A Ucrânia comemorou a parceria de exploração de minerais assinada com os Estados Unidos. O país espera que o acordo comercial possa ajudar a pressionar a Rússia a aceitar um acordo de paz. O tratado permite aos Estados Unidos a extração de minerais, petróleo e gás em território ucraniano. Parte desses recursos será destinada para a reconstrução da Ucrânia, que considerou o acordo justo. Documento não prevê pagamento em troca da ajuda militar que os Estados Unidos têm dado desde o início da guerra. Sem detalhar de que maneira essa parceria pode influenciar futuras negociações de paz, autoridades americanas garantem que o acordo será colocado em prática o mais rapidamente possível. Congresso ucraniano ainda precisa aprovar o documento que também reconhece o direito da Ucrânia de ingressar na União Europeia. A votação deve acontecer no dia 8 de maio. A Rússia não comentou o acordo. E quem chega para repercutir essa e outras notícias internacionais é o Ricardo Cabral, professor, doutor em história, analista de relações internacionais, geopolítica e conflitos internacionais. Ricardo, boa tarde. Obrigado por estar com a gente hoje aqui no Conexão. Muito obrigado pelo convite, Jonathan. É sempre um prazer estar com todos aí da Record. Ricardo, de fato, esse essa nova parceria, né, entre Estados Unidos e Ucrânia pode chegar a um acordo de cessar fogo nessa região? Qual é a análise que você faz? Bem, a tendência agora é o maior engajamento dos Estados Unidos. Essa é a grande, vamos dizer assim, a grande notícia por trás do acordo. A a existe uma tensão muito grande por causa que os americanos consideravam que o Zelensk ele estava prejudicando as negociações, colocando vários impecílios, inclusive para esse acordo. Claro que esse acordo tem essa questão que os americanos gostariam de eh resolver, que é o pagamento pelos pela ajuda militar fornecida, algo em torno de 100 bilhões de dólares, não é o que o Trump tá falando, em torno de 300, nunca foi isso, mas isso vai permitir os Estados Unidos acesso a a a minerais estratégicos para ele, como terras raras, né, cobalto, urânio, né, e além das questões energéticas, eles vão poder, as empresas americanas terão, pelo que eh nós estamos vendo, um certo privilégio ou então uma preferência na reconstrução e na exploração desses recursos naturais. Lembro que vai ser uma divisão meio a meio, tá? E parte dessa dessa renda dos próximos 10 anos serão utilizados para a reconstrução da Ucrânia. Ou seja, os Estados Unidos fizeram um acordo, que, aliás, o Trump falou que o acordo vai ser o modelo para outros acordos que estão sendo eh eh estão sendo transacionados, estão sendo negociados, como, por exemplo, a República Democrática do Congo. Agora, do ponto de vista militar, Cabral, eh existe um fortalecimento a partir de agora por parte dos Estados Unidos, ainda mais em proteger essa região de qualquer possível ataque russo? A tendência não é bem essa, porque os Estados Unidos querem que agora a Ucrânia pague pela pela compra de armamento. Porque nunca ficou claro, Jonathan, que os americanos estavam vendendo armas paraa Ucrânia. Eles estavam eh eh toda a comunidade internacional entendia que era doação e agora eles vêm com essa cobrança. Bem, eles vão continuar vendendo, muito provavelmente eles vão pressionar ainda mais os russos para fazerem acordo. Lembro que tudo que a Ucrânia tem, a Rússia tem muito mais e os Estados Unidos têm ainda o interesse estratégico de separar a Rússia da China. Então, quer dizer, é um jogo de ganha ganha talvez muito mais pros Estados Unidos do que para os seus parceiros, seja ele a Ucrânia, seja ele a Rússia. Uma questão que a gente pode colocar eh eh constituição de uma buffer zone, uma uma zona tampão que pode evoluir com o cessar fogo para uma zona desmilitarizada que vai proteger o território russo, né, já que ela tá sendo constituída dentro do território ucraniano, de futuras inserções, invasões, incursões ou coisas semelhantes. Vamos esperar porque ainda tem muita água ou como disse o Jade Vence, né? Eh, ainda tem guerra pela frente. Pois é. Vamos falar nele sobre ele. Inclusive agora o vice-presidente dos Estados Unidos disse que a guerra na Ucrânia não vai terminar em breve. Segundo J Vens, cada lado sabe quais são as condições de paz e está nas mãos dos russos e ucranianos chegar a um acordo para acabar com o conflito. No começo dessa semana, o secretário de Estado norte-americano já havia dito que está na hora dos dois países apresentarem propostas concretas para o fim da guerra e que se não houve progresso, os Estados Unidos vão se afastar das mediações. De fato, Cabral, você imagina um possível afastamento dos Estados Unidos, ainda mais agora com esse acordo mesmo. Os Estados Unidos vão continuar pressionando a Rússia, até porque eles eh têm interesses eh em vários outros assuntos com a Rússia. Por exemplo, a Rússia tá envolvida diretamente, ainda que não se assuma nas negociações com o Irã por causa do programa nuclear. A Rússia está também envolvida em outras questões no Oriente Médio, ali na Síria, no Líbano, né? Temos ainda outras negociações intermediando eh disputas, né? Eh, com a Índia lá do Paquistão ainda, a Índia. Então, a Rússia é um ator eh essencial nessas negociações americanas e manter a Rússia por perto, manter um bom relacionamento com a Rússia é fundamental. Lembro que os Estados Unidos estão estudando, né, após, né, eles conseguir colocá-los para sentarem, para sentarem à mesa como incentivo, levantar sanções, retomar relações mais próximas, tudo isso como incentivo à Rússia a sentar e negociar diretamente com os ucranianos, moderado pelos Estados Unidos. a gente tá falando aí dos Estados Unidos no centro das atenções em termos de relacionamento com a Ucrânia, com a Rússia, enfim, tentando de alguma forma mediar esse conflito. Mas fica também o questionamento sobre os países europeus, Cabral, a Europa tirou o pé de vez em relação à guerra na Ucrânia? Porque pouco se ouve falar em relação a isso. Olha, os europeus e falando uma linguagem bem popular, eles foram escanteados, né? Eles foram retirados da pauta de negociações, eles não estão à mesa, né? E tudo que não tá na mesa tá no cardápio, né? Você sabe disso. E as relações com o as a as os vários estados europeus e a própria União Europeia, a União Europeia tem sido solenemente ignorada pelo governo Trump e os estados europeus estão esperando as negociações. O governo Trump prefere fazer com a Europa acordos bilaterais em vez de fazer um acordo com a União Europeia. Isso são elementos desse acordo. Com relação à Ucrânia, existe uma disputa muito mais dura, Jonathan, que é a questão dos minerais. A Ucrânia tem acordo com a França, com o Reino Unido, com a Alemanha, com a própria União Europeia para explorar esses mesmos minerais que ela fez grandes concessões aos americanos. Isso é confusão na certa. Exato. Vamos acompanhar para ver o que acontece, né? E a Rússia informou hoje que as tropas do país estão criando uma faixa de segurança nas áreas de fronteira na região de Sam. No mês passado, o presidente Vladimir Putin havia dito que o país iria criar a chamada zona tampão em SAM para se proteger contra futuras incursões da Ucrânia. Um comandante russo afirmou que as tropas russas conseguiram desorganizar o sistema de comando ucraniano na região. Esse reforço russo acontece depois da retomada do controle da região de KSK. Do outro lado da fronteira que está que era na verdade ocupada por tropas ucranianas. As forças de Kiev não confirmam a informação. O objetivo era controlar a região para tentar alguma vantagem em futuras negociações de paz. Cabral, diante de todas essas estratégias militares, né, dos dois lados, mas vamos falar aqui da da Rússia, né, o Putin, ele tem influência nisso, em dizer o que ele quer, o que ele quer que aconteça, de dizer que ele quer que determinada região seja atacada ou não, ou isso fica mais concentrado de fato no poderio militar de quem tá no comando de fato dessa guerra? Olha, o que vocês estão mostrando são cenas de treinamento. Agora você tá mostrando cenas de combate. Isso aí é combate mesmo. Mas as primeiras cenas eram de treinamento. Apesar o treinamento russo, eles mandam tiro em cima. Se se você não sabe. Mas normalmente isso aí é feito o treinamento. E você tá vendo que o o o Putin ele eh ele não influi diretamente nos combates, mas ele é o decisor político, ele diz o que quer, né? Ele, por exemplo, ele disse, ele mudou o comando e disse que queria eh a expulsão dos ucranianos da região de KK antes de iniciar qualquer negociação. Essa précição foi estabelecida e ele nos últimos dias tem eh citado, né, eh a necessidade de você criar essa zona buffer zone, essa zona tampão, com objetivo lá na frente de você criar uma zona desmilitarizada. Porque por que cusc é importante? Se você entrar por cusc, né, com as pontes, com tudo eh eh reconstituí reconstruído, você chega a Moscou, você inflete pro norte e você pega e Moscou pelo ventre baixo, quando a gente costuma dizer, é uma região que é protegida, né? Tem lá Briansk, Oriol, Vladimir, tem várias, vamos dizer assim, cidades fortalezas desde a época soviética, mas é um flanco exposto. Então é fundamental para a Rússia, né, cuidar bem de CUSK. E digo mais, essa zona desmilitarizada deve se estender também ali em frente a Carcov, né, já que Belgorod é constantemente atacada. Cabral, fazendo um balanço nesse tempo todo de guerra, né? A Rússia obteve vantagens nesse conflito, alcançou o que ela gostaria? Não, ela não alcançou praticamente nada. Ela perdeu, a gente costuma dizer, né, o Flumo Norte, ela perdeu a Finlândia para OTAN, ela perdeu a a Suécia, que era que era uma neutra eh assim meia fantasiosa, mas agora ela tem uma uma ameaça direta a Kaliningrado, tem uma ilha em frente a Kaliningrado, é Gotland que pode dar problemas. Ela não conseguiu atingir o objetivo. Quais são os objetivos russos? eh neutralidade da Ucrânia, isso já tá ultrapassado, que ela não entrasse para OTÃ, isso parece que foi consolidado e eh num primeiro momento seria derrubar o governo zeleno, o que não aconteceu. Agora me parece que é o controle, né, de pelo menos quatro oblastes, né, que ela, por exemplo, Kerson ou Kerson, ela domina em torno de 75%, Zaporizia 76, né, eh, Donesk, 70, eh, Lurhansk 99% e 1% ali se juntar tudo em Carcov, ou seja, nem os oblastes completos, né, ela conseguiria. Se nós formos ver a área russófona, área que fala russo, tá faltando ali Den Preprovsk, tá faltando eh eh eh Karkov, Sum, eh Chernoriv, né? Eh eh faltam várias outras, Poltava, né? falta isso tudo. Então, a Rússia não conseguiu o objetivo. Muito pelo contrário, ela ampliou a sua exposição a as tropas da OTAN e conseguiu, né, criar uma animosidade na Ucrânia de pelo menos aí uma geração. Veja bem, ucranianos e russos compactuam origens comuns, Jonathan, né? O o o o Canato, né? A cidade de Kiev, é da formação da Rússia. Kiev, Novgor, Moscou fazem parte daquela colonização eh dos varengues, né, dos vikings do norte que se eh assimilaram com os eh com os eslavos para formar o que a gente tá vendo aí, esse povo ucraniano, russo, bielo-russo. Então, são povos irmãos e Putin com essa invasão, ele não atingiu seus objetivos e está longe de atingi-los. Ricardo Cabral, obrigado por estar com a gente hoje aqui no Conexão Record News e por estar sempre, né, desde o início desse conflito há 3 anos, Ricardo Cabral nos ajudando a entender sobre os desdobramentos, o passo a passo dessa guerra entre Rússia e Ucrânia. Bom fim de semana para você, viu? Muito obrigado. Um grande jornal a todos. Yeah.
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