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Ywyzar Tentehar brilha na TV e no cinema: conheça a atriz indígena que está no remake de Vale Tudo

Ywyzar Tentehar brilha na TV e no cinema: conheça a atriz indígena que está no remake de Vale Tudo

[Música] oi pessoal eu sou Nailó sou repórter de entretenimento do Metrópolis e tô aqui para entrevistar atriz Ivisar Tenterrar atriz indígena que tá fazendo vários trabalhos agora inclusive com Xuxa e Angélica na série Tarã onde ela é protagonista eh E você tá em Vale tudo né você é protagonista da série Tarã que tem Angélica e Xuxa elenco mais do que de peso né enfim eh você também tá no Longa Rio de Sangue ao lado de Giovanelli e tem a novela Guerreiros do Sol na no Globo Play né e você tem passeado por personagens indígenas e não indígenas né como tá sendo essa experiência essa experiência profissional assim nossa eu acho que meu primeiro personagem né que eu fiz de fato foi em uma série chamada Independências do Luís Fernando de Carvalho e a minha personagem era indígena e a primeira cena que eu fiz que eu não tive preparação não tive nada então primeira vez no set foi fazendo essa personagem que era eh falando na minha língua mesmo na minha língua materna do lado da minha tia a gente contraconava juntas eh na nossa língua e também foi muito importante assim porque era um lugar mais seguro para mim né desculpa só só me relembra aí qual foi o primeiro trabalho que você fez desculpa o nome foi Independência ah Independência tá e e desde então surgiu outra oportunidade como Taran arão também é uma personagem indígena mais um um uma história mais fictícia um povo mais fictício eh né nesse mundo de magias que é a Disney né de uma forma completamente diferente e a partir de aí vieram outros personagens eu acho que tem sido muito importante muito prazeroso assim para mim porque ter esses personagens que claro conversam muito eh eu acho que no geral todos os personagens conversam muito comigo né mas quando fala sobre indígena eu acho que é tipo mais o meu lugar é o lugar que eu mais estou aprofundada assim e esses personagens que não são indígenas quebra um pouco esse um pouco estereótipo mesmo que as pessoas criam de que a gente só pode ser contratada no audiovisual ou para qualquer outro projeto só para falar sobre indígenas só para falar sobre esse tema eu acho que a gente também consegue eh andar por outros espaços assim como a gente vê outros artistas também fazendo isso né e tem sido tem sido incrível tem sido muito acolhedor tem me sentido muito abraçado assim por pelos territórios que eu passei por exemplo Tarã a gente foi pro Acre e no Acre a gente eh trabalhou com vários povos assim de a gente trabalhou que com a chanica com ah enfim são muitos povos mas tipo mais de 10 povos que a gente trabalhou e foram povos que me acolheram muito e que foram foi um momento muito especial para mim porque na minha primeira experiência meu primeiro momento ali tipo de entrar de fato de est de fato no projeto desde o começo do começo ao fim foi ao lado de pessoas que também estavam vivendo esse primeiro momento no audiovisual conhecendo esse mundo do audiovisual indo para lá né que a gente foi para Cruzeiro do Sul tipo muito distante assim e os povos ali estavam tendo essa conexão também com essas pessoas de fora com esse mundo de fora e tá ali rodeada de pessoas que querendo ou não conversavam com a minha história mesmo de territórios e povos diferentes a gente conversava muito eh as nossas histórias batiam muito e eu ouvia muito isso também né né tipo dessa dessa felicidade de finalmente tá tá vendo indígenas fazendo isso de de tipo caraca que legal agora eu também quero também quero sonhar nossa que incrível co demais representatividade sim total né não atividade eu acho que eu acho que que tem que ser além né além desse lugar tem que ser num lugar de escuta mesmo de troca da gente conseguir debater e trocar e falar: "Olha essa e essa história aqui não tá legal dessa forma a gente tem que mudar tipo eh fazer desse jeito não conversa com com o que vocês querem passar pelo menos não conversa com a nossa realidade né?" Uhum se se eh se empoderar das narrativas também né sim sim com certeza ah uma pergunta legal né que você tem você tem acumulado trabalhos televisão e cinema e streaming né que que você tá gostando mais de fazer nossa eu acho que eu tô gostando muito da TV né eu cheguei na porque sei lá Tarã a gente teve a cidade fui bastante para estúdio também cinema a gente ia mais para lugares fora assim e aí a TV tem essa cidade cenográfica ali que e que eu ainda tinha muita curiosidade em finalmente ter podendo conhecer tudo e tá sendo muito prazeroso assim eu acho que tem essa esse negócio de tempo né é um outro tempo e aí eu tô começando a entender esses tempos que são tempos diferentes também mas todos os trabalhos assim foram muitos muito importantes para mim mas eu sou apaixonada pelo stream porque foi o que foi que chegou primeiro e eu tenho um apego assim gostando você televisão e você tá no elenco de uma novela que tá prometendo muito né que foi um estouro na época né que que saiu e agora como é que tá sendo a experiência de participar de uma produção dessa envergadura nossa eu acho que ainda tá caindo a ficha para todo mundo né eh eu e e o meu principalmente o meu núcleo a pessoa as pessoas que eu mais tenho contato assim a gente conversa muito sobre tipo cara tá sendo tá sendo como que fala tá sendo quase um peso para todo mundo assim tá todo mundo carregando um peso de tipo cara as pessoas são com a expectativa e as pessoas querem que a gente eh supra essas expectativas sabe que a gente entregue assim tá todo mundo muito tenso porque é isso as pessoas já criaram uma expectativa muito grande fala um pouco da sua personagem a minha personagem ela ela é veterinária ela é melhor amiga ali da Fernanda né e eu acho que eu não posso falar muitas coisas ainda tipo é o que pode ser dito né apesar de ser remake né também é uma personagem não indígena né é é uma personagem não indígena não tem não tem nada a ver com o indígena assim eu acho que é a personagem que mais sai desse lugar de indígena das outras personagens que eu que eu fiz mas é isso eu acho que a a o indígena tá tá na minha identidade mesmo no meu sangue na minha cultura no que eu carrego isso não vai mudar independente da da personagem que faça mas não tá ali nos três jeitos não tá na forma de vestir ou ou numa forma de falar né tá não não está uma forma mas eh ela ela foge completamente do que as pessoas veem que é que é cientista uhum uhum olha Eu você eh atuando trabalhando ao lado de Giovana Tonelli Xuxa Angélica você tá no elenco de Vale Tudo que todo mundo tá esperando muito você só tem 22 anos né 22 anos fala um pouco pra audiência do Metrópolis assim eh como foi essa trajetória quando você começou a a ficar em frente às câmeras e como é que você chegou nesse lugar e nova né muito jovem você vem lá do Maranhão indígena que também querendo ou não claro que as coisas estão mudando mas acaba sendo também uma questão né enfim conta pra gente então eu é isso eu sempre quando eu era criança eu morava no meu território tinha certa dificuldade de falar na língua e minha e grande parte da minha família não fala né na em português então mas qual o nome da língua zengueté zé Engeté tá Zé Engeté então quando eu era criança eu via a minha mãe e os meus avós eh sempre fazendo de tudo para eu estudar na cidade para eu aprender a falar português para eu poder falar por mim então eu ficava um ano estudando na cidade um ano na aldeia um ano na cidade um ano na aldeia e aí quando eu tinha uns 5 anos de idade mais ou menos minha mãe morava veio morar no Rio de Janeiro que ela veio com um grupo de ativistas pro Rio de Janeiro para resistir num espaço aqui no Rio de Janeiro que é a aldeia Maracanã que até hoje é um espaço de resistência e de acolhimento para os povos indígenas que vêm de fora principalmente do meu povo e eu continuei morando na aldeia mas eu ficava né intercalando sempre e eu eu via o Rio de Janeiro nos livros né eu via assim eu e eu e eu imaginava que a minha mãe morava no Rio de Janeiro e eu via prédios eu via praias e eu via nossa um dia eu vou mas eu não podia sair do meu território antes de passar por todos os meus rituais uhum e a família também nem me permitia assim mas eu sonhava muito em fazer algo diferente mas era tão distante da minha realidade né porque eh todas as pessoas que estudavam que conseguiam estudar conseguiam fazer eh ir paraas universidades e que conseguia se manter nas universidades sempre tinha era muito limitado né as pessoas se limitavam muito a a profissões que elas que eram acessíveis para elas e que elas poderiam seguir que dariam certo que era ou enfermagem ou direito ou alguma coisa que trabalhasse ali na área da saúde para que elas pudessem trabalhar na aldeia mas nunca ampliando muito esse lugar né uhum e eu e eu queria ser diferente assim eu queria fazer algo diferente eu queria por exemplo fazer psicologia no meu território eh praticamente ninguém faz psicologia né tipo eh e aí enfim tive a oportunidade de vir pro Rio de Janeiro quando eu fo Você f com quantos anos ao Rio eu vim com 11 anos de idade ah você passou pelos rituais que tinha que passar passei por todos os rituais que eu tinha que passar do meu povo e aí finalmente consegui vir para o Rio através de por causa de estudos fui morar com a minha mãe e eu pude conhecer muitas amigas assim que eram artistas sempre trabalhando com arte fazendo artesanato minha família sempre trabalhou muito com artesanato sempre teve a arte inserida eh nos cantos nos nossos rituais nas danças então a arte sempre teve ali mas a gente não enxergava a nossa arte como arte né porque a arte é só aquilo que tá no museu é só aquilo que tá na TV é só aquilo que que que tem que tem nome que as pessoas conseguem enxergar como arte e eu via muito comecei a a ter amigos próximos assim que que faziam exposições e eu falava: "Caraca eu quero ser artista eu quero fazer isso" e eu sabia sei até hoje fazer coisas com miçangas sempre soube fazer muitos artesanatos são brincos colares pulseiras roupas só que eu queria levar aquilo para lugares diferentes então eu falei: "Cara eu quero levar minha arte para museus eu quero que isso seja não quero que as pessoas vejam apenas como um artesanato eu quero que as pessoas vejam como arte que isso é arte" e aí eu fiz curso de artes visuais no parque Lage em 2020 fiz curso no parquage fiz passei para para alguns editais para fazer alguns programas para jovens no Mã no Museu de Arte Moderna e aí eu achei eu achei que eu tinha me encontrado assim até que a minha tia ela já veio nesse processo artístico há bastante tempo também de música eh de atuação e aí surgiu um teste é para eu fazer que foi pra eh que foi pra independências só que o diretor queria uma personagem mais nova queria um personagem que tivesse cara de 10 anos e eu conseguia fazer personagem até 14 mas não aos 10 então ele meio que descartou assim logo depois surgiu um teste para Tarã foi um produtor de elenco que já tinha feito o trabalho com a minha tia e aí ele viu uma foto minha nas redes sociais e entrou em contato com a minha tia perguntando se eu era da família dela ela falou que sim e aí surgiu o primeiro teste e eu não sabia como fazer esse teste e aí ele pediu para eu mandar um vídeo falando alguma coisa e aí minha tia pegou falei assim: "Olha a gente vai pro banheiro e a gente vai gravar um vídeo você contando tal história de um menino que você gostava não sei você vai contar essa história e conta para mim só conta." E aí eu comecei a contar de uma forma muito espontânea assim e enviei para ele e ele amou ele falou: "Pronto encontramos a nossa Gaia encontramos nossa protagonista" é isso incrível muito E como foi atuar com a com a Xuxa e com a Angélica então nossa eh foi muito leve até principalmente com a minha relação com a Xuxa né porque eu tinha muita insegurança porque eu não sabia como reagir tipo as pessoas tinha muitas pessoas ali na produção que eram muito fãs dela muito e que se tremiam só de falar e eu sempre ficava nesse lugar de tipo caramba como que eu vou agir tipo ela vai fazer minha mãe eu não posso agir assim né eu não posso ser desse jeito mas no primeiro contato que ela teve comigo ela já me acolheu muito ela já colocou a Dora Alice no meu colo e falou: "Ai é sua irmã não sei quê" eh já me abraçou muito e ela sempre falava muito da filha dela também né da Sacha da relação dela com a Sasha isso me aproximava dela também me aproximou bastante dela então ela sempre chegava conversava comigo fazia perguntas eh mas tipo da minha vida pessoal porque a gente ia construindo essa relação mas foi uma relação muito leve assim que eu que eu de fato era isso era um sonho que eu vivia ali que eu tava aproveitando aquele momento sabe era um momento com certeza com certeza eis e assim pra gente fechar eu queria que tu desse assim uma visão sua uma opinião sua com relação assim porque a gente tá vendo que nos últimos tempos algo está acontecendo né estamos vendo mais pessoas eh fora daquele padrão branco rico e tudo mais agora temos indígenas temos negros eh a questão indígena tem vindo com muita força né agora nos últimos anos temos uma parenta sua que é ministra né eh dos povos indígenas Sônia Guajajara eh e o audiovisual é é uma das peças centrais né dentro dessa mudança quando a gente passa a ver essas pessoas eh fazendo cultura né fazendo arte na televisão no cinema no streaming eh como é que tu tá avaliando isso assim ainda tem muita coisa a ser feito o que seria com certeza eu acho que é isso finalmente a gente tá conseguindo quebrar essas barreiras eu acho que foi um processo tão dolorido assim para para muita gente muita gente não se sentia competente nós não se sentíamos capazes de ocupar esses lugares porque eram lugares que nos desprezava praticamente né fechavam as portas pra gente e a gente vem quebrando muitas barreiras cada vez mais e eu acredito que com essas quebras de barreira também a gente vem se empoderando e criando cada vez mais força porque cada vez mais a gente vem incentivando e eu acho que com com o crescimento das redes sociais também esse apoio eh de lugares diferentes vem vem fortalecendo a nossa luta sabe o nosso povo eu vejo muito a gente se apoiando de longe a gente se incentivando de longe eu recebo muito apoio assim de de parentes de outros territórios de territórios que eu nunca pisei mas que falam: "Caramba é isso vamos a gente tá junto" e tem tem sido de extrema importância a gente ocupar esses lugares por muito tempo eram pessoas se apropriando das nossas narrativas e distorcendo as nossas histórias sabe distorcendo a nossa cultura distorcendo a nossa luta mesmo eu acho que a nossa nossa luta é muito invisibilizada e continua sendo ainda é muito pouco claro que cada vez mais a gente tem conquistado espaços mas ainda é muito pouco quantas pessoas indígenas eh em espaço de protagonismo as pessoas conhecem né quantos atores indígenas você tem assim de referência quantos eh quantos professores médicos quantos cantores indígenas você escuta então ainda é muito pouco para pra gente tem sido cada vez mais prazeroso essas conquistas mas ainda é muito pouco ainda tem muito a se fazer ainda tem uma mudança muito longa um percurso muito longo a se a se percorrer né mas acredito que cada vez mais a gente tá tá conseguindo aos poucos chegar lá sabe é isso pessoal nosso papo chegou ao fim mais informações na nossa coluna de entretenimento sigam nas nossas redes sociais o Metrópolis e é isso um abraço [Música]

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