sobre a reação mesmo assim eu comecei chorar copiosamente porque realmente ali era o fim né aí fui lá dentro ainda complementar os

Amigos e tal deixei minhas coisas lá lógico e vim embora e quando eu saí a primeira coisa que eu fiz foi ajoelhar agradecer a Deus por estar vivo e a partir dali eu começo a fazer shows agora em liberdade Não exatamente na condicional mas quando eu já me

Assinando os pedidos e aí eu comecei a viajar o Brasil todo comecei a viajar o Brasil todo entrar em estúdio para fazer disco e fui abraçado pelas pessoas pelos fãs principalmente né fui abraçado de uma maneira muito calorosa muito especial e que é assim até hoje E aí consigo

Conviver com a minha mãe durante 10 anos né em liberdade e a nossa relação passa a ser uma relação diferenciada agora assim a minha mãe consegue olhar para mim dizer que me ama eu também para ela e começa a fazer shows shows que quero que eu era o que eu mais queria né

Trabalhar fazer shows e acho que se tornar essa pessoa que eu me tornei hoje sabe ser útil de alguma maneira sempre através da música né Essas músicas falam muito de perdão de olhar isso isso embora eu seja um cara duro também mas eu procuro trabalhar bastante isso

Por isso que eu falo disso também porque eu também sou esse cara ao mesmo tempo que eu sou um cara duro porque é o seguinte Doutor a vida que a gente que a gente leva liberdade ou não ela não é fácil ela é uma vida dura né não pensa o Senhor por

Hoje porque hoje eu sou o Dexter O que é ser o Dexter hoje foi feito os meus problemas entendeu a minha roupa diz muito para polícia de quem sou eu sobre quem sou eu minha roupa meu corte de cabelo na maneira de falar na maneira de ser a minha cor de pele

Pesa muito a cor né Eu continuo sendo o mesmo cara em outros caminhos pá Mas é a mesma coisa para o sistema solar o cara né Eu sou um rap que fala de mudança que fala de amor através das Letras Quem é esse cara que tá falando sobre isso

Essas coisas aí quem é esse [ __ ] aí eu Sou tratado por essa sociedade a sociedade brasileira dessa maneira é diferente Doutor Drauzio uma vez Eu fiz uma entrevista e eu só tinha falado alguma coisa no Fantástico e tal que era a mesma coisa que eu também falava nas

Entrevistas Só quando eu falo as pessoas ouvem de uma maneira negativa elas entendem de uma maneira negativa Quando o senhor fala é diferente branco né é um cara branco [Música] eu falo a mesma coisa eu sempre falei a mesma coisa né e a gente falou sobre isso aqui que é

Depois de 2006 a melhora que se teve dentro do sistema carcerário porque se protege a vida né quando o senhor fala tem um peso é entendido de uma outra forma quando eu falo é outras ideias eu sou criticado para caramba por conta dessas falas minhas Mas essas pessoas

Elas não viveram que a gente viveu a gente sabe o que é isso a gente sabe o que é encontrar um corpo no chão com mais de 60 facadas uma coisa horrível né então assim tem muitas nuances aí muitas coisas sabe então quando eu sair o que eu quis fazer viver

Mas continuar trabalhando em prol de um futuro melhor para os nossos né e trabalha que vocês que levou a fazer esse trabalho com jovens sim por exemplo quando o doutor Jaime eu continuei trabalhando em Guarulhos eu voltava para lá depois ele foi retirado de lá Infelizmente foi convidado a sair né

A gente sabe que ele foi retirado de lá porque ele desenvolvia um trabalho muito especial né eu vi eu presenciei detentos que ficavam o dia inteiro no pátio fumando maconha só fumando maconha tô dizendo que fumar maconha errado mas sei lá só ficava fumando maconha passar a desenvolver grandes

Trabalhos de fotografia porque a gente levou esse projeto lá para dentro como vai ser o mundo é um projeto que a gente instalou lá durante dois anos e meio a gente viu pessoas irem cortar cabelo e Passarem a gostar da profissão passar o Eric um cara o Emerson hoje advogado o

Cara sabe que saiu de lá foi fazer faculdade porque entendeu através do nosso projeto que o caminho pode ser outro nem sempre vai ser outro tradutor mas ele pode ser qual a chance que essas pessoas têm Eu costumo dizer uma outra coisa também falar de sistema carcerário no Brasil é

Falar de um produto tóxico falar de Detentos de Detentos no Brasil falar de um de um produto tóxico de um assunto tóxico que ninguém quer falar todo mundo quer jogar por debaixo da parede todo mundo quer jogar para debaixo do tapete bate na parede e volta sabe então assim esse trabalho social

Que você tem feito nos últimos anos com doutor Jaime o que aconteceu ele foi brecado e ele se torna um trabalho Itinerante onde eu vou fazer show a gente sempre pede para que o contratante se tem conhecimento com alguém dos presídios da região nos leve para fazer uma visita a pandemia infelizmente nos

Tirou de circulação né e agora a gente tá tentando voltar com com esse projeto e tal acho que tem uma visita a ser feita logo menos aí em Salvador lá no Panelão tem alguém agilizando lá para gente tal por conta da pandemia infelizmente a gente não pode mais voltar problema

Muito sério isso né dentro dos presídios inclusive mas esse é o trabalho e aí não só mais agora nos presídios né escolas também com ingredientes que é um juiz da infância de execução da infância né e adolescência e adolescente e ele também me chamou para um projeto que é o trampo

Justo eu tô por aí sempre agora com esse projeto Itinerante desenvolvendo aí e com juízes com pessoas que em 2000 nós estamos em 2023/2019 ou 18 a gente foi ganhador do prêmio inovare com esse projeto aí o senhor imagina né eu Dexter lá no salão branco do STF recebendo o

Prêmio é foi muito louco assim sabe eu gosto dessa dessas coisas de jogo é exatamente essa virada de jogo aí e tal só ver isso aí passou na Rede Globo e tal mas era para estar em todos os canais de televisão ó o trabalho que os cara tão

Desenvolvendo aí isso não passa né passou ali na Rede Globo rapidinho percebe que eu quero dizer as coisas são o que poderia mudar a mentalidade de um jovem que hoje se encontra no crime infelizmente desenvolver nessa prática não é incentivado a ser mostrado como receber o teu futuro agora um homem

Maduro passou por tudo que você passou e que tem esse papel na sociedade agora não cantor famoso Doutor eu quero continuar social eu quero continuar desenvolvendo Esse meu trabalho eu acho que esse eu acho que essa é a minha missão continuar desenvolvendo Esse meu trabalho através da música através da troca de ideia

Palestra porque eu não sou palestrante mas a troca de ideia eu gosto de voltar lá para dentro para conversar com eles e com elas e falar sobre essa possível mudança para eles é dizer o seguinte Olha se eu conseguir vocês também podem conseguir nem todo mundo vai ser cantor de rap nem todo

Mundo vai ser escritor mas de alguma maneira vocês podem conseguir Sim a gente sabe que infelizmente existem aqueles e aquelas que já não tem mais como voltar ou criar uma caminhada diferente sabe disso né as oportunidades elas são tiradas todos os dias essas pessoas o cara não estudou descobriu nenhum talento

Infelizmente ele vai continuar nisso a gente sabe disso também você sabe eu tive uma passagem que me marcou muito lá na no Carandiru tinha o torneio de futebol né sim que era uma coisa levada muito a sério imagina e esse torneio de futebol cada cada Pavilhão tinha um

Diretor de esportes e aí de organizar o torneio que era anual né E aí reuniu todos os diretores para discutir a tabela as regras de tudo porque lá não tinha tapetão combinou combinado e vai ser feito daquele jeito e eu um dia cheguei na cadeia o Waldemar tinha a sala ali no

Pavilhão 8 e eu vi que estavam nessa reunião eu deixei minha pasta lá como eu fazia e fui atender no próprio Pavilhão 8 e fiquei um tempão a gente vê há 50 60 doentes e cada vez e aí desci já era já tinha escurecido já era noitinha e desci

Passei na sala dele tinha voltado um daqueles diretores de pavilhão que eu não lembro de qual era agora para falar com ele dizendo que não era justa divisão que eles tinham feito e que quando ele voltou para o Pavilhão o pessoal disse não não tá certo isso E aí

Volta não tá certo porque olha aqui não tem preferência para ninguém os pavilhões tem um número de presos diferentes então você não pode comparar ou Pavilhão dois com o Pavilhão oito que tem aí na época tinha 1.600 18 anos e o rapaz ficou olhando para ele falar e agora que eu entendi

Muito obrigado saiu da sala quando ele saiu e voltou e voltou o senhor é um homem justo né Você só faz as coisas certas se eu não engana ninguém eu fiquei pensando que se eu tivesse conhecido um homem como o senhor talvez não tivesse entrado para o crime

É isso quer dizer Esse cara não conheceu nenhum homem como aquele exato exato por vezes por muitas vezes Exatamente isso né nem Pai a gente tem deixa eu conhecer meu pai com 17 anos né é o que poderia ter sido de mim antes desses desses 17 anos para trás

Várias histórias né a gente não sabe enfim a vida do outro é a vida do outro né quando você começou a fazer tá tão legal mas infelizmente você quando começou a coisa meio de marginais não é a sociedade entendia assim né que é uma coisa que vem da Periferia

Coisa preto não é coisa por isso que a sociedade havia como né como de Marginal coisa de Marginal coisa de bandido sim basicamente assim que a sociedade pensa E aí você viu agora o rap chegando na classe média explosão que aconteceu com o rap agora

Doutor o rap a música rap e a cultura hip hop acho que uma coisa não pode se distanciar da outra é tão especial tão especial que ele ele traz por perto ele Acalanto até o coração dessas pessoas aí que por muitas vezes só tem dinheiro sabe não tem esse cara aí para trocar

Essa ideia [Música] obviamente que existe uma diferença muito grande entre nós e eles eles não vão presos são poucos os que vão né eles não vão presos e quando vão ser preso no Brasil tem cor né presos no Brasil tem cor tem tem classe social né tem estilo

Então a gente sabe que eles não vão presos mas a gente sabe que como o ser humano eles também sofrem essa ausência aí desse amor esse cara Essa justiça aí né o cara é tão rico tão rico ele só tem um dinheiro né O pai é ausente as empresas não

Deixam o pai ser presente pai também tá aí com a educação Porque ele acha que ele ele transfere né aí a mãe bebe remédio para [ __ ] para dormir não sei quem sabe esses problemas aí de rico é isso é o seguinte o rap ele é tão especial

Que até esse cara aí ele traz para perto ele ele ele ajuda esse cara aí você sabe uma vez eu tava em Guarulhos eu fui assinar na carteirinha Ó que louco eu tava saindo do fórum peguei meu carro parei no farol parou um cara do lado uma BM Branca eu

Tava ouvindo um som aí eu vi o Dexter quando eu olhei ele [ __ ] aí você mesmo o farol fechado ele saiu do carro ele veio até meu carro me cumprimentou me agradeceu e falou cara a sua música do Racionais mudaram a minha vida morou meu pai não teve o poder que vocês

Tiveram sobre mim hoje mano eu tô com a empresa do meu pai tal legal eu sei eu tenho condições minha BM não sei o quê mas é isso foi a música de vocês que fez que fez isso comigo Então o que eu tô falando aqui é de

Conhecimento de causa e é isso mesmo Por isso e outra além de ser uma música que é boa né a batida é boa né convence né compartilha é boa e de lá para cá naquela época para cá dos anos 90 para cá surgiram outros né Falando de outras

Coisas e alcançando essas pessoas também mas a essência do Rap a essência do hip hop ela é fantástica ela ela conversa com todos o senhor sabe que eu que eu gostaria muito inclusive que o nosso povo prestasse a atenção como esse boy Aí presta atenção na nossa música o boy

Ele presta mais atenção no que a gente está falando que às vezes até o nosso próprio povo nós temos esse problema no Brasil deixa eu ver fica aprovado se eu ver que 13% de negros da população preta nos Estados Unidos faz o que faz nós somos 60

A gente não consegue não tem uma unidade e o rap ele ele o rap era isso o rap era a música o rap é a música da Liberdade se o nosso povo prestar atenção no que a gente falou durante anos a gente seria uma potência diferente uma

Potência maior Ou uma maior potência né eu acho penso isso porque é incrível o poder que o rap tem É incrível o poder com hip hop tem essa cultura salva vidas no mundo todo né o trabalho que o próprio desenvolve ele é um trabalho ele é um trabalho que estava mais vidas

Do que do que os programas de governo olha que louco isso né o Hip Hop para mim ele deveria ser matéria em currículo escolar porque não é só a música não é só o dialeto tem um ensinamento conteúdo Rico dentro dessas linhas de dentro dessas escritas uma troca de ideia muito profunda

Quantas vezes eu fui chamado por um fã ou outro de psicólogo ou malandro você foi meu psicólogo com a música tal é isso Exatamente isso o rap é a única música que reúne as pessoas para falar disso a única música que reúne as pessoas para falar de consciência política racial social

Dexter muito obrigado que ficaria conversando até amanhecer com certeza com certeza Doutor Eu que agradeço essa equipe maravilhosa Obrigado pelo pelo carinho recepção gente você que está nos assistindo aí muito obrigado pelo carinho também pela sua audiência aí e Doutora O senhor é um ícone Será um grande herói aí dentro dos

Presídios um cara que já salvou muitas vidas e eu em nome de todos eles e elas eu agradeço tudo que o senhor fez pela gente aí muito obrigado senhor doutor pelo carinho pelo convite espero ter contribuído para um bom programa aí muito obrigado espero que vocês tenham gostado dessa entrevista com meu gostei

Acompanha nosso canal e ative as inscrições para você ser avisado das próximas entrevistas Muito obrigado pela atenção especialmente Muito obrigado a você [Música]

Fonte





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